- Que? Como assim? Você também pode ouvi-las?
- Sim, isso começou à alguns dias, eu não sei o que fazer pra parar.
- Não, pera, como assim? Você pediu pra parar nesse restaurante por que as vozes te mandaram? - Disse Pedro
- Sim, eu disse que não era loucura minha
Pedro olhou para a garçonete e disse:
- E você? Não está mentindo, está?
- Não. Eu não tô mentindo, essas vozes loucas ficam falando coisas estranhas na minha cabeça.
- E como elas começaram?
- Elas começaram quando um ser azul encostou em mim. Eu tentei contar pra todos mas foi como se tivesse acontecido outra coisa naquele momento.
- Viu! Igual a mim! Nós temos que seguir essas vozes e ver o que elas querem.
- Olha, isso é muito estranho. - Disse Pedro
- Não, isso é algo especial, que nos ganhamos.
- Eu não quero isso especial, eu tenho filhos, eu não posso simplesmente parar a minha vida e começar a seguir uma voz desconhecida por aí como se eu não tivesse deixado nada pra trás. - Disse a garçonete
- É, eu sei. Mas nós não também não podemos deixar isso pra lá. Ela vai continuar e continuar até nos deixar loucos.
- MARISA! Volte ao trabalho! - Disse o dono da lanchonete.
- Eu tenho que ir. - Disse a garçonete voltando ao seu trabalho
Pedro virou pra mim, me olhou com cara de raiva e disse:
- Eu ainda não acredito em você.
- Mas é claro que não, você só acredita naqueles policiais que disseram que se você me denunciasse ia ficar tudo bem comigo.
- Olha, eu sei que isso te magoou e acabou com a sua vida, mas agora eu estou aqui de volta, te pedindo desculpa, tentando me redimir com você.
- Você acaba de tentar me levar a um hospital de loucos sem minha permissão. Desculpas não são o bastante.
Ele olha pra mim é sorri.
- Porque esse sorrisinho bobo?
- Olhar pra gente nessa loucura me fez relembrar de quando a gente fugia da sua mãe. De quando nos escondemos em uma lanchonete, igual a essa porque a polícia tava caçando a gente.
Abro um pequeno sorriso é digo:
- Eu... eu me lembro, deixamos um boneco no volante e pulamos pra fora do carro. A polícia tava tão longe que não viu a gente. Eu me ralei todinho pulando de lá. - Começamos a rir até eu olhar fundo nos olhos dele, me levantar e ir lá pra fora.
Pedro vai atrás de mim, para ao meu lado olha pra cima e diz:
- Eu sei que você ainda tá chateado porque eu te denunciei, depois que eu percebi da droga que eu tinha feito eu pirei, não foi fácil pra mim também, te procurei em todos os lugares até minha mãe me internar em uma clínica para drogados, e eu nem era drogado. Só sai com dezoito anos tive que voltar aos estudos, mas nunca deixei de te procurar até eu te encontrar trabalhando de entregador de panfletos, demorou um mês pra mim te chamar. Eu fica só de longe, te olhando.
Respiro fundo e digo:
- Eu fiquei pensando em você enquanto cumpria minha pena na cadeia, mas não eram bons pensamentos, eu só pensava em como me vingar... Mas depois que eu saí de lá eu só pensei em como minha vida era horrível pelo oque eu fiz, por ter feito coisas erradas, por me misturar com pessoas erradas e então eu parei de querer me vingar de você. Só não queria mais te ver.
- Meninos! Meu turno acabou! - Disse a garçonete.
Nós entramos, sentamos e conversamos a tarde toda e até uma parte da noite. Seu nome era Marisa, ela teve sua vida interrompida aos 15 anos por engravidar, a menina mais inteligente da turma ficou grávida em uma festa meia-boca por um cara desconhecido. Ela tinha sonho de ser arquiteta porém virou uma garçonete. Conversamos sobre tudo até o Pedro acreditar que ela ouvia as vozes. Ela contou que escrevia todas as vozes em um papel e que iria ajuda-nos na procura das vozes, porém apenas contando o que elas falassem.
Voltei a casa de Pedro, ele decidiu me ajudar. Chegando lá ele olhou diretamente para mim e disse:
- Eu acredito em você.
- Você age como se fosse meu pai ou sei lá.
- Você age como se fosse uma criança, tentando brigar comigo toda hora!
- De repente foi porque...
- Porquê?
- Pera, as vozes voltaram
- E? Oque elas falam
- Lá fora! Tem algo lá fora.
Saio correndo, eu estava tão emocionado. Era minha primeira missão, ou algo do tipo. Saio correndo até a rua.
- Allex espera!
- Rua Lilith Mendonça, rua Lilith Mendonça eu preciso ir até lá!
- Fica algumas quadras daqui
- Eu sei bobalhão, é a rua da casa da minha mãe, me empresta seu carro.
- Pera, eu vou com você
- Não! Fica aqui, olha eu tô com fome vai fazer algo.
- Mas você comeu 3 pastéis.
- Eu tô com fomeeeeeee
- Tá, pera.
Fui até lá sozinho. Era tanta emoção e pressa que eu quase bati em um poste. Chegando lá a voz me disse para procurar no chão.
- Como assim no chão? É algum tipo de especiaria mágica da terra? Algum amuleto que controla a terra? Alguma passagem pra um mundo alternativo com um alçapão mágico aqui?
Eu cheguei lá meia noite e já eram quase quatro da manhã e eu ainda estava procurando o tal amuleto ou sei lá oque.
- Allex, você achou? Meu Deus eu estava preocupado. - Disse Pedro correndo na minha direção
- Não, eu n sei o que é pra achar, ela só disse pra mim procurar aqui no chão.
- Chega, pode ter sido algum erro ou sei lá. Você já tá há muito tempo ai
- Não, só mais um pouco eu vou conseguir!
Eu continuei procurando, por mais ou menos uns 30 minutos, até que a voz disse:
- É isso!
Minhas pupilas aumentam, meu coração dispara, eu vejo estrelas caindo do céu. Eu achei!!!!!!!
- Mas o que é... isso!?
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PertualanganTalvez eu esteja louco, talvez eu possa ter alguma doença ou sei lá, talvez seja verdade. É meio louco oque aconteceu comigo, o que pode ser essas vozes na minha cabeça?