A médium

4. Wake up, see the future and get prepared

Acordei desnorteada. Eu sentia como se estivesse tudo girando e estava receosa em abrir meus olhos. Conseguia sentir meus pulsos presos mas também também sentia que estava deitada em alguma superfície macia, como uma cama.

Tomo coragem e abro meus olhos, demorando alguns segundos para ajustar meus olhos à escuridão do cômodo quando vejo o ser esguio que me prendeu perto de mim, me observando.

— Por que me prendeu? - disse tomando coragem.

— Era preciso. - disse o ser pálido sem enrolação.

— Quanto tempo estou desacordada? - disse temendo estar naquela situação por tempo demais.

— A pouco tempo, apenas por meia hora. Agora são três horas da madrugada... Você sabe o que acontece a essa hora, certo querida?

— É a hora em que os espíritos malignos dominam, eu sei. Você resolveu me chamar a essa hora com tudo arquitetado né? O que eu fiz para que tudo isso acontecesse? - disse de uma vez, sem enrolação. Eu precisava de respostas e sentia que não tinha muito tempo.

— Eu não vou te machucar Vallentine, eu não gosto de médiuns, mas gosto de você. Eu estou aqui para te ajudar mas não poderia deixar você entrar na casa acordada e em alerta. Venha, preciso te mostrar algo. É de suma importância que você mantenha o controle, do seu dom e de sua mente. - disse ele fazendo um movimento com suas mãos, fazendo com que seus braços fossem libertos e ela conseguisse se mexer.

— Me siga e lembre-se, não perca o controle. Essa foi a única hora que você poderia vir aqui, mesmo que seja um pouco perigoso pelos espíritos. - disse ele se referindo aos espíritos maus e se movendo rapidamente sem olhar para trás e me esperar.

Slender nunca me fez mal, e ele sempre teve a oportunidade por eu ser desatenta e fraca comparando o meu poder ao dele. Voltei a minha atenção para onde slender me levava. O corredor por onde passávamos era largo e possuía várias portas, indicando que haviam muitas pessoas, seres, morando lá.
Logo chegamos ao cômodo desejado pelo "homem" esguio. Agradeci mentalmente por ele não ter somente se teletransportado, me levando junto com ele. Isso é realmente algo que eu não aprecio por causa do enjoo como efeito colateral.

Adentrando a sala, vejo que ela não é nada mais que uma biblioteca e logo me sento na cadeira indicada por Slender Man.

— Eu preciso que você repita o que eu vou falar. Isso vai fazer com que você veja o que vai acontecer daqui a exatos cinco anos. Eu sei que não exatamente o indicado mas você precisa estar preparada para tudo o que vai acontecer por que eu temo não conseguir te ajudar o suficiente. Você vai estar quase que sozinha nessa Mara. - disse ele com um ar preocupado e sombrio. — Repita comigo sun.

— Ad sonitum casus sol nox esset. Si corpus omnino male vult defendere menseger replete terram. - Eu disse após Slender entrar em minha mente e sussurrar as palavras para mim.

Após recita-las minhas costas arqueiam involuntariamente enquanto meus olhos reviram fazendo-os ficarem totalmente brancos. Minhas mãos agarram os braços da cadeira que eu estava sentada e tudo fica escuro até as imagens aparecerem mais claramente em minha vista.
Acho que agora entendi o que ele quis dizer com me ajudar e eu estar sozinha.

Em algum lugar, setembro de 2020, cinco anos no futuro

Minhas mãos estão amarradas atrás do meu corpo. Tento me soltar mas tufo o que consigo fazer é prender a circulação do sangue em meus pulsos e machucá-los.
Mudo de estratégia e tento mexer minhas pernas mas fico frustrada quando logo percebo que elas estão presas também. Ouço um suspiro de dor por perto e tento enxergar quem estava comigo no cômodo frio e escuro, me assustando quando vejo que é meu irmão, seus amigos e Arthur.

