Elise achou que ele tiraria os olhos do livro finalmente. Que ele a olharia assustado e se ajoelharia pedindo pra ela não desistir deles. Mas ele não fez isso. Na verdade ele fez o hábito que mais irritava Elise nele, o de fazer pouco quando ela queria discutir a relação. Ele simplesmente tratava ela como se fosse uma adolescente na TPM. Talvez Elise tivesse a necessidade de discutir a relação mais do que devia mesmo, mas essa era uma característica da qual ela não conseguia se livrar.
- Sim, Elise... Sim... - Ele disse com um tom óbvio ainda lendo o livro.
- Eu não sei se estou...
- Você precisa achar uma atividade de lazer pra fazer - Disse agora a olhando nos olhos - Desde que terminou a faculdade só fica em casa. Por isso fica colocando paranóias na cabeça...
- Não é paranóia, Felipe!
Ele a olhou confuso.
Felipe se sentou ao lado de Elise na cama. Ele colocou os cotovelos nos joelhos e ficou olhando para o chão.
- Você foi meu príncipe encantado. Eu me apaixonei profundamente por você, e idealizei você como o homem da minha vida. Mas o romantismo acabou não é? Nós dois sabemos... Somos mais amigos do que marido e mulher. Eu sempre vou te amar, Felipe, mas não estou mais apaixonada por você.
- Elise... Eu te amo.
- Eu sei - Ela disse apoiando sua cabeça no ombro de Felipe - Eu espero que você seja muito feliz. Que vire um dos melhores médicos do país. Que seja muito bem sucedido e encontre uma mulher que pareça a Alessandra Ambrósio.
Felipe riu.
Não foi fácil o processo de divórcio. Os pais de Felipe ficaram bravos com Elise. Ele pareceu triste, mas não estava deprimido, Felipe realmente amava Elise, mas amava mais sua carreira promissora, por isso depois do divórcio ele focou totalmente em sua residência.
Elise e Pedro trocaram mensagens durante três meses.
Elise não conseguia emprego apesar de ter feito dezenas de entrevistas. Pedro então deu uma idéia a ela enquanto falavam por telefone
- Por que você não vem pra cá?
- Pra Portugal?
- Sim. Elise eu tenho um amigo que trabalha com design gráfico, ele pode te arranjar um emprego, seu diploma é internacional não é?
Elise exitou em aceitar, mas depois de três semanas teve um subito de coragem.
Foi até a casa de sua mãe e contou a idéia.
- Que ideia horrível, Elise!
- Mãe!
- Elise! Vai pra outro país pra ter um emprego incerto? Não conhece ninguém lá! E se alguém te fizer algo? Sabe que os estrangeiros não respeitam as brasileiras.
Os conselhos da mãe só deixaram Elise mais insegura. Mas mesmo assim ela falou com outras pessoas, uma prima que havia morado na Espanha. Ela contou que teve uma ótima experiência. Depois falou com um garoto que havia estudado com ela na faculdade, ele estava morando em Sintra, disse que estava adorando Portugal. Mas também houveram relatos negativos, que Elise tentou ignorar.
- Se não der certo você pode voltar - Disse Gisela via skype - Acha que não foi difícil pra mim decidir largar meu emprego e minha vida aí pra vir pra Paris?
- É diferente, você foi casada...
- E daí? - Perguntou Gisela, realmente, e daí?
Duas semanas depois Elise foi até o consulado de Portugal. Depois de semanas reunindo documentos Elise comprou sua passagem para Lisboa.
Quatro meses depois, Elise estava em solo português.
Pedro apareceu atrás dela no aeroporto a assustando. Ele estava de blusa cinza com gola alta e a barba estava por fazer. Ele colocou um braço em volta dela e a beijou no rosto.
- Oi! - Disse ele animado.
- Oi!
Se passaram seis meses. Seis maravilhosos meses ao lado de Pedro. Eles não eram o casal perfeito, as vezes discutiam pela necessidade imensa de Elise de discutir a relação. Mas quando ela começava a ficar irritada Pedro a beijava, e Elise perdia todos os seus argumentos. Eles trabalhavam durante o dia e antes de dormir tomavam vinho e se amavam. O tamanho da atração fraternal que Elise sentia por Pedro era tão grande quanto a carnal.
Pedro pediu Elise em casamento. Elise exitou o sim. Já havia passado por aquilo uma vez. Mas acabou aceitando para satisfazer Pedro.
O casamento deles dois não teve nem um terço do luxo que teve o com Felipe. Mas Elise se sentiu completa, como não se sentiu com Felipe. Elise ficou feliz em seu casamento com Felipe por causa do casamento em si, mas não por estar se casando com Felipe, sua obsessão era se casar, não estar casada com Felipe. Mas com Pedro ela não se importava se o vestido não era era estufado e rendado. Se não era uma catedral gigante e se não tinham 400 convidados.
E quando entrou na igreja ela viu Pedro. Ele a olhou com serenidade. Uma lágrima caiu no rosto de Elise, Pedro secou-a passando levemente seus dedos no rosto dela.
- Você é a mulher mais linda do mundo.
Oito meses depois, enquanto Pedro tomava vinho tinto na varanda Elise se aproximou dele e o abraçou por trás colocando algo nas mãos dele.
- O que é isso?
- Um teste de gravidez.
- Eu sei... É que... Você está grávida? - Ele começou a rir, Elise riu também.
Eles ficaram gargalhando, um misto de euforia, felicidade e um pouco de medo.- VAI MAIS DEVAGAR PEDRO! - Disse Elise para Pedro que descia a rua de bicicleta com Érico. Érico tinha os cabelos claros como Pedro e os olhos negros de Elise.
- Mais rápido, papai! - Gritou Érico que havia feito três anos no dia anterior.
Elise ficou sentada no muro os observando voltarem, Érico na bicicleta e Pedro a empurrando.
- Eu teria percorrido toda Lisboa se sua mãe não fosse tão super protetora.
- Eu cuido do que amo - Respondeu Elise colocando Érico no colo - Agora todo mundo entrando que está escurecendo, vamos!
O vento estava forte e Érico entrou correndo para dentro. Pedro deu um grito se espreguiçando enquanto entrava.
Elise entrou e fechou a porta, antes, deu um sorriso para o céu.
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Crush do Metrô
RomanceElise pega o metrô todos os dias da semana. Em meio ao caos de sua vida ela conhece um garoto no metrô, Pedro.