Parte III

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Caro leitor.

Desde já peço desculpas para o caso de encontrar alguns erros neste conto. Infelizmente o mesmo ainda não se encontra corrigido. Obrigada pela atenção e compreensão.

Boas Leituras

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- E eu é que tive a noite toda acordada, com ela a chorar. – Desabafa. – Para no fim ela voltar? Pior! Trazer aquele miserável à minha casa?

- Nesse sentido ela procedeu mal. Mas vais ficar assim? Ela é crescida e vacinada, sabe o que faz. Se quer ser cornuda, força para ela. E quando tudo der para o torto de novo, tu estarás aqui para ela e ela sabe disso. – Sorrio.

- Não! Não estarei mais.

- Não digas isso Eli, sabes que não é verdade. – Elisa deita fora o cigarro, passa as mãos pelo rosto e depois dá um sorriso enorme, daqueles que iluminam um dia cinzento e chuvoso.

- Vamos comer. – Aceno em concordância e coloco a roupa na maquina para lavar.

- No fim vamos dormir uma sesta, as duas e depois quando acordarmos lindas e renovadas vamos jantar fora. – Ela vai para protestar e eu levanto a mão, faço o meu olhar ameaçador. – Vamos e pago eu... McRoyal Bacon para mim. – Quando termino de falar, desatamos as duas a gargalhada.

***

- Acorda desgraçada! – Abro um olho ao mesmo tempo que enterro ainda mais a cara na minha almofada.

- Deixa-me dormir. Por favor.

- Nada de dormir. – Diz enquanto arranca o lençol de cima do meu corpo. – São 13horas, hora de almoçar, e irmos sair. Vamos!

- Mas tenho sono, por favor!! – Suplico. – A preguiça ainda está colada em mim.

- Oh deixa de ser bebé. Anda, dormiste o resto do dia todo de ontem, fora a noite! Credo, como é que consegues dormir tanto? – Levanto a cabeça da minha almofada e olho muito seria para ela.

- Sofro da síndroma do sono. Se me deixasses eu dormiria o resto do dia todo. Entraria em coma de preferência.

- Tem santa paciência. Não vieste a Lisboa para dormir e sim passear e estares comigo. Vais dizer-me que meti férias para nada? – Elisa tem as mãos na cintura e esta com um ar tão sério que sou obrigada a rir. Levanto-me da cama, quase que arrastar o meu corpo.

- Ok, ok vou tomar um banho e já vou ter contigo. – Digo divertida

- Acho bem. – Ela dá um sorriso vitorioso e vai para sair do quarto, no entanto para à porta e apoia a mão na ombreira da mesma. – Leonor? Não te atrevas a dormir na banheira. Ou eu juro que te afogo! – Ameaça

- Não serias capaz. – Digo chocada e de olhos arregalados.

- Tenta então.

Corro até a casa de banho e trato da minha higiene, quando finalmente termino, visto umas calças de ganga justas, um top vermelho que deixam a descoberto as minhas costas e prendo o meu cabelo no rabo-de-cavalo. Passo um pouco de BB Cream no rosto, um lápis preto nos olhos e um batom no tom castanho. Sorrio e saio da casa de banho, levando comigo a roupa suja para lavar.

Elisa está agarrada ao fogão a preparar o meu pequeno-almoço/almoço, o cheiro a carne de peru e cogumelos enche o ar. Espreito para dentro da frigideira e vejo cubinhos de peru, cogumelos e cenouras as rodelas.

- Humm, que cheiro divinal. – Murmuro.

- Pisga-te daqui. – Rosna Elisa, com uma colher de pau na mão.

- Ok, ok. Caramba, alguém aqui anda desesperada.

- Leonor.... – O seu tom de voz é ameaçador e eu fujo da cozinha, deixando a roupa cair do chão. – Eu mato-te desgraçada!

As lágrimas correm pelo meu rosto quando paro na sala, os seus gritos são ouvidos por Lisboa inteira, disso tenho a certeza. Pego no naperon que está sobre um móvel, este é de renda branca. Caminho silenciosamente até a cozinha e mostro apenas o naperon.

- Vim em paz. Posso entrar? – Pergunto enquanto espreito para a cozinha. Elisa está de queixo caído a olhar para mim e depois abana a cabeça.

- És louca. – Diz e riu-me.

- Ligeiramente... - entra na cozinha e coloco o naperon sobre a mesa. Pego na roupa suja e coloco-a na máquina, juntamente com outras peças de roupa da Elisa. Programo a máquina para lavar e depois vou colocar o naperon em cima do móvel da sala. Quando volto a refeição já está pronta e ajudo a colocar a mesa para nós as duas.

- Preparada? – Inquere Elisa

- Deveria?

- Sim, hoje vamos ao Mosteiro dos Jerónimos e depois vamos ao Museu Nacional dos Coches. – Informa

- A sério? – Guincho de entusiasmo.

- Sim, estive a programar os nossos dias e pensei em levar-te lá. Como gostas de coisas antigas. – Comenta enquanto encolhe os ombros desvalorizando o assunto. Levanto-me de um salto e abraço-a.

- Obrigada.

- Menos Leonor, menos. – Resmunga mas vejo o seu sorriso no rosto.

Começamos a comer e falamos de banalidades, quando terminamos eu lavo a loiça enquanto Elisa vai-se vestir. Por fim, quando estamos prontas saímos.

Devo dizer que fiquei completamente deslumbrada com o Museu Nacional dos Coches. Cada coche era mais lindo que o outro, e devo dizer que a minha mente sonhadora imaginou quem usou cada coche, morri um pouco de inveja pelo ser inanimado. Afinal de contas ele tem uma história secreta que ninguém conhece. Onde foi, quem o uso, o que viu e ouviu. Loucura bem sei. Mas é como se a minha alma fosse um ser bem antigo, que sempre que vê algo antigo fica deslumbrado e sentido por já não estar naquela época. O Mosteiro dos Jerónimos é lindo também, e uma vez mais, dei por mim a imaginar os tempos antigos, quem caminhava por lá, os sussurros dados e segredos. Porque certamente houve, certo? Bem eu gosto de pensar que sim.

Quando terminamos o nosso passeio, vemos que já é tarde mas mesmo assim decidimos ir comer uns belos pastéis de belém.

- Hora de voltarmos. – Digo animada

- Já? Pensei em jantarmos por aqui.

- Elisa, temos um encontro...lembras-te? – Arqueio uma sobrancelha para ela.

- Oh Céus. – Ela leva a mão a boca. – Achas que ele vai aparecer?

Insana Liberdade #1Onde histórias criam vida. Descubra agora