Capítulo 2

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Elise pega o metrô, Pedro está sentado no mesmo banco do dia anterior. Não há lugar livre para ela se sentar perto dele. Senta em um banco longe dele, o encara por alguns segundos, se pergunta se ele a esta vendo. Ele levanta a cabeça, tira os fones de ouvindo, acena para ela, ela acena de volta. O metrô para, a mulher que estava sentada ao lado dele sai. Elise senta ao lado dele. Ela nota que ele está sério.

- Tudo bem?

- Sim...

- O que você ta ouvindo? - Pergunta ela.

- The Kills, gosta?

- Sim.

Ele coloca um fone no ouvido dela. Ele começa a bater no banco com o ritmo da música.

Seis meses depois.

Elise e Pedro começam a ficar amigos graças ao gosto musical em comum dos dois. Elise descobriu algumas coisas sobre a vida dele, ele era desenhista, morava com sua mãe que estava no estágio grave de câncer de pulmão. Seu pai era casado com outra mulher e ele não se dava bem com ele. Elise contou sobre a dela, não morava com os pais desde os vinte, e queria loucamente se casar com Felipe.

- Como ele é? - Perguntou se referindo a Felipe.

- Ele é o que a minha amiga Gisela chama de ''coxinha''. A família dele é de médicos, e eles são muito ricos. Ele passou a infância em Nice, na França. Quando eu estou com ele eu percebo que nós realmente somos diferentes. Ele faz coisas como jogar golfe e participar de leilões de vinhos, mas eu já me acostumei.

- Ele é um mauricinho.

- Sim, mas eu gosto até dos defeitos dele.

- Sabe... Eu sei que vai me achar uma idiota por dizer isso, mas desde a primeira vez que eu vi ele eu soube que era com ele que eu devia me casar.

- Ele se sente da mesma forma? - A pergunta de Pedro de alguma forma afetou Elise, ela nunca havia pensado em como Felipe se sente, será que ele a amava? Ou só gostava dela? - Elise? Me desculpe se perguntei algo íntimo.

- Não, tudo bem... Eu só... Nunca pensei sobre isso.

Elise passou o dia todo na universidade elaborando seu TCC. A noite se encontrou com Felipe e foram a um restaurante.

- Então ele disse: ''Não me importa o que você acha, você deve fazer o que eu mandar''

- A residência não é fácil né? - Comentou Elise enquanto olhava a carta de vinhos. Então desviou o olhar para Felipe.

A verdade era que desde o que Pedro disse no metrô ela não conseguia pensar em outra coisa, e então em um impulso vomitou todas as perguntas que queria fazer a Felipe e não fazia para evitar discussões e climas.

- Você me ama? - Felipe arregalou os olhos para ela.

- Por que está perguntando isso assim do nada? - Ele apertou a mão de Elise que estava em cima da mesa. - Aconteceu alguma coisa?

- Me responde - Disse tirando a mão dele.

- Claro - Disse rindo enquanto olhava para o prato que o garçom havia acabado de colocar em sua mesa.

''Então porque não me pede em casamento?''. Elise não disse aquilo em voz alta. Queria muito, mas não disse.

Felipe voltou para o hospital. Elise dormiu pensando naquilo, mais do que gostaria, o ''claro'' de Felipe foi a coisa mais inconsistente que Elise já ouvira.

No dia seguinte quando Pedro saiu do metrô Elise viu algo caindo de seu bolso. Ela o chamou, mas ele não ouviu. Era um celular. Na tela de bloqueio tinha a foto do cachorro de Pedro, um pastor alemão. Elise planejou entregar no dia seguinte.

Ela o procurou no dia seguinte, e no outro, e no outro depois desse. Elise se perguntou o que havia acontecido. Enquanto estava no trabalho desbloqueou o celular dele. Viu que havia um contato com o nome Casa, ligou para o número.

- Alô?

- É da casa do Pedro?

- Sim... Quem é?

- Sou eu... Elise - De repente Elise temeu que ele não se lembrasse dela, pensou que não devia ter nenhum significado em sua vida, e se incomodou com esse pensamento - A garota do metrô.

- Elise? Como conseguiu meu número?

- Então... Na última vez que te vi você deixou seu celular cair enquanto saia do metrô, não consegui te devolver. Ele está comigo, vi nele o número da sua casa e te liguei pra dizer que está comigo.

- Que bom... Pensei que havia perdido na rua.

Elise quis perguntar porque não o via mais no metrô, não perguntou.

- Sabe... Eu queria me encontrar com você - O coração de Elise acelerou - Pra pegar meu celular - Elise quase riu por ter se iludido - Mas eu não posso sair...

- Eu posso levar pra você.

- Mesmo? Não precisa...

- Eu quero. Me diz seu endereço eu te levo amanhã.

Elise teve um pouco de dificuldade de encontrar o endereço. Mas conseguiu encontrar a casa de Pedro que ficava no começo da rua. Ela tocou a campainha. Pedro abriu a porta e deu um pequeno sorriso ao ve-la.

- Entra.

Elise sentiu vontade de abraça-lo. Não sabia quando havia começado a gostar de Pedro e não sabia se estava apaixonada, mas sentia algo, muito afeto por ele, e preocupação.

- Tudo bem? - Elise perguntou.

- Todo mundo está perguntando isso nos últimos dias.

- Mas eu não estou perguntando por educação, eu quero saber como se sente, não sei o que aconteceu, mas eu sinto muito, mesmo.

Pedro a olhou como se estivesse cansado, então Elise abraçou ele, sentiu que devia fazer isso. Ela se sentiu aquecida, de uma forma que os cobertores ou Felipe não eram capaz, queria ficar ali pra sempre, sentindo as mãos de Pedro em suas costas, seu queixo em seu pescoço, seu cheiro... Quando ele a soltou e enxugou os olhos pediu licença para ir ao banheiro, Elise se sentou no sofá e notou que estava apaixonada, estava apaixonada por Pedro.


Crush do MetrôOnde histórias criam vida. Descubra agora