A Fuga

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Dei o meu último adeus a este lugar. Mas o que significa um lar? Todos os que eu gostava estavam indo comigo, meu tio Diego, minha tia avó Anne (Aliás eu tenho pena de quem for ficar no lugar dela cuidando da enfermaria e da cozinha ao mesmo tempo), O Murillo e sua mãe , meu lar estava onde as pessoas que importavam estavam, não um lugar físico. 

Acabamos ficando todos no mesmo veículo, A traseira de um caminhão militar nada confortável.

- Fique tranqüila Annie! Vai dar tudo certo! – Minha tia-avó me confortava.

- Vocês poderiam me ajudar? – Olhei para o Diego e a tia Anne. – Vocês sabem se minha mãe pode se deslocar instantaneamente de um lugar para outro, como eu fiz?

- Julius, o Anjo, podia voar em uma velocidade extraordinária. Mas não fazia um portal como ocorreu com você. Isso o deixava quase sem energias e ele podia levar apenas uma pessoa com ele. Inclusive foi dessa forma que ele salvou sua mãe das garras da vampira Nicoly. Levou o Douglas até onde elas estavam batalhando para que ele aplicasse o golpe final. – Meu tio respondeu.

- Eu pensava que o fogo fosse uma herança dos poderes de dragão da minha mãe, mas estou começando a perceber que sou uma coisa totalmente diferente.

- Seu avô já voltou do reino dos mortos algumas vezes, quando pensávamos que ele estava morto, eis que o desgr... – tia Anne o cutucou - ...eis que o seu avô surgia novamente para nos atazanar.

- E o fato de eu ter conseguido voar?

- Sua mãe vive voando por aí como dragão.

- Mas eu não sou uma dragão tio! – Enquanto conversava com meu tio eu olhava para o Murillo que parecia triste ainda. – Eu voei sem asas.

- Calma minha filha! Logo você irá saber mais sobre você mesma. – Minha tia-avó respondeu. – Talvez você tenha algo novo, quem sabe a genética seja responsável por tudo isso.

- Annie. – Meu tio agora falava bem baixo, olhando para os soldados que estavam no caminhão também. – Não fale nada, você precisa fugir, os clãs e o Alto Comando querem prende-la. Por isso estão levando os humanos também, para usá-los como escudo. Esteja preparada.

- Quando nós vamos fugir? – Perguntei aflita, mas mantendo o tom baixo.

- Somente você irá fugir. Já preparamos tudo. É impossível irmos com você nesse momento. Se você não for agora, será praticamente impossível.

- Porque não fizemos isso antes? Enquanto estávamos na floresta ainda.

- Porque... – Ele foi interrompido por um guarda que o obrigou a mudar de lugar. Com dificuldade ele o colocou no canto oposto ao meu.

Notei que meu tio olhava constantemente para o seu relógio, eu levantei e sentei-me ao lado do Murillo.

- Algo irá acontecer Murillo. – Notei ele sair do transe que estava.

- Sério? Como sabe? Seja o que for estarei com você.

- Promete que me dirá logo o que está te atormentando?

- Claro! Não desejo esconder nada de você. Eu só pensei que já tinha superado isso, mas percebi que apenas não havia enterrado fundo o suficiente em minha consciência.

Depois de alguns minutos, como se sempre estivessem ali, notei meu avô e um mulher linda com asas nas costas, em pé, bem no meio do caminhão. Pareciam não terem a menor dificuldade em manterem-se nesta posição apesar dos solavancos do veículo.

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