Capitulo II

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- Pedro!? Pedro? - Fui correndo em direção a ele. - Pedro! Que merda! Oque foi que eu fiz?
Será que ele morreu? Meu Deus é tudo culpa minha. Em um instante rua inteira encheu, porém no meio daquela multidão uma voz sussurrava no meu ouvido:
- Siga.
Olhei para todos os lados e ninguém tinha ninguém falando aquilo pra mim. A voz se repetia a todo momento na minha cabeça.
Depois de algum tempo Pedro foi levado ao hospital, por sorte deixaram eu ir junto.
- Não é nada grave, se deixar amanhã mesmo ele sai daqui, foi só uma pancada de leve. - Disse o médico
- Ufa! Por um instante eu achei que tinha sido algo sério.
- Não, o carro nem estava em alta velocidade, ele apenas caiu de mal jeito.
Alguém abre a porta com força, era a mãe do Pedro. Ela me olha espantada mas logo faz cara de brava
- Eu disse pra ele que não era pra se misturar com esses homenzinhos, mas olha só no que deu, precisou ser atropelado pra saber - Disse sua mãe.
- Calma senhora, olha eu nem tava misturado ou sei lá oque você quis dizer com ele. Eu só sou um amigo, um antigo amigo.
- Antigo amigo é? Isso que ele diz sempre. Olha, sai daqui, você já ajudou bastante ele fazendo-o ser atropelado!
Eu olhei pra ela com raiva porém não revidei, apenas fui embora, afinal tenho que voltar a trabalhar de qualquer jeito. Se é que eu ainda tenho um emprego. Sentado no ônibus esperando chegar no meu ponto a voz volta dizendo:
- Olá Allex. - Com um tom um pouco assustador
- Quem é você? - Dou um grito
Todos no ônibus olham pra mim, viro a cara pra janela morrendo de vergonha. Não foi nada.
Mas a voz volta logo em seguida dizendo "Siga" repetidamente.
Ela continua falando isso repetidamente como se fosse um sussurro no meu ouvido, Siga? Seguir pra onde? Pera, eu tô mesmo querendo seguir uma voz na minha cabeça? Meu Deus, eu devo estar louco, isso é só minha imaginação. A voz continuou a sussurrar até eu soltar no meu ponto, depois disso ela piorou, era como se muitas pessoas gritassem na minha cabeça coisas diferentes, eu sentei, coloquei a mão sobre minha cabeça, fechei os olhos e respirei fundo. Quando eu abri os olhos via tudo destorcido. Levantei rapidamente soltando um grito:
- Para!!!
Por um instante ela parou e minha visão voltou ao normal, mas logo em seguida as vozes e a distorção voltaram mais e mais intensas. Eu comecei a passar a mão na minha cabeça e a andar rápido, até que eu comecei a girar e dei de cara em algum objeto.
Acordo no outro dia e já dou de cara com a minha mãe, no momento que ela me viu levantou-se da cadeira veio em minha direção e me esbofeteou na cara.
- AI! Oque foi isso?
- Não, eu não acredito que você voltou a fumar, cheirar, ou sei lá.
- Não, eu não voltei a fumar.
- Para de mentir! Isso só vai prejudicar você, eu pedi pro médico olhar sua pupila, e ela está dilatada. Eu sei que você andou se misturando com essas porquísses.
- Não, como assim? Eu tava voltando do hospital...
- Sim, do hospital com o Pedro, aquele moleque que era seu cúmplice lá no tráfico.
- Não, eu só fiquei com umas vozes estranhas na minha cabeça e tava vendo tudo distorcido.
- E isso é oque? Foi por que você andou fumando crack de novo!
- Mas que droga! Para de falar isso sempre, tudo oque eu faço você sempre relembra essa droga de passado, eu vivi nele e não você, você não sabe como é duro ter uma mãe que nunca se importou comigo e me deixava de qualquer jeito em casa enquanto ia aos bares beber chorando pela morte da droga do meu pai que só te maltratava.
Me levanto da cama e saio do quarto. As vozes voltam gritando na minha cabeça:
- você não é o escolhido...
Várias vozes falando a mesma coisa.
- Ahhhh! Para! - Dou um grito no corredor do hospital, todos os médicos param de fazer oque estão fazendo e olham pra mim, inclusive minha mãe que sai da sala correndo.
- Peguem ele, levem ele para um hospício, isso não é meu filho, é apenas um cracudo. - Disse a minha mãe.
Eu olho pra ela espantado, porém acho que é melhor eu ir, talvez essas vozes parem.
Alguns dias se passaram e Pedro vem me visitar, eu estava numa sala toda branca com as mãos atadas pra não me machucar, eu estava realmente mal, as vozes não paravam, elas me mandavam fazer coisas, me xingavam, diziam pra mim seguir pra algum lugar.
- Allex? Você tá melhor? Oque aconteceu? - Disse Pedro, eu olhei pra ele com os meus olhos arregalados, todo bagunçado, com cara de louco e disse:
- As vozes não param, elas não param, elas me xingam, elas me mandam seguir, seguir pra onde? Me diz pra onde eu tenho que seguir.
- Aí meu Deus, você ficou louco?
- Eu não tô louco, tem alguém preso dentro da minha cabeça... você acredita em mim?
- Quais são os remédios que eles te dão aqui? Você sabe? Ou pelo menos quantos você toma por dia?
- Eu tomo uns 10 remédios por dia, eles acham que eu sou louco, eu não sou louco, tem alguém preso na minha cabeça, eu juro. Você acredita em mim não é Pedro?
- Eu vou te tirar daqui.
- Pedro, você acredita em mim não é?
- Shhh! Eu vou te tirar daqui! - Ele se vira e vai embora.
Eu estava igual a um louco naquele lugar, não parava de me tremer. Os remédios só me deixavam pior. As vozes estavam me matando por dentro. Não saia mais da solitária, tomava muitos remédios por dia, e isso com apenas alguns dias internado lá. No outro dia Pedro voltou.
- Hey, como você tá?
Eu olhei pra ele, todo acabado e disse:
- Eu não aguento mais essas vozes me mandando fazer coisas, eu não sou louco, eu só preciso de um tempo, de descansar, elas vão passar.
- Olha, eu conversei com sua mãe. Você andou fumando?
- Não! Elas so começaram, isso tudo foi culpa do anjo que tocou meu rosto, eu sei disso, eu sei.
- Acho que você está louco, isso é oque um louco diria
- Eu, eu não tô louco - Respirei fundo e continuei - Eu preciso sair daqui, eles que estão me deixando louco, eu nem vejo a luz do sol.
- Eu sei, eu vou te tirar daqui amanhã, eu tenho um plano...
Eu estava ansioso para sair de lá, as vozes já estavam parando de tanto eu pensar em sair daquele hospício. Quando finalmente amanheceu ele abriu a porta, vestido de doutor e com minha COMIDA. <3
- Venha, eu vou tira-lo daqui.
- Co.. Como você pegou essa roupa? - Disse isso enquanto seguia ele.
- Depois eu te explico, agora precisamos sair daqui.
Enquanto estávamos fugindo a buzina soa.
- Um paciente foragido. - Alarma uma mulher pelos rádios do hospital
- Fica calmo, não deve ser você, afinal eu estou vestido de médico, não há suspeitas.
- Hey, parados! - Dois policiais gritam chamando a nossa atenção.

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