Capítulo 4: Um para a estrada.

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  Uma semana havia se passado desde o jantar na casa de Dake e Stacey Pitcher , desde então a família de Violett se encontrava com o casal todas as noites para programas que eles consideravam "divertidos". Coisas como passar noites em cafeterias já haviam se tornado hábito entre as duas famílias. Nathan havia se tornado presente em todos esses encontros, assim como Victoria, que já era parte da família. Os dois haviam se dado muito bem, apesar dos poucos anos de diferença, os dois eram tão diferentes e tão iguais ao mesmo tempo. Aliás, era sobre isso que Violett e a amiga conversavam nos corredores do Stockbridge High School enquanto se encaminhavam para seus armários.
Violett ajeitava a saia preta de uniforme em seu quadril, reclamando da falta de conforto da peça, e Victoria apenas assentia com a cabeça, completamente aérea. A Ruiva cutucou a amiga, que a olhou confusa.
— Você tá bem? — Violett perguntou, franzindo as sombrancelhas.
— Sim, eu só... — A garota respirou fundo antes de continuar, olhando fixamente para a porta de metal vermelha de seu armário, onde havia uma pequena placa com o numero 504. — Eu tive um sonho noite passada. — Violett, que estava completamente atenta à combinação do armário 505, que pertencia a ela, desviou os olhos do pequeno cadeado e virou-se para a amiga.
— Tá esperando o quê pra me contar?
— Ok. — Victoria riu. — Eu preciso me sentar antes.
— Tudo bem.
As garotas seguiram pelo o corredor após pegarem seus pertences em seus armários, entraram na primeira sala que encontraram, o auditório. As cadeiras estavam vazias e seus assentos estavam levantados, o palco estava ainda decorado com o cenário da última peça de teatro, parecia que havia algum tempo que ninguém entrava ali. Violett e Victoria subiram o palco e se encaminharam para a pequena sala que era usada como camarim, se sentaram no sofá preto de couro, meio desgastado, que havia no pequeno cômodo. Violett olhava a amiga, inquisitiva, demonstrando curiosidade.
— Então... — A Ruiva disse, gesticulando para a amiga desembuchar logo.
— Bom, não foi nada obsceno, se é isso que você está querendo ouvir. — Violett fez um biquinho desanimado e a Morena riu da amiga. — Só... Sonhei com o Nathan. Era um sonho e ele estava lá. — Desapontador esse sonho, hein amiga.
— O que eu achei engraçado foi que, desde quando meu despertador tocou essa manhã, eu não consigo tirar ele da minha cabeça. A voz dele, os olhos, a boca... Amiga! Me ajuda.
— Já sei o que a gente pode fazer. — Violett falou, colocando a mão no queixo, pensativa. — Passa na minha casa às oito. — Disse, levantando-se e caminhando até a saída da pequena sala. Parou na soleira da porta e, olhando por cima do ombro,
Violett pediu: — E se apronte, fique bem bonita, por favor.
— O que? Pra quê? — Victoria gritou, mas a amiga já não estava no recinto.
As horas se arrastaram até, finalmente, os ponteiros do relógio marcarem oito horas. Violett terminava de se arrumar em seu quarto quando Victoria, num rompante, abriu a porta do quarto da Ruiva. A Morena usava um vestido vinho - no mesmo modelo do vestido preto que Violett vestia - e sapatos nude, parecendo uma versão mais feminina da amiga, que usava botas de cano baixo e saltos plataforma na estampa de oncinha. As meninas deram uma última olhada no grande espelho e desceram as escadas, cuidadosamente para não atrair a atenção dos pais de Violett.
— Onde estamos indo? — Questionou Victoria, que entrava no taxi ao lado da melhor amiga.
— Ah, deixa eu te perguntar uma coisa. — Violett olhou para a amiga, levantando as sobrancelhas. — O que geralmente você faz numa sexta-feira, à noite?
— Ahn... Fico em casa? — A garota respondeu, mas não parecia ter certeza de sua resposta.
— Exatamente! — Violett segurou os ombros da amiga e a sacudiu gentilmente. — Porém hoje, minha cara, nós vamos nos divertir um pouco.
O taxi havia deixado as garotas na frente de um pub com um enorme letreiro neon escrito "Wildfire", uma música com pesadas linhas de baixo podia ser ouvida mesmo do lado de fora do local. Violett foi à frente, guiando Victoria para dentro de uma enorme sala com paredes vermelhas e um cheiro fortíssimo de cigarros misturado com o cheiro de álcool. Ao chegarem perto do bar, um bartender com aparência jovem perguntou-lhes suas idades, mas não pediu documentos e lhes trouxe duas doses de uísque. Victoria bebericava sua dose devagarzinho, enquanto Violett já havia bebido todo o líquido e já pedia outra dose.
— Oh, vai com calma aí, mulher! — A Morena a repreendeu e Violett apenas sorriu de lado para a amiga.
— Vamos cantar no karaokê? Vamos! — Violett nem esperou a amiga responder e já estava a puxando até o pequeno palco que era bem em frente ao bar. As duas subiram os três degraus e, enquanto Victoria escolhia a música, Violett observava as pessoas que estavam ali. Um homem muito familiar estava sentado no bar, conversando com outro rapaz, exatamente onde Violett e Victoria estavam há poucos minutos. Violett reconheceu o perfil de seu vizinho quase imediatamente. Vestindo uma jaqueta de couro e jeans, estava completamente irresistível, e seu amigo, Nathan, estava tão atraente quanto.
