Capítulo 8 - Minha descendência

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Tudo a minha volta parecia não ser real, somente depois de algum tempo minha mente percebeu o que houve ali, meu corpo desfaleceu em cima do dele e lagrimas escorreram pelo meu rosto.

-Ariel! - Ouço a voz de Bela, mas não me viro, Fera se aproxima de mim e pega a espada, ele guardou as duas em uma bolsa cumprida e colocou nas costas. -Precisamos ir! - Ela se ajoelha tocando meu ombro, me abraçou e senti seu carinho, realmente eu podia sentir seu carinho de família, ela parecia-se com meu pai nessa hora.

Me levantei, fiz com que raízes crescessem envolta de seu corpo, o cobrindo do sol, chuva vento ou o passar do tempo, me afastei com dor no coração, mas Bela estava ao meu lado e de uma certa forma seu marido também estava me consolando, do seu jeito, mas consolando. Descemos aquele monte até a praia, meu pai estava sentado em uma pedra balançando sua calda calmamente e observando o tempo que ainda estava escuro.

-Pai... - Ele me olhou e transformou sua calda, veio até mim e me abraçou, desabei em seus braços e meu corpo não respondia, era muita tristeza para uma pessoa só.

-Quem são vocês? - Bela arregalou os olhos com a voz de meu pai, aquilo me fez sorrir inconscientemente.

-Essa é Bela minha mulher, sou Fera seu esposo. - Fera esticou sua mão e meu pai correspondeu, cumprimentando-o.

-Você é a descendente de minha filha? - Bela sorriu e assentiu, era evidente seu medo pelo meu pai. -Posso ver alguns traços de minha mãe em você. - O olhei, ele nunca havia falado de minha avó.

-Não temos muito tempo senhor, precisamos de uma concha branca e a pulseira de conchinhas que Mulan entregou para Ariel... - Meu pai arregalou os olhos com a atitude de Fera, mas logo fez cara de que entendia o que precisavam.

-Minha filha vai com vocês para pegarem a concha e eu busco a pulseira. - Os dois assentiram, meu pai deu um beijo na minha testa e pulou no mar.

-Esse tipo de... - Me apoiei em meus joelhos.

-Você consegue? - Bela se abaixa.

-A dor de te-lo perdido é forte, mas eu consigo. - Me ajeitei e continuei. -Esse tipo de concha somente se encontra na parte mais escura do mar, precisaremos nadar. - Os dois se entreolharam e arregalaram os olhos.

-Fera tem medo de... - Fera da uma cotovelada em Bela que a faz rir.

-Não posso ir. - Bela da risada e me olha, enquanto Fera está com a sobrancelha esquerda levantada fazendo careta para ela.

-Tem medo de água...acredita? Um tamanho de homem desse! - Ela aponta para ele todo, Fera a empurra e ela cai na risada.

-Me deixa Bela. - Ele fala um pouco irritado.

-Não da... - Ela o abraça. -Te amo demais para fazer isso. - Ele sorri e a abraça pela cintura, dão um selinho, o carinho deles me fez não me arrepender do que eu havia feito, eu sacrifiquei um amor pelo outro.

-Vamos Bela! - Ele me olha e faz cara de duvida.

-Como vou nadar tão profundo? - Me lembrei de varias coisas, inclusive do diário de minha mãe.

-Precisaremos de sua espada, na verdade você precisa. - Fera a olhou e abriu a bolsa.

-Tem certeza Ariel? - Fera com receio de estregar a arma na mão de sua mulher.

-Quando se transformar em Dama, dentro da água ela sera uma sereia, a arma sera sua calda. - Fera sorriu, os dois se aproximaram da água, quando o mar tocou os pés de Bela, ele colocou em sua mão a arma.

A areia molhada começou a se juntar em suas pernas, cobriu-a até seu quadril, a água do mar a molhou mostrando suas escamas vermelhas, seus seios foram cobertos por conchas brancas e seus cabelos caíram soltos e cacheados sobre seus ombros. Bela se desequilibrou e Fera a segurou, ela se arrastou até o mar e deu um mergulho.

-Esquisito ser sereia. - Ela fez uma careta quando voltou para a superfície, Fera e eu rimos daquela situação.

Entrei no mar, bela deu um selinho em seu marido e mergulhamos, nadamos muito e ela admirava cada cando das profundezas com brilho nos olhos, chegamos em uma grande caverna, ela era cheia de musgo e muito escura, toquei-a e vi pequenos peixes brilharem dentro de sua cavidade. Nadamos mais fundo e chegamos na parte tão esperada, as conchas brancas. Eram maiores do que um palmo, mas tinha um porem, uma concha branca era habitada pelo peixe rei.

-Tudo muito lindo... - Ela viu as conchas e se aproximou, mas o peixe a olhou e sua mão esquentou fazendo-a se afastar e reclamar da dor.

-Você tem que conquista-lo Bela. - Ela me olhou indignada.

-Não tenho tempo para isso Ariel...

-Mas se quiser levar uma, terá que arranjar o tempo. - Vi sua cabeça quase fritando.

-E como eu farei isso? - Fiz um gesto com o ombro demonstrando que não sabia.

Ela nadava de um lado para o outro, todos os peixes estavam olhando-a, ela pensava tanto que vi que não conseguia pensar em nada.

-Bela! - Ela me olha atenta. -Um peixe rei, escuta e fala com nós, talvez se você contar a razão de precisar levar a concha... - Ela franziu o cenho e vi que seu semblante era triste.

-Eu simplesmente preciso para que meu filho e minha descendência não sofra com essa... - Ela suspira e fecha os olhos, tocar no assunto do filho a derrubava. -Com essa maldição... - Seus olhos se enxeram de lagrimas. -Eu me afastei de meu filho de apenas sete anos por ele não poder ficar perto de mim...

-Não precisa dizer mais nada. - Um peixe pequeno se aproximou de nós, uma luz cobriu-o e vimos uma mulher, alta, seus cabelos loiros balançavam na água, estava com um vestido prata, cobria seus pés e era muito branca, seus olhos pretos chamavam atenção.

-Quem é você? - Bela respira fundo antes de falar.

-Sou Nunbis, o peixe do tempo. - Bela arregalou os olhos. -Sou sua serva senhora Bela...

-Não preciso de servo, somente quero a concha moça. - Não tive como não rir, Bela era imprevisível.

-Então sua família sera meus senhores, minha concha sera sua, e minha lealdade também. - Após entregar a concha, a mulher sumiu.

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Votem e comentem, próximo será o epílogo!

Bjs

Me Apaixonei por um Humano - Repostando por pedidos Onde histórias criam vida. Descubra agora