Cinco

16 1 0
                                    

Vicente não me deu notícias nos dias que se seguiram. Mil coisas passavam pela minha cabeça. Eu tive uma pequena crise de ansiedade no meio disso, o que me fez ficar com medo. Eu realmente gostava dele. Eu realmente tinha medo dele ir embora.

Era o que mais me assustava sobre Júlia. Ela poderia tirar ele de mim quando quisesse.

No meio desse fuzuê na minha cabeça, eu li umas coisas sobre amor na internet. Tudo que Vicente falava sobre Julia, era amor. Eu não tinha duvidas sobre isso.

Em uma das minhas idas a padaria, vi Júlia pessoalmente pela primeira vez. Recomheci pelas fotos do facebook. Ela tinha uma pele muito clara, os olhos azuis da cor do mar, e cabelos castanhos escuros. Ela era realmente muito bonita. Ela estava com uma criança, algum primo ou irmão mais novo, com um rosto calmo e feliz. Eu estava ali, no mesmo ambiente que o amor da vida de Vicente, e ela nem sabia da minha existencia. Depois de uma semana, resolvi mandar uma mensagem.

"Você prometeu. :P"
Enviei com tom de brincadeira. Ele disse que daria notícias no mesmo dia, e nunca mais falou nada.
"Foi horrivel." Ele foi seco, e objetivo. Não sabia exatamente o que fazer.
"Quer conversar?"
Apesar da distancia, 15 minutos de silencio até receber a resposta foi dolorido.
"Posso ir até a sua casa?"
Assim, de repente.
"Pode."

Alguns minutos depois, Vicente tocava a campainha.
Quando abri a porta e vi aquele par de olhos tristes, quase que me pedindo socorro, não pensei duas vezes antes de abraçá-lo. Fui impulsiva, irracional. Nem disse oi.

Eu nunca tinha abraçado ele antes.
Eu nunca abraço pessoas.
Que foi isso?!

Ele correspondeu meu abraço, me apertando forte. Depois, me soltei e disse pra ele entrar. Ele sentou no meu sofá e ficou encarando a TV desligada.
"Que casa silenciosa."
"Só temos eu e minha avó. Ela gosta de ficar no ateliê, e a gente não curte muito assistir tv."
"Eu ia gostar de morar aqui."
Eu sorri.
"Então, Ana. Júlia tem um namorado. Ela queria me contar pessoalmente antes de tornar público nas redes sociais. Ele é um inglês, loiro, alto. Bonitão, até. Mas.." ele suspirou. "Eu não sei o que deu em mim, Ana. Eu levantei e fui embora da lanchonete. Nem olhei pra ela. Eu nem falei nada do tipo: seja feliz. Nada."
Eu fiquei quieta encarando a expressão triste do rosto dele.
"Você gosta de jogar?"
"Desculpa não falar nada eu realmente não sei o que te dizer. Deve tá sendo dificil, e eu nao posso melhorar isso." Eu disse, sincerente. "Mas eu gosto de jogar sim."
"Isso ajuda. Eu trouxe o videogame. Vou buscar."
Ele foi até o carro, buscou o videogame, instalou-o na minha casa, me deu uma manete, me ensinou alguns jogos e passamos a tarde jogando. Eu fiz alguns lanches pra gente, e pedimos pizza a noite.
Quando a pizza chegou, ele arrumou a mesa. E continuou a história.
"Eu fui muito bobão com a Jú. Eu não devia ter terminado. Ela é linda. Logico que logo ia arrumar outro cara . Eu só... sei lá. Achei que ela me amava também. Ainda. Eu levei flores naquele dia. E ela me olhou triste. Com pena. Me senti muito idiota por tudo que aconteceu com a gente. Por isso não disse nada quando ela me contou. Eu não tinha o que dizer."
"Tenta falar com ela de novo... poxa. Acho que vocês merecem uma conversa."
"Você acha?"
Ele me olhava de um jeito fraternal. Como se eu tivesse acabado de dizer tudo que ele mais queria ouvir.
"Acho."
Nós comemos a pizza, rimos, tentanos esquecer os problemas, e depois ele foi embora.
E eu, ali parada, sonhava em ser a Júlia de alguém um dia.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jul 02, 2016 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

AtravessamosOnde histórias criam vida. Descubra agora