Certa vez um menino muito pobre brincava serelepemente pelas redondezas da floresta. Ele não tinha pai, mas tinha uma mãe que era muito rígida. Sabia que brincar era algo que iria contra as regras de sua genitora, por isso logo precisava voltar.
Chegou a cabana no qual habitava, porém, não encontrou ninguém ali. Só havia uma carta em cima da pequena mesa rupestre. O garoto a pegou, a abriu e... Não entendeu nada, afinal, não sabia ler, nem escrever... Porém, conhecia algumas gravuras e, podia afirmar que havia algo ali escrito e, provavelmente, era de sua mãe. Aquilo só poderia significar uma coisa: Ele havia sido abandonado!
Embora fosse novo, era bem esperto. No entanto não sabia o que iria fazer... Por que a mãe o deixara? Será que era por ser arteiro? Mas, ele só saía esporadicamente, fugindo para a floresta e brincando com os animais dali!
Decidiu correr e correu e correu até entardecer e já não saber onde estava. Recostou-se em um tronco de árvore a fim de descansar, mas a temperatura caia rapidamente. Estava com frio, com fome e... Tendo visões! Só podia!!! Um ser pequeno se aproximava, caminhando de modo bípede. Pensou em correr, mas estava muito cansado e petrificado pela visão. A sombra se aproximava mais, porém o sol que ainda não se findara totalmente, batia na imagem daquele ser, ofuscando-lhe a visão. Tudo o que podia ver, era que o ser era pequeno, tinha bigodes, usava um chapéu, uma capa e... Botas! Parecia que usava botas. Depositou-lhe algo aos pés e se retirou tão rapidamente quanto veio.
Após alguns instantes, ele não sabia precisar, mas eu sim contei! Passaram-se quinze minutos e vinte e sete segundos até o garoto solitário e perdido se locomover. Espantou-se ao ver que o ser de bigodes lhe deixara uma capa vermelha e, embaixo dela havia algumas frutas e... Feijões! Feijões? Eram tão diferentes do que já vira. Eram quatro grãos enormes, de aproximadamente 5X5 cm, de cor dourada, com formato de feijão. Comeu rapidamente tudo o que o ser de botas lhe deixou, mas aqueles feijões estranhos não conseguiu mordiscar. Eram muito duros!
Enfim, o sono apareceu e o breu cobriu todo o céu e a floresta, assim como sua visão. Cobriu-se com a capa deixada pela estranha criatura de botas e não sentiu medo de mais nada. Os feijões que estavam em sua mão esquerda se desprenderam assim que ele pegou no sono e caiu em solo. O sono do garoto era tão profundo que ele não viu o que acontecia...
Despertou com um pequeno ser esvoaçante lhe cutucando. O que lhe despertara? Se o garoto fosse um adulto sensato, pensaria ser um tipo diferenciado de pássaro, mas o garoto arteiro e serelepe podia jurar ter visto uma fada menor que uma codorna. Era tudo muito magico!
Logo arregalou os olhos e contemplou um tronco de árvore que ali não estava quando dormira. E era muito grande!!! Não conseguia ver seu topo. Ah, e como gostava de uma brincadeira desafiadora... Não pensou em outra! Se pôs a subir e o topo buscar.
Seu entusiasmo era tão grande que não reparou que se passara um dia inteiro até, finalmente, alcançar o cume. E ficou maravilhado com tudo o que viu!
Sabia que tinha subido muito alto e ousara encarar o solo, ou ao menos tentar, quando terminou sua escalada. Sim, estava em um lugar muito mais alto do que já se erguera! Estava nas nuvens!!! E como era fofa... Logo se pôs a pular e, ao caminhar, o local onde pisava se alterava de cor, ora violeta, ora anil, ora verde, ora amarelo, ora vermelho, ora azul... Era tudo muito fantástico! Deitou e rolou sobre elas, literalmente. Foi quando, ao longe, observou um vulto pequeno. Atentou-se a ele e, quando forçou mais a visão, podia crer que se tratava do mesmo ser de bigodes e botas que lhe ajudara. Ainda carregava a capa vermelha consigo e pretendia devolvê-la. Correu, ou melhor, deslizou por entre as nuvens, até tentar alcançar a sombra, mas ao chegar perdeu o ser de vista, dando lugar a um imenso castelo.
Aproximou-se cauteloso do castelo. As portas estavam fechadas, mas pelo seu tamanho pôde encontrar facilmente um local por onde adentrar. Só tinha um problema: Ali poderia haver ratos... e ratos enormes! Pobre garoto... Mal sabia que o seu problema era muito, mas muito maior.
