O INÍCIO

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   Vítor Sans é meu nome. Tenho 20 anos. Sou filho de pais separados e o caçula de três irmãos. Após a separação dos meus pais ficamos apenas eu e minha mãe. Meus irmãos ficaram com meu pai, por interesses próprios.
   Meu pai é dono da maior empresa de transportes da ilha país em que vivemos, além de empresas em outros ramos. Nossa ilha país fica ao centro do que um dia foi o continente americano. Depois da grande catástrofe do aquecimento do planeta e o derretimento das calotas polares, muitos continentes foram praticamente dividos em ilhas. Não tenho ideia de como era o cotidiano das pessoas a 100 ou 150 anos atrás, mas pelo que já pesquisei em artigos antigos da nova rede, acredito que não seja muito diferente de hoje. E não gosto de como as coisas são.

   Com a separação dos meus pais, meus dois irmãos, Cristian o mais velho, agora com 29 anos e Bernardo o do meio, agora com 27 anos, foram viver com ele. Apenas pelo fato de que não queriam uma vida mais simples. Eles alegaram que com minha mãe não teriam as mordomias que meu pai poderia propicia-lós. Minha mãe sofreu muito com o abandono dos filhos. Mas sabia como eles eram. Mãe sempre sabe.
   Meu pai não nos deixou completamente desamparados. Ficamos com uma bela casa na terceira cúpula e minha mãe acabou assumindo o controle total de uma fábrica de tecidos e roupas, na qual ela já era sócia do meu pai, além de uma boutique na principal avenida comercial da terceira cúpula. Para mim não foi um grande susto vir morar aqui. Meus pais se separaram eu ainda era muito pequeno por isso só vejo a diferença entre a terceira cúpula e a primeira quando raramente visito meu pai.

   As cúpulas são como bairros ou condomínios que existiam antes da grande catástrofe de inundações. Nelas, além das mansões e casas também há comércios, escolas e hospitais para seus moradores.

   A primeira cúpula é destinada apenas aos milionários, ao nosso governador e seus ministros. Claro meu pai mora lá, pela fortuna e pelo império que ele levantou em mais de quarenta anos trabalhando com o transporte de cargas​ e outros investimentos. Seus navios transportam cargas comerciais entres as grandes ilhas. Desde alimentos a veículos de locomoção local. Não sei muito sobre as empresas dele, mas a imprensa diz que ele é mais poderoso que nosso governador.

   A primeira cúpula é a mais imponente e bonita, localizada no alto de uma colina. O ponto mais alto da nossa ilha país. Tem avenidas largas e arborizadas, onde os milionários desfilam em seus aerocars e aerociclos de última geração. Também é de lá que nosso governador e as forças especiais controlam e monitoram toda a ilha país 12. A segunda cúpula é destinada a artistas. Inclusive artistas de outras ilhas que tem suas mansões de férias aqui na ilha país. Até já conheci alguns em uma das festas que de vez em quando meu pai realiza, com a presença do nosso governador e alguns ministros. A terceira cúpula é onde eu moro com minha mãe. Meu pai deixou uma grande casa para nós, com um grande jardim e piscina, além de uma ampla garagem onde passo boa parte do meu tempo montando, desmontando e arrumando um veículo de locomoção local com rodas que adquiri em uma das minhas visitas em um ferro velho de sucatas na quinta cúpula. Temos apenas duas empregadas. Minha babá, que cuida de tudo para minha mãe e ainda cuida de mim e a nossa governanta, que cuida de todos os afazeres da casa. Algumas pessoas tem andróides ou robôs como empregados, mas minha mãe é avessa e isso. A quarta cúpula é onde moram os empregados das cúpulas mais altas. Empregadas, jardineiros, motoristas, agentes das forças especiais, entre outros. Poucos moram na casa dos seus empregadores. A quinta cúpula é o destino dos que fazem tudo funcionar na ilha país, todo tipo de empregado dos mais diversos ramos de indústrias. A quinta cúpula já não é tão bonita como a primeira, segunda e terceira cúpulas, pois todas as fábricas e indústrias estão localizadas ali. A sexta cúpula é onde quase ninguém quer ir. É o lar dos pobres e esquecidos pelas cúpulas mais favorecidas. Dizem que lá os hospitais vivem em situações precárias e as crianças não tem estudos, pois nenhum mestre tem coragem de dar aulas lá. Acho isso muito errado. Somos todos iguais portanto todos deveríamos ter as mesmas condições de moradia estudos e alimentação.
Eu e minha mãe temos o mesmo pensamento talvez por isso sempre nos entendemos. Ela não gosta de chamar os trabalhadores da fábrica de empregados, ela os chama cada um pelo nome e eu também quando vou ajuda lá. Isso fica fácil pois ela faz questão que todos tenham seus nomes bordados em seus uniformes. Temos que tratar todos de igual para igual foi o que ela me ensinou.
Temos livre acesso a todas as cúpulas assim como todos da primeira e segunda. Porém moradores da quarta, quinta e sexta cúpulas só podem entrar na primeira, segunda e terceira se forem empregados ou se estiverem acompanhados de moradores. Caso contrário a entrada é proibida e havendo uma invasão são condenados a duras penas na pequena ilha prisão ao sul de nossa ilha país 12.

NOVA RAÇA - CODINOME: IGOR (Concluido)Onde histórias criam vida. Descubra agora