Está afim de correr o risco?

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Essa segunda foi um pouco confusa na escola. Eu estava ansiosa para voltar, mas mesmo assim, eu sentia que as pessoas me olhavam demais. Algumas paravam de conversar para poderem me assistir passar, como se eu tivesse desenvolvido uma segunda cabeça, ou sei lá.

Aquilo estava me incomodando demais. Na hora de entrar na sala, não consegui reunir a coragem necessária. Eu tinha vindo com Camille do vestiário, mas ela foi tirada de perto de mim por suas seguidoras. Ahren, Erik e Kile vinham logo depois, enquanto eu ainda olhava para a porta da sala.

– Eady? O que foi? – Kile perguntou.

Olhei para ele. Erik estava entrando, Ahren não estava mais ali, já deve estar dentro da sala. E em um momento sem pensar direito, me estiquei e toquei os lábios de Kile com os meus. Em resposta, ele arquejou, se afastando.

– Me desculpe – falei, corando – eu, agi sem pensar. Desculpa.

Kile não respondeu, apenas continuou me olhando. Segurou meu pulso e me puxou pelo corredor. Abriu uma sala e me puxou para dentro. Era uma sala que servia como depósito de materiais e cadeiras, por isso estava vazia.

Já lá dentro, com a porta fechada, Kile me empurrou contra a parede e me beijou. Não me opus, apenas aproveitei o momento, envolvendo seu pescoço enquanto ele apertava minha cintura.

– Não podíamos ser pegos – ele disse, quando se afastou um pouco – poderíamos levar uma advertência.

– Entendi. Tudo bem. Desculpa.

– Não se desculpe por me beijar – falou, sorrindo maliciosamente.

– Eu realmente odeio você – falei, passando por baixo de seu braço para ir embora.

– Espera – ele segurou meu braço e me puxou de volta, me fazendo colidir com seu peito – porque estava daquele jeito?

– As pessoas estão me olhando estranho. Por causa do que aconteceu.

– Não fique assim. Logo elas esquecem.

– Mas estou sem graça.

– Porque não vamos para a aula. Se isso te incomodar demais, pede para o diretor te liberar.

– Então vamos.

Ele abriu a porta e eu saí. Dei de cara com Gavril, me olhando com os braços cruzados.

– Posso saber porque não estão na aula? E porque estavam sozinhos ali dentro? – perguntou, em um tom acusador.

– Fiquei um pouco aflita por causa dos olhares das pessoas, e Kile estava tentando me acalmar.

Não é mentira, só não contei sobre o beijo. Gavril suspirou, negando com a cabeça.

– Imaginei que eles esqueceriam isso. Você está bem?

– Estou. Kile me disse para procurar você se o desconforto não passar.

– Faça isso mesmo.

– Logo as pessoas esquecem isso. Só o começo que vai ser difícil – Kile falou, pegando minha mão – agora melhor nós irmos, você já perdeu aula demais.

– Vão logo. E parem de se meter em situações duvidosas – Gavril falou, começando a andar.

Kile me puxou para a sala, e entrou ainda segurando minha mão. O professor de matemática parou de escrever no quadro para olhar para nós. Abriu um sorriso ao ver nossas mãos juntas. A soltei apressada, mas ele já tinha visto.

A Seleção - Uma Vida Normal (livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora