Capítulo 1 - O Naufrágio

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Lá em cima com toda a certeza de minhas barbatanas, deve estar tendo uma tempestade, meu pai o rei dos mares nunca gostou de humanos velejando por essas bandas, ainda mais que da última vez minha tia ficou presa em uma rede pescaria. Então imaginem uma pessoa que ficou com raiva, esse foi o meu pai.

Eu estava dentro da minha concha tentando dormir, enquanto ouvia raios e mais raios que meu pai provocava.

-Ariel! - Ouço batidas na concha e alguém me chamando. -Achei que teria que abrir a força. - Minha prima Luisa estava apoiada na minha concha e balançava sua calda com calma, ela tinha cabelos azuis e uma calda vermelha, seus olhos escuros me olhavam fazendo uma proposta que com certeza meu pai nunca iria aprovar.

-Nem pensar Luisa...não vou desobedecer meu... - Fui interrompida por um barulho de raio e aplausos vindo do salão, ele deve ter acertado o barco.

-Mas eu nem disse...

-Eu te conheço, você deve estar com vontade de ir na superfície, estou errada? - Seus olhos brilharam e sua calda mudou do vermelho para o branco.

-Sabia que você é muito esperta? - Balancei a cabeça e comecei a fechar minha concha. -Espera.. - Ela me impede de terminar de fechar. -E se houver alguém ferido? - Ela sabia que isso era golpe baixo pois eu tenho o poder da cura. Olhei-a demonstrando o que ela acabara de falar e Luisa somente sorriu se afastou e me chamou com a mão, sai da minha concha e a fechei nadei junto a ela até a superfície e vi horrorizada tudo o que meu pai fizera.

Haviam corpos mortos flutuando por todos os lados e Luisa adorou aquela vista, pois poderia alimentar sua beleza com eles.

-Vê se tem alguém vivo e é seu, eu quero os que já foram.. - Ela sorriu e mergulhou indo de encontro com o corpo mais próximo, tocou e a pele envelheceu fazendo-a ficar mais bonita.

Nadei por todos os lados verificando os batimentos de cada um, sem sucesso parei e assobiei para que saber onde minha prima estava.

-Encontrei um vivo, venha o mais rápido, estou na praia. - Ouvi um assobio como resposta e mergulhei o mais rápido que pude.

Cheguei na praia e Luisa estava ao lado dele olhando-o e colocando sua mão em seu pescoço para verificar novamente os batimentos. Nós sereias verificamos a vida pelo olhar e o toque, mas isso nos desgasta muito, por isso aprendemos essa técnica com os humano, foi a única permitida por meu pai.

-Você consegue? - Fiz que sim com a cabeça e ela pulou no mar novamente.

Me aproximei de seus lábios, abri com a minha mão sua boca e assoprei, um vento gelado saiu de mim e entrou nele, vi sua palidez sumindo, indicando que estava acordando, essa seria minha deixa para sair dali, mas seus olhos foram mais rápidos e me olharam, ele me observava, vi sua pupila se dilatar e sua respiração ficar ofegante, meu corpo começou a agir diferente, meus olhos o olhava com intensidade, minhas mãos em seu rosto e em seu ombro, não queriam sair dali, ele segurou meu queixo com suavidade e tentou me beijar lentamente, mas me afastei e passei a mão em seu olhos, fechando-os. Ele tinha que pensar que aquilo era um sonho, me afastei, mas meu corpo pedia outra coisa, toquei a areia e fiz com que a natureza o levasse para onde era sua casa, mergulhei no mar e senti minha calda mudando de cor, do verde para o vermelho, parei e observei aquela cor, tirando o vermelho de nascença, o vermelho que aparece nas sereias indica o amor, mas não qualquer amor, mas o verdadeiro.

-Até que fim você... - Minha prima para e me olha, vendo a cor de minha calda. -Não diga...um humano Ariel? - Minha prima falava atônita. -Poderia ser qualquer um, mas um humano não... - Ela se afasta e vejo que ela vai em direção do castelo.

-Você não pode contar ao meu...

-Ariel! Venha, precisamos conversar. - Ouço me pai me chamando com sua voz forte e ao mesmo tempo calma. Olhei Luiza e ela entendeu.

-Você precisa fazer essa cor desaparecer. - Ela aponta para minha calda. -Posso te ajudar. - Ela fala quando vê meu desespero. Ela se aproximou e tocou minha calda, senti sua mão esquentando e vi a cor de minha calda voltando ao normal.

-Obrigada!

-Agora vá! Seu pai não gosta de esperar. Mas se lembre que deve se afastar do pensamento senão sua calda... - Ela fala enquanto eu me afasto em direção do castelo.

-Eu sei! - Foi meu pensamento.

Nadei o mais rápido possível e parei em frente do quarto real, olhei novamente para minha calda para ter certeza de sua cor e abri a porta de pedra.

-Eu te acordei minha filha? -Meu pai nadou até mim e beijou minha testa.

-Se você está perguntando sobre seus raios, sim, mas se foi da voz, nao. - Sorri e ele me abraçou, meu pai tem um porte de músculos por seu corpo, apesar de seu bigode, barba e cabelo, ele faz muita inveja para os outros no reino.

-Tenho que te contar sobre a razão de eu não deixa-la ir na superfície. - Se ele soubesse, eu estaria encrencada.

Ele se afasta e vai em direção do bau da mamãe, abriu e tirou um livro grande, algumas conchas e uma pena para escrever, se vocês não sabem, minha mãe era uma humana. -Venha! - Pela razão de um encantamento, todas as coisas da minha mãe não se acabava pela água salgada e assim permaneciam perfeitos. Me aproximei e toquei o diário de minha mãe. -Leia! - Ele abre o diário na data do meu nascimento.

"Hoje, recebi a maior benção que poderia ter na vida, Ariel puxou a raça do pai e por isso nasceu com cabelo vermelho e não ruivo, sua calda verde-água é linda e seu pai está com um sorriso de orelha a orelha, mas por infortúnio do destino ela não pode habitar o mundo dos humanos, pois se habitar, começara a maldição da Dama Negra.

Não é uma simples maldição, pois fará que ela mate seu amor verdadeiro e continue sua descendência até que o futuro e o passado se encontrem para essa quebra, ela terá de escolher entre seus descendentes e seu amor, e peço filha, que se está lendo, que escolha seu amor, pois viverá sozinha, a menos que puxe a seu pai para a escolha de sua descendência. Eu a amo e peço que não se aproxime da superfície para que não sofra."

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Bjs

Me Apaixonei por um Humano - Repostando por pedidos Onde histórias criam vida. Descubra agora