09 - They call it "love" {1K}

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// Sam Barrow:

Eu tinha quatro anos quando aconteceu.

Era uma tarde fria em Los Angeles, de neve caindo e com pequenos raios de sol aparecendo por entre as nuvens. Mas era um dia qualquer, um dia normal.

Skye e eu voltávamos da escola a pé, como sempre fazíamos, já que nossa casa não era muito longe da escola. De fato, a única coisa incomum era que ambos nos encontrávamos mais felizes, e não era só pelo natal estar próximo.

O outro motivo era a visita de dois irmãos como nós, que por acaso gostávamos demais, naquele dia. Skye principalmente, já que era melhor amiga de um deles. Os chamávamos de Ken e Jen.

Jen era a mais velha de nós, com seus quatorze anos. Era a irmã mais velha de Ken, e, embora preferisse seus amigos de sua idade, ainda brincava conosco.

Já Ken era, simplesmente, a luz no fundo do túnel para minha irmã. Ele era o melhor — e único — amigo de Skye, e ela o adorara desde o momento em que o conhecera, quando este aparecera em nossa rua. O sentimento fora retribuído por Ken, e assim se tornaram melhores amigos.

Mas Ken e Jen não moravam em Los Angeles, como minha família e eu. Seus avós que tinham ali como lar e, por obra do destino, acabaram sendo nossos vizinhos quando nos mudamos. Só que isso não fazia diferença, os dois irmãos vinham visitar os avós todo fim de semana, e nos encontrávamos sempre que estes vinham. E esse dia era um dos que eles viriam.

Skye e eu nos segurávamos para não sair correndo, querendo encontrar nossos amigos logo. Eles já deviam estar em casa quando chegássemos, e então poderíamos brincar até domingo, sem pausa.

Quando finalmente chegamos em casa, nos surpreendemos por não ver os dois nos esperando em frente à mesma, como sempre faziam. Porém, concluindo ser apenas consequência de um atraso na chegada, não nos preocupamos e fomos almoçar, com a mãe e o pai.

Só percebemos que algo estava errado quando entramos em nosso sobrado e o encontramos em um silêncio incomum para aquele horário. Não havia o som de pratos batendo e nem comida sendo feita por nossa mãe, não havia nada.

— Mãe? Pai? - Skye chamou assim que constatamos esse fato, examinando a casa ao seu redor.

— Aqui, querida - a voz familiar do papai chegou aos nossos ouvidos, e ela e eu seguimos sua direção.

Mamãe e papai estavam sentados no sofá, aparentemente nos esperando. A mesa estava feita atrás deles, mas a comida parecia intocada. Eu não entendi aquilo; o que estava acontecendo?

— Hã...o que foi? - Skye deu voz aos meus pensamentos, com o cenho franzido.

Minha mãe permanecia imóvel, com o rosto escondido entre as mãos, e meu pai olhou preocupado para ela.

— Mamãe? - questionei, confuso. Ela só balançou a cabeça, ainda sem levantar o rosto.

Papai pigarreou, como se obrigando-se a falar, e começou:

— Skye, Sam...

— O quê é? - minha irmã o cortou, atônita.

— Recebemos uma notícia desagradável esta manhã, enquanto estavam na escola - continuou ele, cuidadosamente.

Antes mesmo da conclusão da frase, mamãe soltou um som parecido com um soluço e eu, assustado, notei ser mesmo um soluço. Mas por que ela estava chorando?

Agarrei a mão de Skye, receoso, e minha irmã mais velha a apertou, me reconfortando. Mesmo com as brigas, eu sabia que ela sempre estaria ali para me proteger, e esse pensamento me tranquilizou.

The Fugitive ➳ TWolfOnde histórias criam vida. Descubra agora