Dummm...
4 segundos depois:
dum dum...
Assim tocava
O sino da igreja.
E o toque tocou minha alma
Que despertou a pensar:
"Esse toque parece com a morte"
(Pois sempre que algum enterro saía da igreja, o sino tocava)
Essa é a sina do sino...
Toca sino,
tocasse no que sinto.
Sinto-te sino
Não és assassino
Esse sino assassino.
Não.
Assassina!
É essa sina.
Que me deixa a pensar:
"Que um dia ouvirei o sino a tocar, abrirei os meus olhos e não vou ver nada além do escuro, ouvirei aqueles passos a se arrastar, pés tristes à caminhar, caminhando pra frente, mas querendo voltar, vejo vozes todas juntas a cantar, a cantiga das palavras visíveis soltas no ar, tão amáveis por aí a voar, numa tentativa falha de consolar; e lá ao longe escuto olhos à derramar tantas lágrimas que me vejo num mar, penso se soubesse nadar pudesse também me salvar, pelo menos remar até a praia dos olhos que estão chorar...
Me sacudo dentro do caixão tentando voltar, balanço meus braços pra lá e pra cá, braços de embaraços que me apertam num abraço que mais parece um laço que me faz imóvel ficar, não há o que fazer pra lutar com certeza de gente que me arrasta como correnteza pro fundo do mar.
Com certeza, contra correnteza não dá pra lutar!
Correnteza
Com certeza
É a sina da morte
Nos leva, nos arrasta
Pra o fundo do mar.
Não sou marinheiro!
Nem ao menos pescador!
Quem me dera ser pescador agora
Pescava a vida de volta do mar...
-Acorda, levanta da cama!
Estou vivo agora
Mas não quero acordar
Não sei se acordo
Fiz um acordo,
De fazer sempre aborto
Do que estou a pensar
Tudo que tenho dentro
Tenho que pra fora botar!
Como se fosse uma espécie de vômito,
Ou pra ser mais bonito: "uma flor a brotar."
(t.l)