Conheci um rapaz; o mais incrível de todos. Igual a mim em tudo, juro. Menos no gosto musical; mas sim, caro Rui Veloso, posso amar alguém que não ouve a mesma canção. Aliás, amo. Amei? Amo sim. Ele é meu amigo e eu amo os meus amigos. Talvez me tenha precipitado em relação ao que sentia. Mas se uma pessoa destas entra na nossa vida, nós só a queremos agarrar o mais depressa possível para que não haja forma de nos escapar. Quis que fosse meu, demasiado rápido. Ele quis o mesmo ou nada teria acontecido. Não resultou, é triste mas a culpa foi minha. Minha e dele. Eu não estava pronta para o receber na minha vida, embora sentisse que sim. E ele? A mesma treta que eu. Não disse que éramos iguais?
Gostei dele facilmente, da forma mais pura que já tinha alguma vez gostado de alguém e ele confessou-me o mesmo. IGUAIS.
Não custou muito a ultrapassar a separação. Percebi que ia acontecer antes de tudo desabar e isso tornou tudo mais fácil, o que complicou foi mesmo todos os sentimentos e a forte ligação mental e espiritual que tínhamos. A maior confissão que lhe fiz sobre nós foi não ter vontade de fazer amor com ele. O nosso amor residia em tardes bem passadas a falar; a falar sobre tudo...
os nossos amigos a pedir que eu segurasse a relação porque sentiam a nossa ligação e acreditavam que podíamos viver a mais bela história de amor.O amor estava lá, sabia que bastava mais uma tarde das nossas para nos lembrarmos do quanto nos amávamos. Desisti. Sou fraca, sim mas foi uma decisão unânime. Eu precisava de estar sozinha, não seria justo usá-lo para recuperar o que outra pessoa tinha derrubado. Ele precisava de ser livre. Com todo o gosto, tento ter uma amizade, buscar um pouco da ligação que tínhamos e recuperar qualquer tipo de conexão que nos una. Tento mais uma vez construir uma relação com ele, de amizade desta vez, mas não menos importante, apenas com menos vontade. Porque numa relação, seja ela de que tipo for, são precisas duas pessoas e não apenas uma e eu cansei-me. Esgotei todas as minhas forças a segurar um amor que escolheu a altura errada para aparecer. Nunca acreditei em almas gémeas até o ter conhecido. Continua a ser a minha e eu a dele. Ainda partilho algumas coisas com ele mas e então? De que me adianta se ele não faz o mesmo? Terei insistido de mais ao ponto de ele perder o interesse? Se o fiz, lamento imenso porque era tudo puro, só tentei segurar sozinha quando se calhar devia ter deixado ir. Reflito novamente: a nossa conexão apareceu na altura certa; o nosso amor na altura errada; mas podes trabalhar comigo para que agora seja o tempo ideal para uma amizade?