03 - Um quase assassinato de quinta-feira

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// Isaac Lahey:

Meu voo havia sido consideravelmente bom. Tudo bem, eu talvez tenha dormido o tempo todo e talvez não faça ideia do que aconteceu nele, mas esse não é o ponto. O ponto é: não houve interrupções ao meu sono, o que significa que foi perfeito.

Eu caminhava tranquilamente até o loft de Derek, aonde eu moraria por um tempo — embora, devo acrescentar, não fosse do total agrado do respectivo dono — até encontrar um lugar, e tudo estava totalmente bem.

Isto é, até a louca aparecer.

Eu só tive tempo de virar a cabeça e pular para o lado antes de uma caminhonete passar no exato lugar em que eu estava antes. Mas eis um detalhe: não fui rápido o bastante.

E com isso quero dizer que acabei com um corte na lateral do meu abdômen, provocado, provavelmente, pelo retrovisor da maldita caminhonete.

Ah, uau, será que eu não podia ter um dia bom? Um mísero dia sem algo de ruim acontecer? Mas, aparentemente, as forças divinas gostavam de me ver sofrer.

— Ah, meus deuses, meus deuses, meus deuses, meus deuses - uma cabeleira castanha se aproximou do lugar em que eu me encontrava caído na calçada. Isso mesmo, calçada. Eu fui atingido por uma caminhonete na maldita calçada.

Uma garota baixa e pálida se ajoelhou ao meu lado, parecendo mil vezes mais desesperada que eu. Seus olhos estavam fechados, o que significava que ela provavelmente estava receosa demais para abri-los e encontrar um cara morto.

Eu pensei seriamente em deixa-la mais alguns minutos pensando que matou alguém, mas eu não sou tão malvado assim.

— Ei, eu estou vivo - falei, soltando um gemido de dor em seguida. - Seriamente machucado, mas vivo.

Eu me curaria em algumas horas, obviamente, mas me sentia um pouquinho melhor em vê-la se culpando. Não que eu fosse cruel mas, tipo assim, ela acabara de me atropelar na calçada, e não estava nos meus planos ser atropelado hoje.

— Ai, eu sinto muito, muito mesmo. Sammy havia acabado de me ligar e eu estava distraída, então vupt, você apareceu... - ela provavelmente continuaria se explicando pelo resto da noite, mas eu a interrompi:

— Eu apareci? - perguntei, incrédulo. - Tem noção de que subiu na calçada, certo? Simplesmente entrou na calçada.

— Ah, olhe aqui, não foi tão na calçada assim - disse, fazendo uma careta.

Olhei para a caminhonete, simplesmente estacionada no meio da calçada.

— Ah, claro, tem razão. Super não na calçada, não acha?

Ela suspirou, parecendo se controlar para não falar alguma estupidez. Colocou uma mecha do cabelo para trás da orelha e comprimiu os lábios.

— Olhe, posso te levar para o hospital. E eu sinto muito, sinto tanto...

— Certo, me leve para o hospital - eu realmente precisava falar com Scott, e já que Melissa trabalha e provavelmente estaria lá, poderia ir com ela para a casa. Sem contar que eu não estava muito animado para encarar o mau humor frequente de Derek.

Aceitei a ajuda dela para levantar, apertando o lugar do corte com uma careta, e fui com a mesma até a caminhonete.

— Ah, não, espere - ela parou instantaneamente, parecendo se lembrar de algo. - Meu pai meio que trabalha lá, e se ele souber que atropelei alguém isso vai acabar com todas as minhas chances de ganhar um carro. Mas eu posso te dar algo para a dor e aprender a usar a caixa de primeiros socorros em casa, está bem?

The Fugitive ➳ TWolfOnde histórias criam vida. Descubra agora