Capítulo 2 - O Humano

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A primeira vez que leio algo de minha mãe, e ela me diz que não posso sair do meu mundo, isso é realmente maravilhoso.

-Então se eu me apaixonar por um huma...

-Você sofrerá. - Meu pai completa minha fala e eu fico parada, apoiada em sua cama.

-Mas e essa questão do passado e o futuro? - Perguntei e ele me olhou como se eu fosse morrer.

-Você terá que juntar as duas espadas, a primeira e a espada original retirada de seu próprio mundo. - Ele me fala guardando tudo de minha mãe.

-Que espada pai? - Eu pergunto me apoiando na cama e tocando suas costas.

-Como você nunca foi para a superfície e não conhece nenhum humano, então não preciso te falar sobre a espada. - Ele me olha e me abraça. -Eu não quero que sofra Ariel, por essa razão eu te prendo aqui. Agora entende a razão das minhas ações? - Ele segura meu rosto e eu fiz que sim com a cabeça.

-Eu preciso dormir. Boa noite pai. - Dou um beijo em sua bochecha e nado para fora do quarto, entro em minha concha e fico deitada, sinto minha calda formigar e vejo que ficou vermelha.

A calda sabe o que está acontecendo e ainda me faz lembrar do humano pelo qual eu me apaixonei, e tenho certeza que ele sentiu o mesmo. Fiquei me revirando o tempo inteiro até que consegui adormecer.

* * * * *

-Bela? - Me viro e vejo ela parada ao lado de um homem alto, seus cabelos atingiam seus ombros e eu sentia seu cheiro, igual ao cheiro de Eric, mas o de meu amor era muito mais forte.

-Você precisa escolher, seu amor ou sua descendência? - Aquela pergunta fez eu me lembrar do diário de minha mãe, aquela situação me fazia escolher...

* * * * *

-Pequena! - Ouvi uma voz baixa do lado de fora e me levantei devagar, abri a concha e Azul e Caranguejo ao lado de fora, eles são meu melhores amigos.

-Olá meninos. - Eles sorriram e se entreolharam.

-Você soube o que seu pai fez ontem a noite? - Azul se aproxima com uma voz de preocupação.

-Ele derrubou mais um navio. - Sai da concha e a fechei.

-Mas não era um barco qualquer Pequena. - Caranguejo falou me chamando a atenção.

-Como assim? - Peguei Caranguejo no colo e Azul me acompanhou para o pátio do castelo.

-Era o barco da realeza Pequena. - Azul fala nadando ao meu lado, ele é um peixe pequeno, tem listras azuis e amarelas intercaladas e ainda é bem jovem, ele sempre me chamou de Pequena, pois sempre fui a menor entre as sereias, e ganhei o apelido de Pequena sereia.

-Da realeza dos humanos? - Parei bruscamente e olhei o Caranguejo que agora estava fazendo que sim com a cabeça.

-Eu e Caranguejo ouvimos dizer que o príncipe Eric estava voltando para sua terra natal, para ficar no lugar de seu pai. - Azul suspirou. -Mas parece que a tempestade de ontem pode ter...

-Como ele é? Esse príncipe? - Perguntei me lembrando do humano que eu havia salvo.

-Alto, cabelos pretos, corpo magro, e dizem que é muito bonito. Por que a pergunta? - Caranguejo ainda em meus braços, pois estávamos metros a cima das profundezas do mar.

-Talvez ele não estava tão mal...

-O quer dizer com isso? - Azul se aproxima.

-Luisa fez eu ir na superfície, na hora que meu pai provocou o naufrágio... - Os dois arregalaram os olhos.

-Seu pai...

-Meu pai não sabe de nada caranguejo. - O olhei e eles deram um suspiro de alívio.

-E qual era a situação? - Caranguejo continuou.

-Para mim era horrível, mas vocês sabem que Luisa se alimenta dos mortos, então ela amou o que havia acontecido. - Voltamos a nadar, e agora nós estávamos indo em direção da sala de jantar do castelo.

-Não havia ninguém... - Azul fala com um tom preocupado, era incrível o amor dele pela vida, mesmo se não fosse pela raça dele.

-Enquanto Luisa se alimentava, ela encontrou um que ainda tinha batimentos... - Minha calda ficou vermelha por completo e os dois me olharam.

-E você se apaixonou por ele. - Caranguejo falou na lata e acertou. Balancei a cabeça que sim.

-E você não contou para o seu pai? - Azul da uma volta por mim, olhando a calda que a essa hora estava voltando a cor normal.

-Não posso...ainda mais que descobri... - Lembrei do diário de minha mãe.

-Não me diga que tem uma maldição nesse meio. - Caranguejo sempre esperto e sabendo de tudo, ele bufou e colocou sua garra na cara. -Por qual razão sempre tem que existir algo que impeça um amor?

-Sempre me surpreendo com sua esperteza Caranguejo. - Falei levantado ele, ele me olhou e fitou minha calda.

-Que maldição é essa? - Ele pergunta se apoiando em minhas mãos.

-Para que você quer saber? - Azul se aproxima de Caranguejo. -Você não vai poder ajudar, ou vai?

-Curiosidade não mata sabia? - Caranguejo responde firme e ríspido.

-Meninos! Parem com isso. - Falei advertindo-os. -Não ha nenhum problema em eu contar Azul.

Os dois me olharam, nadamos de volta para o fundo do mar e coloquei Caranguejo no chão, os dois se ajeitaram e eu sentei em uma pedra que havia no jardim, não daria para conversar sobre aquele assunto dentro do castelo.

-Minha mãe lançou a maldição da Dama...

-Negra... - Caranguejo termina minha frase e coloca sua garra na boca como se fosse pecado pronunciar aquelas palavras.

-Não me diga que você sabe que maldição é essa? - Falei me virando para ele.

-Meu avô foi muito amigo de seu pai Ariel, e foi ele que me disse sobre tudo da maldição, mas vou resumir, pois é muito grande a história. - Ele sobe em uma pedra ao lado da minha e se apoia em mim. -Você será a primeira Dama se ficar com um humano, ele se transformará em fera, e você terá desejo de mata-lo, a espada será sua companheira e o único jeito de acabar com isso e juntando as espada mais importantes, a primeira que é a sua e a espada que foi retirada de seu mundo para salvar o amor que ali foi estabelecido, você é o passado e a outra espada é o...

-Futuro. - Terminei sua frase, lembrando do que minha mãe tinha escrito.

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Quando a vida mostra que não podemos ir contra algo mais forte.

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Bjs

Me Apaixonei por um Humano - Repostando por pedidos Onde histórias criam vida. Descubra agora