A introdução da famosa música de Lana Del Rey, Born To Die, dominara o ambiente. Os olhos de todos no local estavam voltados para as duas garotas no palco, Victoria cantava a primeira parte enquanto Violett fazia uma coreografia desajeitava e arrancava algumas risadas de sua amiga. A canção era um pouco lenta, então num lampejo de genialidade, Violett trocara de música no meio de uma frase, assim como fazia quando ouvia música em seu celular. Logo as pessoas começaram a se animar ao som de Let Get Started , do Black Eyed Peas. Victoria não sabia cantar essa, portanto Violett teve que fazer o trabalho sozinha enquanto a amiga descia do palco para assistir a Ruiva pagando um mico daqueles. A garota cantava com os olhos fixos em seu vizinho, que estava sentado no bar, observando a garota e até mesmo sorrindo para ela. Victoria, que a pedidos da amiga fora buscar mais uma dose de uísque, estava parada ao lado de Nathan, conversando energeticamente com o rapaz.
Quando a música acabara, varios aplausos foram ouvidos e Violett desceu do palco, indo em direção ao bar. Victoria ria de algo, Nathan virava uma dose de tequila e mexia distraidamente em seu copo de uísque. Os olhos Azuis do rapaz traziam um brilho diferente, Nathan o olhava, seu olhar cheio de preocupação.
— E aí? — Violett cumprimentou, tentando parecer indiferente.
— Vocês não são muito novas para estarem aqui? — Nathan perguntou, sorrindo maliciosamente para as meninas.
— Como se você nunca tivesse entrado num bar antes dos 21, Dake... — A Ruiva suspirou e sentou-se entre os rapazes, chamando o barman e apontando para seu copo. — Então... O que vocês fazem aqui?
— Nós... Hum... — pigarreou, sentindo-se desconfortável com o rumo da conversa. — Stacey foi embora. Quero dizer... Nosso casamento acabou.
Violett arregalou os olhos e lançou um olhar para Victoria, que cobria a boca com a mão. Nathan bateu amigavelmente nas costas do amigo, que sorriu tristonho.
— Então, eu, como um bom amigo, o trouxe pra ele encher a cara e esquecer tudo isso. — Nathan disse, levantando-se num pulo e caminhando até o palco.
— Cara, o quê você vai fazer? — gritou, fazendo o amigo se virar para olhá-lo.
Dake sorria, arqueando uma sobrancelha, enquanto tentava segurar o riso. — Ai meu Deus. — Murmurou.
A introdução de The Final Countdown começou e , Violett e Victoria gargalhavam alto com a escolha de música do Nathan. A coreografia descoordenada mais as desafinadas do rapaz arrancavam gargalhadas do povo. finalmente se sentia mais leve, o homem gargalhava com as meninas, já com a mente vazia de qualquer tristeza.
Já eram duas e quinze da manhã e eles ainda estavam no pub. Victoria havia ido ao banheiro, Dake estava por aí atendendo uma ligação, enquanto Violett terminava sua dose de uísque e fazia o mesmo.
— Pede outra dose pra mim, eu já volto. — Violett pediu, levantando-se, e assentiu com a cabeça. A garota caminhava entre as mesinhas, tentando não esbarrar em ninguém, porém seu esforço fora em vão, já que esbarrara em um casal. Separando-se de um beijo apaixonado, o rapaz olhou para trás e sua expressão passou de surpresa para vergonha e surpresa outra vez. Violett, por sua vez, tentava esconder o sorriso que tentava aparecer.
— AI MEU DEUS, EU NÃO CREIO! — A Ruiva gritava para Victoria e Nathan, que tinham os olhos arregalados. O casal abriu a boca para dizer alguma coisa, mas Violett já havia andado a metade do caminho até .
Ao chegar perto de , Violett sentou-se, o sorriso congelado em seu rosto. O rapaz a olhou, franzindo o cenho, claramente confuso.
— Você foi rápida. — O rapaz comentou e Violett nada disse. tocou no braço da garota, que se virou para ele. — O que houve? Por que você tá sorrindo desse jeito, meio psicopata? Violett soltou uma gargalhada e segurou no braço de Dake, parando de rir para o olhar com os olhos Azuis bem arregalados. — Adivinha com quem eu esbarrei bem na porta do banheiro feminino. — Violett desafiou, ainda sorrindo. adquiriu uma pose de pensativo e a garota só fazia rir da expressão dele. — Anda, !
— Desisto. Em quem você esbarrou?
— No Nathan... — fez cara de desentendido, não conseguindo entender o motivo de Violett ter achado interessante ter esbarrado no Nathan. Mas a garota havia apenas dado uma pausa dramática. —... Que estava com a língua na boca da minha melhor amiga! — O rapaz a olhava com os grandes olhos Azuis arregalados, a boca em formato de 'o', completamente surpreso. — Sim! Essa foi a minha reação!
— Meu Deus! — ria como uma criancinha, batendo palminhas e Violett ria dele. Ele se aproximou da garota e, apoiando-se nela para não cair, sugeriu: — Vamos sair daqui?
A respiração de Violett prendeu-se em seus pulmões, a garota estava totalmente sem reação e, ter tão próximo dela, não ajudava muito.
— Aonde você quer ir? — Violett perguntou, sua voz saindo tão fraca quanto um sussurro.
pensou por alguns segundos e, em um pulo, levantou-se e ajudou Violett a levantar-se também, puxando-a pelo pulso.
— Não vai me dizer aonde vamos? — negou com a cabeça, rindo abobalhado. — Sério,Dake ?
— Tá. — Ele suspirou, derrotado, e parou de andar. — Vou te levar pra casa.
— Oi? Me levar pra casa? — Violett o olhava, totalmente confusa, franzindo o cenho. sorriu de lado para a garota.
— Sim. — Ele deu uma pausa e continuou segurando o pulso da menina. — Vamos pra minha casa. A noite não pode terminar sem uma saideira, certo?  


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