Capítulo XXIX

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Nada do que eu descobri depois da visita ao detetive Roger Damian era novo pra mim, nada além do que eu já esperava. Mesmo assim eu nunca me senti tão decepcionado em toda minha vida. Pela primeira vez, de fato, o meu destino estava em minhas mãos, gozado era não saber o que fazer com isso, apesar de ser bem óbvio. Meus olhos e mente se concentraram em pontos fixos insignificantes, um carnaval de pensamentos que não me diziam nada, assim eu flutuava para o distante. Por um segundo que cerrava os olhos era como se estivesse vivendo num pesadelo, desejava com toda minha alma que não fosse real.

Queria abrir os olhos e acordar com vinte e um anos de novo, não me casaria com Melissa de modo algum e não jogaria onze anos da minha vida no lixo, tudo seria diferente. E acabara por gerar mais um questionamento em mim. Se as coisas não tivessem acontecido do modo como foram, teria Bea de qualquer modo cruzado meu caminho? Como me arrepender de tê-la conhecido? Inconcebível! Desde o momento em que ela começou pelos cantos a fazer parte da minha vida eu tomei um novo rumo. Bea mostrou a mim o que era ser amado inocentemente, única mulher que nunca me tratou uma conta bancária ambulante, acolheu tanto minhas virtudes, que não são muitas, e meus incontáveis defeitos. Daquele segundo em diante eu parei de me arrepender de tomado as decisões erradas, pois foram as curvas tortuosas e estradas inseguras que me jogaram de cabeça nos braços dela.

Como de costume quando algo me afligia não consegui dormir naquela noite, ainda precisava saber por onde seria certo começar a agir e quando menos esperava amanheceu. Encarando o teto enquanto a luz que passava pelas brechas da cortina o clareavam ouvia atentamente a cada passo de Erika desde o momento em que acordou até sair para o trabalho, qualquer coisa me distraía. Por mais que precisasse eu não queria sair da cama, não queria ir trabalhar, muito menos voltar para casa onde teria que lidar com Melissa. Ficar ali como um vegetal me parecia uma grande opção.

-Nicolas, você não dormiu?- Tão absorto que nem percebi quando Bea acordou.

-Eu me sinto perdido.- Respondi automaticamente- Não sei ao menos por onde começar.

Suspirou lentamente enquanto se sentava, acariciou meu cabelo e rosto trazendo um pouquinho de tranquilidade a mim.

-Podemos começar um banho frio pra despertar.- Beijou minha boca e saiu da cama me puxando pela mão.

-Tem que ser frio?- Reclamei desanimado.

-Sim.- Tirou a minha camiseta que vestia jogando-a no chão do quarto- Bem frio!

Meus lábios esboçaram um sorriso malicioso ao olhar seu corpo nu. Respirei fundo cedendo a ela, só Bea pra tirar minha manhã do fundo do poço. Deixei para me despir quando chegamos ao banheiro, ela entrou no box já deixando a água cair e quando pôs a mão embaixo da água vi sua pele inteira ficar instantaneamente arrepiada junto com os bicos dos seios, me aproximei mas não tive coragem de entrar, então ela me puxou para dentro.

-Caralho!- Gritei- Eu vou congelar aqui!- E me esquivei da água.

-Acordado o suficiente?- Bea me olhou sorrindo se ensaboando tranquilamente.

-Sim.- Lavei meu corpo com muita pressa- Podemos sair agora?- Senti meus lábios começando a tremer.

-Você é muito frouxo.- Arqueou a sobrancelha com ar de superioridade

-Gosta de me provocar, não é?- Agarrei em sua cintura e sussurrei próximo aos seus lábios.

-Meu esporte favorito.- Sorriu massageando meu pescoço.

-Não deveria fazer isso.- Segurei seu queixo já fechando meus olhos.

-Quais os riscos?

-Uma punição seguida de uma foda com força.- Abri os olhos novamente desligando o chuveiro.

Just be Mine | Livro I | Série "Mine"Onde histórias criam vida. Descubra agora