Capítulo 9 - O que as sombras escondem?

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Música: Medo - Pitty

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Sonhei com um templo abandonado, cheio de pilastras destruídas, as paredes desgastadas pelo tempo e em algum lugar ecoava o som de correntes que me chamavam a atenção. Caminhei por algum tempo seguindo o som do metal se movimentando, até me deparar com um salão gigantesco, com pilastras de mármore onde tinham entalhes de deuses gregos em cada pilastra e ao fundo do salão, uma pessoa acorrentada. Ao me aproximar, notei que era Izack, acorrentado.

- Izack! - Gritei, tentando me aproximar, mas ele parecia não me ouvir. - Izack! - Repeti, apressando o passo quando sombras surgiram me segurando como se fossem linhas. - Me larguem! Izack!!! - As sombras acabaram me derrubando e a sensação foi como cair em um portal de sombras.

"Traidora."

"Você me abandonou"

"Eu me sacrifiquei por você, Julie"

"Você não pode salvar a todos, filha de Atena."

"Nem sempre eu estarei por perto".

Diversas vozes falavam ao mesmo tempo, até que tudo cessou e caí no que pareceu o mesmo templo, me levantei, olhando ao redor e não havia mais sinal do semideus. Eu estava sozinha mais uma vez naquele lugar abandonado.

O som de patas me chamou a atenção e virei-me, olhando para um dos cantos escuros do templo, percebendo um lobo surgir das sombras correndo na minha direção. Comecei a caminhar de costas e para minha surpresa, bati na parede atrás de mim onde tinham espelhos enormes. Eu jurava que estava longe de qualquer parede, então como cheguei tão perto dela?

Pelo reflexo eu vi os olhos vermelhos fissurados em mim e quando voltei a olhar para frente, o lobo pulava na minha direção, acertando as patas no meu peito e me jogando contra o espelho que quebrou em dezenas de pedaços e nós dois caímos juntos nas sombras.

A queda não durou muito e logo caí no chão frio outra vez. Me levantei cansada, procurando o lobo, mas ele não estava mais ali, eu não estava machucada e nem cacos do espelho havia. Tudo estava vazio, mais uma vez.

Caminhei pelos corredores, notando que cada vez ficava mais escuro, olhei para trás e o caminho que eu havia percorrido não tinha mais iluminação. Levei a mão ao bolso da calça, mas meu broche não estava lá.

- Lux!! - Tentei invocar a espada, mas nada. Estava sozinha e sem qualquer arma. Eu queria acordar logo daquele sonho, mas não tinha muitas opções.

"Você irá cair, guardiã"

- Quem está aí? - Perguntei tentando enxergar alguma coisa, mas tudo virou um breu.

"Acha que pode salvar seus amigos? Você está presa aqui!"

- Eu vou sair desse lugar!! - Gritei tentando achar algum ponto iluminado, dar alguns passos, mas tudo não passava de escuridão e parei de caminhar.

- Ninguém vem te ajudar... - Uma voz sussurrou no meu ouvido e me virei rapidamente, mas eu não enxergava. - Você está sozinha aqui, semideusa. - Virei para o outro lado e nada.

- Não... eu nunca estou sozinha. - Respondi. - Quem é você?

- Hahahaha. Quem eu sou? - Eu consegui identificar que era uma voz feminina. Uma mulher. - Você deveria se preocupar em acordar.

Comecei a sentir sombras segurarem meus pés outra vez, me prendendo.

"Lembre-se filha..." Era a voz do meu pai. A lembrança da batalha contra Cronos voltou em minha mente. "Lembre-se de sentir seu poder." Fechei meus olhos, me concentrando no poder de Lux dentro de mim. Tentei me acalmar, procurando a conexão com o cristal enquanto sentia as sombras grudarem nas minhas pernas.

Profecias - O Legado dos DeusesOnde histórias criam vida. Descubra agora