Capítulo#2

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Também preciso confessar que, como quase toda criança, tive minha fase
capeta. No geral, eu era relativamente tranquila, mas houve épocas em que
era expulsa com tanta frequência da sala de aula que já tinha virado melhor
amiga da coordenadora. Depois do jardim de infância, estudei em um
colégio católico, e lá as pessoas eram rígidas e tinham regras que não faziam
muito sentido para mim. Aliás, nada contra o catolicismo, minha família
inteira é católica. Não critico os católicos em geral, mas algumas freiras
daquele colégio não eram tão do bem quanto Jesus dizia para serem.
Uma época, queriam proibir as meninas de usar qualquer tipo de
acessório, como brincos, por exemplo. Nunca entendi o porquê. Se as freiras
que trabalhavam no colégio não tinham vaidade nenhuma, por opção delas,
por que queriam que o mesmo valesse para a gente? Legal elas levarem tão a
sério os sete pecados capitais e não serem vaidosas, mas quase ninguém que
estudava lá tinha se matriculado porque queria servir a Jesus. As crianças
estavam no colégio por escolha dos pais (como era o meu caso) ou porque
eram bem religiosas, mas o fato de você ter muita fé não necessariamente
quer dizer que pretenda viver sua vida daquela forma tão rígida.
Eu ficava chateada por quererem impedir que fôssemos meninas
normais, que estavam descobrindo o nosso lado mulherzinha. No que isso ia
afetar o nosso boletim no fim do ano? Já bastava toda sexta-feira ter a missa
durante a qual tínhamos que ficar cantando as músicas da igreja enquanto
batíamos palmas loucamente. Se não cantássemos, chegava uma freira do
nosso lado e nos dizia para louvar. Está bem, claro que eu não podia exigir
que a gente não fizesse nenhuma dessas coisas. Afinal, era um colégio
religioso. Mas às vezes enchia o stemos Por mim, eu teria continuado na escola em que estudei no jardim de
infância. Mas a sede dela mudou para um lugar muito longe e a
mensalidade ficou muito cara. Na minha primeira escolinha, as pessoas
podiam ir vestidas com fantasia de pirata até a sétima série. Tudo bem que
provavelmente isso colaborou para que a maioria dos alunos continuasse um
bocado infantil mais tarde, em idades em que deveriam agir como adultos (é
o que a sociedade espera, não é?). Mas até que ponto isso era algo totalmente
ruim? Hoje acho que as pessoas se preocupam demais com o que os outros
pensam e falam. Não estaríamos sendo menos maldosos e idiotas se saíssemos
por aí, com trinta anos, vestindo uma fantasia de princesa no shopping? Não
ligando para quem apontasse para nossa cara e risse?
É de certo modo normal julgarmos os outros. Seria hipocrisia minha
dizer que não julgo. Se você vê alguém sendo diferente em público, estranha
logo de cara e às vezes se sente constrangido pela atitude do outro. Talvez
porque fomos ensinados desde crianças que precisamos ser quadrados o
tempo todo. Por isso estamos acostumados a achar um pouco perturbadora
qualquer coisa que se mostre original. Quando eu me refiro à originalidade,
não estou dizendo que devemos todos nos comportar como selvagens e sair
pelados na rua. Que devemos ir almoçar em um restaurante e do nada
deitar em cima da mesa e rolar na comida. (Talvez fosse uma boa ideia rolar
em cima da comida. Se fizer isso um dia, tire uma foto e me mande, vou
curtir.)
Ser original e deixar de ser quadrado é, por exemplo, aceitar que uma
mulher pode sair de casa sem estar superbem vestida e maquiada, sem olhar
feio para ela, sem apontar e chamar de relaxada. E não estou falando só
sobre mulheres. Já passei pela situação de estar de moletom e sandália de
dedo em um shopping e entrar em uma loja para provar uma roupa. Fui
extremamente maltratada por não estar tão arrumada quanto as outras
clientes.
Seria bom se aceitássemos que a originalidade é muito mais do que
apenas uma palavra legal — é uma atitude que nos leva a ousar sem se
importar tanto com o julgamento alheio. É lindo se portar e agir como temos
vontade, desde que isso não desrespeite outras pessoas, claro.
Por exemplo, muita gente se incomoda com o fato de eu falar muito
palavrão. E em homenagem a essas pessoas, resolvi incluir aqui a lista de
quem se importa com a opinião delas:
Eu falo palavrão porque me sinto à vontade falando. Acho que me ajuda a
me expressar melhor e me sentir um pouco fora desse quadrado que prevê
que a mulher precisa ser uma lady e ter classe o tempo todo. Lógico, tudo
tem limites e, caso um dia esteja sendo julgada em um tribunal (o que não é
exatamente o que espero para mim, mas enfim…), não serei louca de mandar
a juíza tomar naquele lugar. Acho que ninguém seria louco a esse ponto
(pensando bem, algumas pessoas, não sei não...), mas o exemplo extremo é
para deixar bem clara a diferença entre agir com originalidade e fazer a
mesma coisa abandonando o bom senso.
Ser diferente não significa que a pessoa precise ofender os outros. É
difícil, uma linha tênue, confesso. Mas aos poucos a gente acaba
descobrindo o que nos torna especiais sem que isso machuque o outro. Uma
hora a gente acerta!

Aviso!!
Gente me desculpe não postar estava cm problemas pessoais , mais em compensação vou postar o capitulo 3 tbm , amanha posto mais. 😘😘obg vlw!

muito mais que 5inco minutosOnde histórias criam vida. Descubra agora