Capítulo 8: A resposta.

25 4 0
                                    

Dake's POV  

  A luz amarela e fraca do abajur iluminava parcialmente o rosto de Viollet, a umidade em suas bochechas, causadas pelas lágrimas, cintilavam diante à luz. Estávamos no antigo apartamento de Nathan, ele estava à caminho, trazendo comida e produtos de higiene. Mas, antes, passaria na casa de Victoria para avisá-la que estava tudo bem e que, em breve, ela poderia ficar com Viollet.
Estávamos em silêncio por tanto tempo, escutando apenas os estalos da luz da cozinha, quando Viollet suspirou alto e abriu a boca para começar a falar.
— Começa a falar, Pitcher. — A voz de Viollet estava rouca e sufocada.
Soltei o ar, lentamente, e fixei meus olhos nela.
— O que você quer saber?
— Tudo.
Pensei bastante, respirei fundo e disparei a falar. Desde o começo.

Flashback

  Em uma sexta-feira, o dia estava incrivelmente nublado, nem um pouco diferente dos outros dias do ano. Mamãe já estava virando mais um copo de uísque, nem se importando com o fato de estar de manhã. Aquela era sua vida desde que o inútil do homem que me fez – aquele porra não merece o título de "pai", já que nunca se portou como um – a deixara por uma garota que tinha idade pra ser filha dele. Por mais que eu quisesse ficar ali e cuidar de minha mãe, era impossível. Ela não queria ser ajudada.
Passei pela cozinha rapidamente, sem olhar para trás. Porém mamãe havia me visto e logo havia me alcançado, me prendendo em seus braços.
— Querido, você não precisa ir... — Mamãe chorava, tentando me segurar pelos braços.
Me desvencilhei de seu aperto, andando até a porta, permanecendo – ou tentando – forte.
— Preciso sim, mãe. Não posso mais ficar aqui. — Suspirei, apertando as têmporas. — Olha a situação dessa casa!
— Só queria que nós fôssemos uma família, Dake! Você pode me culpar por tentar?
Abri a porta e dei uma ultima olhada para trás, mordi o lábio e segurei as lágrimas, apertando a mochila contra meu corpo.
— Adeus, mãe.

Virando a esquina, Nathan me esperava em seu carro para sairmos dali. Íamos começar uma nova vida em Los Angeles, tentar algo novo. Talvez virássemos atores, talvez montássemos uma banda. O futuro nos aguardava. Sorri para meu melhor amigo, entrando no carro, e ele acelerou o carro.
— Já comprei as passagens, Pitcher. Nosso voo sai em uma hora, dá tempo de chegar no aeroporto e comer alguma coisa. Tô morrendo de fome!
— Pra variar, né?! — Ri alto.
Parecendo coisa do destino, uma música com o refrão "California here we come" começou a tocar no rádio, aumentei o volume no máximo e passei a admirar a paisagem, pois tudo indicava que essa seria a última vez que eu passava por essa estrada.

Três semanas depois...  

  A cidade de Los Angeles era sempre tão ensolarada, tão diferente da velha Sheffield. Não conseguia compreender como eu havia passado dezessete anos da minha vida preso na Inglaterra, sendo que a vida estava ali, na Califórnia.Nathan ainda dormia, então me levantei do colchão, tomei um banho e saí para a cidade. O clima estava perfeito para a praia e, como morávamos perto do litoral, foi minha primeira parada.
Sentei-me na areia e fiquei observando tudo e todos. Um rapaz levava seu boxer pra passear, uma garota bronzeada e com cabelos muito loiros bebia pina-coladas com suas amigas... Tudo parecia perfeito.

— Dia incrível, né?
Olhei para o lado e vi, provavelmente, a garota mais sexy daquele lugar. Pele levemente bronzeada, cabelos queimados de sol, rosto anguloso e um corpo digno de uma boneca Barbie. Seus cabelos longos batiam em seu rosto, enquanto ela forrava a canga na areia, ao meu lado.
— Deixa-me adivinhar... — Ela falou, sentando-se. — Você não é daqui.
Abri a boca para responder, mas a garota não me deixou continuar.
— Não, me deixa adivinhar! — Eu ri, olhando-a morder o lábio inferior. — Inglaterra?
— Sim. — Sorri.
— Uh, sotaque! — Ela riu. — Londres?
A garota semicerrou os olhos, me encarando. Balancei a cabeça, negando.
— Sheffield.
Sua risada era meio exagerada, mas era aceitável.
— Lá em Sheffield, como eles te chamam?
— Dake. E aqui, como eles te chamam?
— Arielle.

Passamos um bom tempo ali, conversando e nos conhecendo, rindo e observando as pessoas na praia. Já começava a ficar escuro quando Arielle se ofereceu para me dar uma carona e, apesar do flat ficar ali perto, eu aceitei que ela me levasse até lá. No caminho, a conversa fluiu. Oh, e como fluiu! Quando dei por mim, já estávamos no apartamento, nos beijando. Logo estávamos no quarto, as roupas sendo atiradas para tudo quanto era lugar. Depois já estávamos...

Flashback Off  

  Viollet pigarreou, me interrompendo.
— Não preciso saber de todos os detalhes, Pitcher.
— Você disse que queria saber de tudo, imaginei que...
Ela me olhava com a expressão brava, séria, com as sobrancelhas arqueadas. Juro por todos os deuses que existem, e pelos que deixaram de existir, que a minha vontade era soltar uma gargalhada. Daquelas altas e escandalosas. Mas não era o momento, então só levantei os braços, em rendição.
— Ok, não precisa fazer essa cara.  

Flashback On

  As coisas com Arielle evoluíram rápido e, em poucas semanas do que se podia ser chamado de "namoro", descobri que eu seria pai. Foi um choque pra mim, pra nós dois. Eu não tinha como começar uma família, eu não tinha um emprego, eu morava no apartamento que Nathan havia comprado. Então me dei conta de que eu não sabia quase nada sobre Arielle, não conhecia sua família ou seus amigos, não sabia seus hobbies, bandas favoritas, só sabia que ela era modelo. Eu não a amava, ela era só mais uma.

Confesso que minha primeira decisão foi pedir para ela abortar, mas pensei melhor. Não era justo pedir isso pra ela. E se ela quisesse ter essa criança? Era uma escolha dela, eu não podia obrigá-la a nada. Meu papel era só ajudar Arielle com tudo que ela precisasse. Procurei Nathan antes de procurar ela, precisava conversar com alguém sobre tudo.
— Cara, a primeira coisa que você tem que fazer é conversar com ela e com a família dela. Falar que você vai assumir o filho, vai cuidar do bebê e da Ari, e esperar que eles não te matem.
— E se eles não aceitarem?
— Eles vão, Dake, não se preocupa. Olha essa carinha! — Nathan apertou minhas bochechas. — Você é adorável, sonho de todos os pais.
— Bom, então dê uma última olhada nessa carinha linda, talvez, quando eu voltar, ela não esteja tão adorável.
— Boa sorte, mate.
Respirei fundo algumas vezes antes de sair pela porta e ir até a casa de Arielle.  

Continua...

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: May 26, 2016 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

O Último de Nós.Onde histórias criam vida. Descubra agora