Capítulo Vinte e um: Londres 2.0

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Eu estava preocupada. O médico tinha dito que o estado de Sofia era muito reservado.

"Ela pode acordar a qualquer momento: hoje, amanhã ou até mesmo nos próximos meses."

Eu odiava aquele médico. Talvez se fosse outro medico qualquer eu iria odiá-lo de qualquer maneira.

Ele não queria ninguém perto de Sofia. "Já tiveram o vosso tempo por hoje." Que irritante.

Acabei por ser tirada à força do quarto hospitalar por Michael.

O ar do hospital deixou-me aborrecida e cansada. Caminhei até à maquina de café, uma das muitas que havia no edifício. Quando me deparei com a mesma, coloquei umas quantas moedas clicando depois num numero qualquer. Desde que saísse café eu poderia expressar um pouco de felicidade.

Suspirei com a quantidade de tempo que esperei por algum sinal de gotas. Já tinham passado uns bons trinta segundos e nada de café no copo.

Dei um chute na porcaria da maquina e deixei-me cair no chão.

-Sara? -não vou mentir. Ouvir a voz de Luke agora sabia bem, assim como ouvir seus passos que se aproximavam rapidamente. Senti algo de magico quando a sua mão pairou gentilmente sobre o meu ombro. Eu devo ser uma pessoa horrível. Sentir coisas fantásticas enquanto a minha amiga está mal é algo horrível. -Vai correr tudo bem. -Luke disse num abraço.

-A porcaria da maquina não funciona. -falei abafada no seu ombro. Um sentimento de culpa invadiu o meu corpo assim como uma enorme vontade de chorar. Nunca deveria ter aceitado aquela estúpida ideia de nos esconder-mos no autocarro. Sofia poderia estar bem neste momento. -Quem é que eu quero enganar? Eu nem gosto de café. -confessei lembrando-me do sabor amargo da bebida. -Eu estou cansada.

-O Michael disse que podíamos ir para o hotel. O hospital liga-nos quando houver noticias.

-Eu tenho de ficar. -disse separando-me do mais velho.

-Não sejas idiota. -ele levantou depois de mim. -Tu vais descansar e é agora.

-Como assim? -olhei-o com receio.

Eu até podia ignorar o facto de ter estado nos braços de Luke à minutos atrás mas isso implicava esquecer-me do acidente de Sofia. E isso era impossível de esquecer.

-Mesmo sabendo que um dia a vida acaba...Nunca estamos preparados para perder alguém.

-Melodia do Adeus? -olhei para ele que sorriu.

-Fui apanhado. -Luke suspirou. Lembrei do filme por uns instantes.

-Talvez seja melhor teres as tuas próprias frases. -ri fraco.

-Talvez.

Depois de me trazer até ao hotel Luke insistiu levar-me até à cafetaria do mesmo. Eu podia até perguntar o porquê mas neste momento não consigo pensar sobre isso.

-Estas melhor? -ele perguntou bebendo um pouco de água depois. Tanta coisa para beber e ele escolhe água?

-Eu já parei de chorar à algum tempo. -disse brincando com os cubos de gelo do meu copo usando uma palhinha.

-Eu reparei. -sorriu torto. -Mas não é essa a resposta à minha pergunta.

-Eu estou bem. Mas preferia estar no hospital. -suspirei. -Devia ser eu no lugar da Sofia.

-Não sejas parva. E ela vai ficar bem.

-Até parece que és medico.

-Eu sou o Dr. Fluke. -deixei escapar uma risada (nada mais que isso) com o comentário de Luke.

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