O castelo gigantesco era habitado por um homem gigantesco! Ainda usando da capa, decidiu se ocultar com ela e se aproximar. Havia uma chave presa ao pescoço do gigante que, naquele instante, tirava uma soneca! Ao perceber que estava seguro, pegou a capa e lançou-a em direção ao dedo médio da mão daquele enorme homem. O garoto era do tamanho exato daquele dedo! Conseguiu prender a capa por entre os dedos do gigante e escalou-o cautelosamente. A chave também tinha o seu tamanho... Para qualquer outro garoto, aquilo seria um problema. Mas não para si! Pegou a capa novamente e enlaçou a chave que logo se soltou do cordão do gigante. A sesta estava pesada, para sua sorte! O gigante roncou alto, porém, e o pequeno garoto perdeu o equilíbrio e caiu! Ainda em queda, ele soltou a chave e usou a capa como paraquedas. O barulho da chave ao chão fez o gigante despertar. Nosso garoto sentiu medo, pela primeira vez na vida, e se ocultou na capa em um canto da poltrona junto com a chave que rapidamente pegara, na poltrona que o gigante se recostava. Com o olhar o gigante procurou a origem do barulho, mas nada encontrou!
O garoto não acreditou no que via! Mesmo com o gigante olhando em direção de onde ele estava, não o encontrou e voltou a dormir! Não se dera conta da perda da chave também!
E agora? Para onde iria? Apenas sabia que, se o gigante guardava uma chave junto de si, era por ser algo muito importante... Talvez pudesse conseguir algo que fizesse sua mãe voltar e ter orgulho dele!
Com a capa o cobrindo e fazendo um esforço que, achava que seria muito maior, carregou a chave usando dos dois braços e da força de todo o seu corpo.
Ao se deslocar na direção leste, ainda sem saber ao certo para onde ir, pôde contemplar uma luz forte dourada. Aproximou-se e encontrou uma espécie de cela. Lá, havia algo que brilhava tal qual o sol. Dobrou os joelhos, colocando a chave em seus ombros e esforçou-se para colocá-la na fechadura. Ao encaixá-la, pulou sobre ela a fim de girá-la e... clic! Abriu mais facilmente do que achou que abriria!
Rapidamente entrou e ali pôde contemplar o sol! Não havia mais nada, nem ninguém ali, somente um ovo que tinha mais ou menos metade do seu tamanho e reluzia douradamente. O menino era esperto, ele sabia o que era! Era ouro! Aquilo era ouro!
Pegou o ovo e correu, correu e correu. Rapidamente encontrou a saída e, mais rápido ainda, o lugar por onde havia soerguido! Porém, algo estranho aconteceu! Terremoto! As nuvens estavam se desfazendo a sua volta! O gigante despertara e rapidamente se aproximava! Precisava ser rápido!
Deixou o ovo ao chão, pegou a capa e enlaçou em um dos tornozelos daquele gigante. O ser enorme, por sua vez, não percebeu essa artimanha do nosso pequeno garoto e, com a velocidade que se aproximava dele, acabou tropeçando e caiu... Pior que, na queda, que não foi suficiente para ser amparada pelas nuvens, levara o garoto consigo. O ser menor, por sua vez, mais que veloz pegou a outra ponta da capa e enlaçou o ovo dourado! Ao pegá-lo, abraçou-se a ele, se aproximou do gigante a fim de amparar sua queda e... assim foi!
Despertou após 2 dias! Sim, a queda não fora fácil! Porém, ao assim fazer não encontrou nem a árvore pela qual subira, nem gigante e estava muito próximo de sua casa. Pensara que foi um sonho, mas o que era aquilo? Sim! O ovo dourado estava ali! Pegou-o de forma contente e levou para a casa e... Qual foi sua imensa surpresa! Lá estava sua mãe, ao fogão como sempre, preparando sua refeição! Ele mostrou-lhe o ovo de forma sorridente e ela, após alguns instantes o encarando, o abraçou! O pequeno nunca se sentira tão feliz! Mas, havia algo que ele queria lhe perguntar. Assim estendeu-lhe a carta, que ainda levava no bolso da calça surrada. A mãe franziu o cenho e lhe questionou:
- Você não vendeu a nossa vaca?
"Vaca?" – pensou o garoto - O que é uma vaca?
A mãe sorriu pela inocência do menino e o convidou para comer da deliciosa canja de galinha que fizera!
E assim tem sido...
**LCordeiro**
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CONTOS DA FLORESTA
FantasyE se as histórias que conhecemos dos contos de fadas, heróis medievais e contemporâneos fossem contados pelo ambiente em que ocorreram? Acompanhem esses contos de histórias recontadas e recriadas em meio a uma floresta encantada.