— indiferença —
taehyung segurou a coxa semi cozida da galinha, seus dentes seguravam com força a carne quase crua, rasgando-a com violência.
pela janela da cozinha dava para ver o quintal do vizinho. crianças corriam de um lado para o outro, rindo e caindo pelo chão. nos seus rostos estava estampada a felicidade.
taehyung não sabia o que era aquilo. nunca havia sentido em todo seus dezesseis anos de vida.
nunca havia sentido nada.
ele não sabia porquê era assim. a razão de sua incapacidade em compadecer-se pela dor alheia, de sentir-se feliz quando seus pais iam até seu quarto e davam-lhe um beijo de boa noite, sussurrando quanto amavam-o.
para ele aquelas eram palavras desconexas e sem sentido.
quando sua irmãzinha, de apenas cinco anos, corria até seu quarto e lhe pedia ajuda com as atividades da escola, sorrindo lindamente sem os dentes da frente, os cabelos caindo lisos e desgrenhados.
taehyung só conseguia pensar em como seria puxar aqueles fios e vê-lá gritar para que parasse.
mas ele não entendia, aquela era a sua irmãzinha. por que sentia tanta vontade de machucá-la e vê-la sofrer?
por que tinha tanto prazer em esconder os papéis de trabalho de seu pai e vê-lo correndo pela casa logo na manhã, morrendo de preocupação. taehyung contia um sorriso ao observar o desespero no semblante do velhote.
ele não sabia como era sentir aquilo, mas causar aquele sentimento nos outros era gratificante.
quando tinha dez anos começou a estranhar suas próprias ações e pensamentos, era sádico, maldoso, fazia-se de bom moço na frente dos pais e de todos que compravam perfeitamente a sua manipulação.
eram tão fáceis.
enquanto lia seus quadrinhos favoritos, identificava-se com os vilões. com grandes ideais, pensamentos revolucionários.
encantava-se com hitler. a beleza de tornar o mundo puro era uma ideologia atraente, não considerava-se neonazista, apenas partilhava de uma admiração pela sabedoria e coragem sem igual que o homem trazia, mas tinha os próprios interesses. que eram extremamente diferentes.
assim como os grandes nomes da política eram ditos como psicopatas, porque não conseguia sentir empatia, apenas procurando alimentar seu ego e sua sede por aquilo que lhe era correto.
taehyung assemelhava-se a eles. tinha ideias revolucionárias e esperava coloca-las em prática.
apenas tinha de esperar a presa certa.
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EMPATIA | taeseok
FanfictionHoseok passa seus dias desejando que fosse corajoso suficiente para acabar com seu martirio. É nos braços de Kim Taehyung, um psicopata sonhando em tornar-se um serial killer que ele finalmente consegue completar seu desejo. A morte era acolhedora.