Capítulo 3, parte 2.

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"Também estou feliz demais por estar aqui com você, minha linda! Mas gostaria que você não estivesse tão feliz quanto eu." Ele mentalizou para Haysla.

"My, eu acho que aquele homem que irradiava alegria e sede de viver, de verdade, você não verá nunca mais. Mas posso fingir ser ele de novo, se te fizer feliz." Ele mentalizou para Marriah.

Tudo em paralelo. Tudo ao mesmo tempo.

"Incoerente, como sempre." Haysla constatou.

"Se te fizesse feliz, Ben, eu aceitaria seu fingimento." Marriah retrucou.

– Também amanhã, e também depois da aula, virão aqui os litunáqueos e outros planetários que eu contratei para o baile. Vocês terão que transmitir-lhes as instruções. Benjamin falou em voz alta.

– Por que litunáqueos? Haysla perguntou, curiosa. – Qual será o tema do baile?

– Vou explicar... menina curiosa e ansiosa... Ele implicou, divertindo-se com a impaciência de Haysla.

..........

– Antes que eu me esqueça... Benjamin disse assim que Marriah deixou a sala. Ele não costumava se esquecer das coisas, seu cérebro tinha espaço demais para guardar tudo o que precisasse se lembrar, mas ao lado de Haysla o cérebro de Benjamin parecia só ter espaço para ela. Ele seguiu até sua mesa, abriu a segunda gaveta e fazendo levitar um pacotinho de seus lenços. – Seus. Ele disse, direcionando-os à Haysla.

– Uau!!! Haysla exagerou na exclamação. – Quer dizer que agora eu terei meu próprio lenço esterilizante do seu veneno. Que chique!

– Muito chique. Benjamin fingiu concordar. – Quando estiverem acabando, você pode pegar mais na minha gaveta.

– Eu espero que acabem bem rápido. Haysla comentou, mordendo os lábios, deixando claro que esperava ter muita necessidade de usar os lencinhos de Benjamin.

– Bom, eu já estou indo... Benjamin anunciou, sem nem citar o comentário de Haysla. Ele desligou seu notebook e o colocou dentro de uma pasta. – Ainda tenho uma reunião no Palácio Central e, como sempre, já estou atrasado. Mas... eu sei que você não precisa, tem 4 carros à sua espera lá fora... mesmo assim, se quiser uma carona, te deixo em casa. Desviar-se de seu caminho para deixar Haysla em Blue Ville faria Benjamin chegar ainda mais atrasado ao Palácio Central. Mas se ele pudesse passar mais alguns minutos ao lado de Haysla, seria um atraso bem justificado.

– Me deixe pensar... Haysla ironizou. – Ir pra casa com um motorista chato que nunca fala uma palavra, seguida por 15 guarda-costas que não largam do meu pé, ou pegar uma carona com o amor da minha vida? Tô em dúvida! Decisão difícil...

– Vamos embora, Hay. Benjamin encerrou o assunto, após dar uma risada da brincadeira de Haysla.

Assim que ouviu a buzina de Keynel, Haysla desceu correndo as escadas. Duas sacolas de presentes penduradas em suas mãos.

Ela havia combinado com seu namorado de passar o resto do dia na casa dele, para matar a saudade de sua família, com quem mantinha uma excelente relação, e entregar-lhes os presentes que trouxera da Terra.

– Cuidado amor, o chão está escorregando muito. Keynel a alertou, já pegando as sacolas das mãos de Haysla com uma das mãos e oferecendo-lhe a outra, em ajuda.

A generosa camada de neve que cobria o chão colaborava para enaltecer ainda mais a beleza de Blue Ville, no inverno. As folhas azuis de suas majestosas árvores se punham brancas durante esta estação, e de muitas delas desciam finíssimos e minúsculos estalactites de gelo. Estalactites maiores desciam de seus galhos. A neve era retirada constantemente dos canteiros de flores, para não apagarem sua beleza. A pouca neve que ainda restava ali apenas contribuía para a perfeição da cena. O pano de fundo era a visão de algumas lindas montanhas cujos cumes se escondiam sob a neve.

Mas... havia algo que destoava da cena. 

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À sombra do perigo. Sob a luz das galáxias, livro 2.Onde histórias criam vida. Descubra agora