Capítulo 1. Reencontro, parte 1.

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De mãos dadas, as duas amigas cruzaram correndo a grande porta de metal.

Violyt mal conseguia manter-se de pé, tamanha era a pressa com que Haysla a arrastava salão adentro.

Sentimentos muito distintos habitavam em cada uma delas, desta vez.

Violyt estava feliz por recomeçar suas aulas. Ansiosa a respeito de seus planos de ocupar uma monitoria. Queria reencontrar os amigos... ouvir e contar novidades...

Mas, principalmente, Violyt estava preocupada.

Preocupada com a ansiedade que via estampar o rosto de sua melhor amiga.

Haysla tinha o coração disparado...

A barriga gelada, a cabeça rodando, as mãos suadas...

Não que ela não quisesse reencontrar seus amigos. O reencontro depois das férias, as novidades, a falta que todos, certamente, sentiam dela... Tudo isso seria bem legal! Claro que ela queria. Mas este sentimento ocupava uma parte muito pequena de sua mente. O sentimento que consumia sua mente, que devastava seu coração, que contaminava cada célula de seu corpo... era a saudade!

A saudade que sentia de Benjamin.

A saudade que sentia do homem que ela não deveria amar, mas que amava compulsivamente.

A saudade que sentia do homem que não deveria amá-la, mas que também a amava compulsivamente.

A última vez em que Haysla vira Benjamin, fora há mais de um mês, no Aeroporto Interplanetário de Frantila, numa breve e triste despedida.

Voltara de sua viagem de férias à Terra já havia 3 dias, mas não conseguira uma forma segura de burlar a vigilância de seu pai para encontrá-lo, ainda.

O enorme, branco e sofisticado salão de entrada da Academia Frantila, pareceu à Haysla infinitamente maior do que realmente era. Ele parecia não ter fim.

Num repente, o coração de Haysla disparou ainda mais! Haysla não sabia como isso era possível. Levou a mão ao peito... ele doía.

A respiração de Haysla acelerou-se mais do que seu corpo pôde acompanhar...

e então... se perdeu.

Só uma coisa era capaz de causar tamanho descontrole em seu corpo.

Benjamin.

Ele subia as escadas lentamente, o semblante triste, o olhar distante...

Seus cabelos castanhos, repicados até um pouco abaixo de sua orelha, cobriam parcialmente seu rosto perfeito. Sua pele ainda exibia um bronzeado dourado lindo, mas não tão intenso como costumava ser.

Ao erguer a cabeça, Benjamin levou as mãos ao seu cabelo, a fim de liberar seu olhar. Seus olhos cor de ouro cruzaram com os sedutores olhos azuis de Haysla.

Um enorme sorriso se espelhou no rosto de ambos.

Haysla correu à sua velocidade máxima, pulando no pescoço de Benjamin e apertando-o com força. A apenas poucos centímetros de seu rosto, foi que ela se lembrou de que não poderia estalar o beijo que pretendia em sua bochecha.

Haysla nunca poderia beijá-lo.

Benjamin era seu anti- príncipe.

Ele era um klyso, o povo mais poderoso do universo.

Os klysos eram o único povo entre os aliados que possuía controle mental em grau 10, o que lhes garantia total controle de todos os dons de origem mental. Além disso, os klysos produziam a ekliefina, substância que os permitia viver até os 900 anos de vida, aproximadamente.

Mas não era nada disso que fazia de Benjamin o anti- príncipe de Haysla. O real motivo era que os klysos eram o único povo do universo que possuía veneno.

Para os habitantes de alguns planetas seu veneno não representava risco algum, para outros, era fatal.

E... Por uma brincadeira sarcástica e perversa que num dia de um humor sombrio o destino resolveu pregar, Haysla tinha o organismo intolerante ao veneno de Benjamin. Se uma única gota de qualquer fluido de seu corpo entrasse no organismo dela, ela morreria... em poucos minutos.

Mas... essa impossibilidade não fora forte o bastante para frear o enorme amor que nasceu entre os dois, crescendo até consumir por completo cada célula de seus corpos.

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À sombra do perigo. Sob a luz das galáxias, livro 2.Onde histórias criam vida. Descubra agora