— O que aconteceu gente? Vocês estão bem?
Pergunto em vão. Eu sei que eles não estão bem. Minha visão se ajusta aos poucos ao lugar com pouca luz e logo vejo Harry estirado no chão ao lado do louis que está com os joelhos contra o peito, enquanto se balança e sussurra repetidamente que tudo é um sonho e nada daquilo estava acontecendo.
Viro para outro canto e vejo Arthur com uma marca de bala na testa. A visão me enjoa e me deixa atordoada, fazendo com que eu tente encontrar outro lugar para olhar, vendo liam e niall mutilados no chão. Todos estão mortos a minha volta, menos Louis. O que está acontecendo?

— Louis, você tá desamarrado, vem cá e me tira daqui, a gente precisa sair. - disse desesperada e quase gaguejando.

— É só um sonho, é só um sonho. Ninguém morreu, estamos bem, é um pesadelo. Acorda, acorda, acorda. - Louis disse soluçando, balançando e tremendo. Ele está em choque.

— Louis, vem aqui agora antes que a coisa que fez isso com eles venha pegar a gente também. Eu sei que você está assuntado, o meu namorado, meu irmão e meus amigos estão mortos. Você é o único que sobrou. Eu posso tentar fazer com que eles voltem mas eu preciso sair daqui primeiro para isso. Eu preciso chegar até a floresta e preciso proteger a Emily.

— Você não entende Mara, foi a Emily que fez isso tudo. Eu sempre soube que devíamos ficar longe daquela criaturinha possuída pelo mal. É tudo culpa dela. - disse ele com ódio e dor.

— A Emily é apenas uma criança de doze anos, ela não poderia fazer isso a menos... a menos que estivesse possuída por Ele! - eu disse conseguindo ligar os pontos e entender mais o que estava acontecendo.

— Quem é ele Mara? - Louis disse com medo.

— Aquele que é temido por todos, o rei no inferno, que controla os mais fracos para espalhar o mal e caos pelo mundo.

— Rei do inferno? Você quer dizer o diabo? - disse Louis começando a se levantar.

— Mais conhecido como Zalgo, o irmão do Slender Man. - eu disse enquanto era solta por Louis.

— A gente precisa dar um jeito de concertar isso tudo. Eu sei como fazer com que eles voltem mas pra isso vamos precisar do único que não teme zalgo.

— Slender? - disse Louis tentando entender meu raciocínio.

— Não, precisamos daquele que é a verdade e a vida. Deus. - eu disse enquanto escalava a parede para pular a janela. Não é como se fôssemos sair pela porta da frente.

A minha mão que fazia força para segurar o braço da cadeira perde a força quando meu corpo relaxa e meus olhos voltam ao normal. Fico ofegante, é como se essa visão tivesse tomado todas as minhas energias.

— Você não pode falar o que viu para ninguém Vallentine, o futuro é traiçoeiro. Se sabem sobre ele, ele muda para o pior e vocês sofrerão as consequências disso. - Ele disse me avisando quando me viu pegando o celular.

Havia pouco sinal de celular naquela profunda floresta mas o pouco que tinha serviu para eu conseguir ligar para o meu irmão.
— Niall? Eu preciso que você e os meninos tirem uma folga, um Hiatus da banda. Eu não posso falar sobre o que vai acontecer mas você precisa confiar em mim. Você precisa falar para os meninos do meu dom, eu não posso deixar aquilo acontecer. - eu disse para o meu irmão mais velho num tom enigmático mas tendo certeza que ele me entenderia.

Desligo o celular. Preciso me preparar para ir ao colégio e agir como a garota de dezesseis anos normal que eu finjo ser. O futuro é inevitável, tudo o que eu posso fazer é me preparar.

Me levanto me preparando para ir embora quando Slender começa a fazer o som agudo agora conhecido por mim soar na minha mente. Vou me abaixando por instinto para tentar me proteger enquanto seguro as orelhas e estão por cima do som escuto Slender disse que isso era para o meu bem antes de apagar.