Me desculpem pelo capítulo curtinho, prometo que o próximo terá muito mais! Boa leitura :)
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- Então é uma coisa de talentos? - me perguntou Bellamy no parapeito do meu prédio, no interior de Manhattan.
- É uma coisa de talentos. - rio disfarçadamente enquanto pincelo em um papel A4 o topo de uma igreja há alguns metros daqui. Bellamy está sentado com os pés esticados em cima de uma mesinha de estar, olhando para a mesma direção que eu. Lá dentro, Octavia está fazendo os novos arranjos para a primeira letra que eu recentemente escrevi para o nosso álbum sem-título. - Só uma forma de abafar a saída de Anya. - digo por último.
Filmamos ontem o último dia de audição, a partir de agora as pré-selecionadas irão se enfrentar em dois programas, o último sendo responsável pela escolha definitiva.
- A fama não é tão diferente de um caso jurídico. Nós também tentamos limpar a barra dos nossos clientes. - Bellamy tem aquele jeito espontâneo de falar, comprimindo um pouco os lábios e mexendo a cabeça, fazendo com que os fios do seu cabelo negro se baguncem em sua testa. Ele é um adulto-jovem com um pontinho no queixo bastante atraente. - Nem sempre isso da certo.
- É, existe os tabloides de fofoca.
Bellamy ri. Ele espia meu desenho, mesmo que não perceba que eu esteja o observando também. Ele arqueia a sobrancelha esquerda, analisando.
- Você tem muito talento. - ele sibila.
- Não me faça elogios. - dou de ombros.
- Você é muito brava princesa... Sabe, isso seria uma ótima letra de música: Brave Princess.
Risco os últimos traços do arco da igreja, puxando para o alto e arredondando nas pontas e laterais. Quando finalizo, faço questão de virar o meu corpo para direção de Bellamy para inquisitá-lo:
- Princess? Não vai me dizer que eu tenho um príncipe também?
Ele nega imediatamente com a cabeça e os cabelos. Bellamy tem um princípio de um sorriso no canto dos lábios.
- Você não precisa de príncipes para sua própria história. Você é ela sozinha, Clarke. - ele diz baixinho, como se assimilasse com certeza o que estava dizendo. E chegasse à conclusão de que deveria ser dito a uma certa altura para se tornar um segredo. Entre eu e ele. Por quê? - Enfim... Qual sua favorita no concurso?
Ele muda rapidamente de assunto, me obrigando a recobrar a consciência. Estico os braços em volta do meu corpo e abraço as minhas pernas.
- Hm, tem a... Essa tal de Lexa Silverstone.
- A garota com tranças no cabelo? - ele me espia de lado. Tento não olhá-lo para não aumentar o meu rubor. - Ela é demais, apesar de ser duvidosa.
Ergo o queixo:
- Duvidosa?
- É, conhece alguém que é misterioso e cheio de segredos? Que pode ser tudo e nada ao mesmo tempo? Que te faz duvidar da sua própria capacidade de conhecimento sobre as outras pessoas? Então, é como ela é. - Bellamy então deixa escapar um sorriso diante da minha expressão confusa. - Eu também votaria nela.
Por um breve segundo, eu também sorrio. Desde aquele dia no terraço, nunca mais a vi, embora tenha o visitado os dias que se seguiram, sem sucesso algum.
- Você acha que ela ganha? - decido perguntar.
- Bem provável. Pessoas gostam de um bom mistério.
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Grounders Girls
RomanceA fama, como todos sabem, necessita de uma base solida proveniente de vários trâmites indispensáveis. Uma boa voz e um bom conjunto de instrumentos infelizmente não são o suficiente. É preciso de um pouco de caos, de trama, clímax e muitos personage...