MATCH

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Tive tantas oportunidades de te conhecer, tantas oportunidades de te ver, tantas vezes houve em que não nos cruzamos por questões de minutos; ou talvez já nos cruzamos antes e nunca nos apercebemos.
Encontrei-te da maneira que nunca pensei encontrar alguém e ninguém precisa de saber como foi. Nós sabemos e isso basta. Mas saber que as possibilidades eram tantas e nos escaparam sem nenhum dos dois desconfiar ou saber que existiam.
Nunca tive uma opinião tão instantânea, pura e acertada de uma pessoa como tive de ti. És quem mais me desafia e por isso estou-te grata. Desafias-me porque queres ouvir os meus argumentos sobre tudo e exiges que eu os tenha. Sintonizamos as nossas mentes e ainda bem porque agora tenho alguém para falar sobre tudo; a vida e a morte, extraterrestres, magia, intelectualidades, galáxias, religiões, guerras, movimentos ativistas e como se criou o mundo, música e memórias, as mentiras que já contamos, os nossos defeitos, os cheiros que mais gostamos, a nossa infância, o que nos perturba a mente, as inseguranças e os medos, as alegrias e as tristezas. E claro, temos sempre de argumentar o que falamos.
Desde que nos conhecemos que nos vemos todos os dias, sem falhas; às vezes até mais que uma vez por dia e eu já não imagino a monotomia dos meus dias sem a tua presença. É incrível como criamos esta rotina boa, uma rotina em que já não é preciso combinar nada; basta dizer que eu saio do ensaio às 22h30, sei que tu sais do trabalho às 23h00 e às 23h00 te espero na Batalha. Espero-te sentada durante 20 minutos, onde leio e fumo com o ar quente das luzes amarelas daquela praça, onde te espero com ansiedade, onde espero pelo teu sorriso que desencadeia outro em mim. Só tu tens o poder de me fazer rir daquela maneira, só tu te ris comigo durante 10 minutos seguidos, só tu me tiras o ar com a tua presença e nem sabes o quanto bom isso é. Deixas-me fora de mim, dessassogas o que eu demorei tanto tempo a sossegar para agradar a tantos outros. Dizes-me e fazes-me sentir que está tudo bem em chorar a rir, em ter opiniões, em estar revoltada com alguém, em assumir que alguma coisa está mal, mesmo que não seja nada de muito grave. Tu ouves-me e mais importante ainda: tu queres ouvir. Tu esperas que eu fale para me poderes ouvir e eu quero o mesmo.
Adoro que tenhas essa aparência de machão que não se importa com nada, que até parece um pouco futil e superficial e depois és completamente o oposto. És um coração mole, pensas sobre coisas profundas e importantes, observas os comportamentos e atitudes dos outros, sofres pelos outros, sentes a tua dor e raramente a deixas transparecer. E eu estou aqui, como tu, a dizer-te que está tudo bem em mostrar, não só a felicidade, mas tudo o que sentes e o que te remexe as entranhas, tudo o que faz o teu coração bater mais depressa ou acalmar, o que te dá a volta ao estômago ou um aperto no peito, o que te dá vontade de chorar e o que te enraivece. E eu vou estar aqui para ti, como tu para mim, a ouvir a revolta do teu ser e acalmar a tua alma quando for a altura certa.

Pessoas da minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora