Demônios libertos √

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03/07/2010
01:12

{Mike}

Depois de longos minutos com meus olhos vidrados no livro, atormentado por pensamentos, decido algo. Minha mente seguia dividida por dois lados, onde um dizia que não devia abrir o livro, por não saber o que encontraria nas suas páginas. Já o meu outro lado, dessa vez mais curioso, insiste que deva abri-lo, para sanar de vez minhas dúvidas quanto ao seu conteúdo. Dessa vez sigo minha vontade maior e decido o abrir.

Minha mão toca sua capa áspera novamente, enquanto meus batimentos aceleram gradativamente, e o abro imediatamente sem tempo para pensar em que consequências isso me traria, dominado pela dúvida.

Vou passando as páginas do livro e vejo apenas códigos indecifráveis em todas elas. Não era como escrita de outras línguas ocidentais, e sim mais parecidos com símbolos ritualísticos, e todos pintados com um tom de tinta vermelho, o que me levantou uma dúvida se seria sangue a procedência do tom.

Meus pensamentos aguçados ficam ainda mais confusos enquanto continuo a folear as páginas, o que colabora para o clima pesado, e em seguida começo a sentir meu corpo perdendo as forças. Minha visão embaça àquele momento e já não sabia se era algum sintoma do nervosismo ou resultado da minha atitude. A resposta vem a seguir quando começo a perceber vultos de todas as formas percorrendo ligeiramente todos os arredores do quarto, onde antes eram só escuros e sombrios, mas agora se tornavam também apavorantes.

Meu corpo começa a definhar de forças e venho a cair no chão gelado daquele quarto, quando minha visão já é quase nula e a audição deturpada.

Um simples quebramento de regra só é simples quando a regra é simples, e as consequências da imaturidade humana acaba deixando a curiosidade acima até mesmo do raciocínio.

{Sophie}

O jogo acabou logo quando Mike entrou no quarto quatro, o que foi contraditório com a idéia inicial de buscar outra forma de se entreter. Já não estava mais divertido como antes, e sem mais tentativas de manter o ambiente agradável todos foram para os quartos, assim como eu e Lucky.

Já eram quase uma e meia da manhã, mas a insônia me dominava. A idéia de ter descumprido a regra principal me trouxe um receio que não consegui contornar, aliado ao fato de Mike ainda estar no quarto quatro, o que tornava a me deixar cada vez mais ansiosa. Todos estavam dormindo, inclusive Lucky, que planava ao meu lado em um sono profundo. Pensei em ir pegar um copo de leite para ajudar no sono, e sigo os pensamentos de imediato.

Me levantei tirando o braço de Lucky que estava envolvido em mim e fui até a porta, a abri devagar cerrando os dentes enquanto ela rangia altamente, por minha sorte Lucky não acordou.

Tudo estava escuro lá fora iluminado apenas pela sombria luz da lua que refletia nos vidros das janelas, não me preocupei em ligar as luzes, atravessei a sala e desci as escadas tranquilamente.

Quando estava a alguns metros da cozinha as lembranças de Jack dizendo que viu o espirito de Johnny naquela noite invadiram minha mente. Apressei o passo e tentei mudar meus pensamentos, o que não deu muito certo.

Peguei um copo de vidro que se encontrava dentro do armário e quando pensei em abrir a geladeira para pegar um pouco de leite ouço barulhos perturbadores vindo do andar de cima, eram gritos, passos, sons macabros, e tudo ao mesmo tempo me tirando a pouca coragem que me restava.

Apressei o passo, quando chego na sala me deparo com vultos de formas humanas e algumas desumanas entrelaçando todo o espaço, os sons perturbadores vinham junto com os vultos, só que agora estavam muito mais alto.

Derrubei o copo de vidro no chão e seus cacos se espalharam, gritei loucamente, mas o som da minha voz não se formava, sem pensar mais em nada me encolhi no chão e fechei meus olhos fortemente.

O medo me dominava mais e mais a cada segundo que passava, parecia que quanto mais medo eu tinha, mais perturbador ficavam as cenas e os sons.

Passei alguns longos segundo ao chão, até que de uma hora para a outra tudo parou, os sons, as imagens, tudo voltou ao normal. Consegui forças de onde não imaginava mais ter, me levantei e corri desesperadamente para onde Lucky.

Lágrimas geladas escorriam por todo meu rosto e dentre alguns tropeços consegui chegar até o quarto.

Ao abrir a porta entrei correndo e parei imediatamente quando percebi que Lucky estava sentado na cama com a feição séria e um olhar morto direcionado para o "nada".

- Lucky?, ta tudo bem? - falei entre soluços e observando que Lucky permaneceu intacto. - você não ta me ouvindo? O que você tem? - falei voltando a chorar loucamente, dessa vez Lucky virou a cabeça para mim, seus olhos estavam avermelhados e seu rosto sem expressão alguma, me arrepiei da cabeça aos pés, levei minhas mãos para mais perto do meu corpo e fui recuando ligeiramente.

Jack foi a única pessoa que imaginei não ter conseguido dormir, pois achava que a imagem perturbadora de Johnny ainda estava martelando em sua cabeça, mesmo não gostando do desafio que ele fez para Mike fui até seu quarto, que era o da frente do meu e abri a porta violentamente, que por minha sorte não estava trancada.

Jack se encontrava encolhido no canto da cama coberto com lençóis e me olhou com os olhos enormes, ignorei seu olhar e fechei a porta, dessa vez à trancando.

Me virei para Jack novamente e observei seu pânico em me ver, só vim para seu quarto porquê sabia que ele não estava dormindo e era o quarto mas próximo de onde eu estava, além disso não queria acordar Catherine e muito menos ficar no quarto com Lucky que concerteza não estava normal.

- e aí não vai me perguntar porque estou aqui? - falei sendo um tanto grossa, indo em direção a sua cama, não sei o que aconteceu mas quando me tranquei com ele nesse quarto meu medo oscilava em diminuir.

- ah claro! O quê você está fazendo aqui? - Jack falou sem entender a situação.

Contei tudo o que aconteceu desde quando fui pegar um copo de leite e me deparei com uma convenção de seres sobrenaturais até quando vi Lucky muito mais que estranho no quarto e corri para cá.

Ele ouvia em silêncio e quando percebi já estava sentada em sua cama a pouco centímetros do seu corpo, logo me distanciei e o silêncio tomou conta do ambiente.

- Eu vou onde Lucky! - Jack disse se levantando e direcionando o olhar para a porta.

- Não faz isso, o Lucky não está normal! Ele não é assim! - falei puxando pelo seu braço fazendo seus olhos negros penetrarem nos meus castanhos.

- assim como? - Jack perguntou seriamente.

- assim, estranho! - falei conseguindo puxar Jack para perto de mim.

Jack transparecia horror, mais suas atitudes estavam corajosas, talvez por já estar com muito medo mais um fato assustador não faria diferença.

- Então amanhã a gente ver o que aconteceu, por hoje você pode dormir na cama de Mike! - Jack disse sentando do meu lado, na sua cama.

- Não quero dormir só, deixa eu dormir com você por hoje? - falei cabisbaixa, envergonhada por estar com medo de dormir a somente alguns metros dele.

- Tudo bem, mas não reclama se sentir algo duro debaixo dos lençóis durante a noite! - Jack disse entre risos, com ênfase ao falar "duro".

Não sei como, mas não senti raiva de Jack falando assim comigo, naqueles poucos minutos juntos quase consegui mudar minhas impressões sobre ele.

Agora tenho certeza que minhas bochechas estão vermelhas, mas ignorei o fato e deitei com Jack naquela cama pequena e desconfortável, passei alguns minutos acordada, sem sono, pois meus pensamentos estavam direcionados a tudo que vivi hoje.

Comecei a sentir meus olhos começarem a fechar e alguns minutos depois adormeci.

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