Alienígenas Bizarros

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— O que está lendo?

Cleia se assusta ao me ver, pousa o jornal em cima do balcão e me fuzila com os olhos, retribuo com um sorriso divertido.

— Não deveria estar na sala de aula, mocinha? — pergunta Cleia

— Ah tia, falta só quinze minutos de aula, vou ficar rapidinho — digo em tom de uma criança pedindo para ficar até mais tarde dormindo. Cleia sabia que eu não tinha autorização para vir à biblioteca.

— Nada disso! Se alguém vir você aqui, a culpa vai ser minha, vai logo, menina, para sua sala! — Cleia disse, saindo de trás do balcão e me empurrando para a saída.

Dou a volta por ela e seguro o jornal que ela deixou no balcão, abrindo na folha em que mostra mais detalhes do acontecimento da primeira página.

— O que é isso? Acredita em alienígenas?

— É claro que não! — Cleia me responde emburrada por ser a mais baixa e não ter forças para me tirar da biblioteca — Escute, é melhor voltar para sua sala de aula, Jenni!

— Então de onde deduziram que alienígenas fizeram isso? — pergunto ignorando-a.

— Oras, leia a matéria e vai saber! — ela disse ainda tentando tirar o jornal de minhas mãos, enquanto eu estendo o braço para cima.

—Ah, obrigada, tia, pelo convite, acredito que agora minha entrada é permitida — falo indo me sentar em uma das cadeiras ali perto.

Cleia bufa e murmura algo que eu não entendo. Seus olhos voltam-se para mim.

— Se alguém da Direção vier até aqui, se esconda. — e voltou a pegar outro jornal para ler.

Como não tenho autorização de nenhum professor para estar na biblioteca, leio a matéria do jornal o mais rápido que consigo.

Nesta madrugada de segunda-feira, foram encontrados 37 corpos mortos próximo a Cuajimalpa, Cidade do México. Eles estavam em um buraco feito na terra com 30 metros de profundidade, esmagados por alguma força invisível. As autoridades já foram enviadas e fazem a perícia. De acordo com testemunhos oculares, uma nave caiu do céu. "Parecia com aquelas naves dos filmes", afirma George Pazz. Outra testemunha, que não quis se identificar, diz que foram ameaçados pelos alienígenas. "Eles falaram em uma língua estranha e apontaram uma espécie de arma para mim".

A polícia afirma que os corpos mortos foram esmagados por algo, porém acreditam que isso seja obra de alguma gangue, já que carros foram roubados da vizinhança. O chefe da polícia da cidade não quis dar depoimento, apenas afirma que os autores do crime serão presos o mais rápido possível.

A cidade está assustada, alguns temem um próximo ataque e preferem se mudar da região por algum tempo. Algumas pessoas afirmam que há algumas semanas tem aparecido OVINIS (Objeto Voador Não Identificado) entre as cidades ali próximas, e estão de mudança para outro local, pela insegurança de próximos ataques.

***

— Onde é que você estava?

Olho para o relógio da cozinha: 18h37min. Droga!

Eu sabia que se chegasse atrasada em casa mais uma vez, Clara iria surtar. Ela não gostava que seus filhos ficassem "perambulando" depois das 18h nas ruas, e nem adianta explicar que Kelly demorou em escolher qual sapato ela ia comprar para usar no casamento da sua prima. Muito menos acreditaria que os três primeiros ônibus que passaram em frente ao shopping não pararam porque estavam lotados demais e quando finalmente o quarto ônibus chegou, tivemos que nos espremer e aguardar o enorme trânsito.

Crônica dos Snay 1: TERRAOnde histórias criam vida. Descubra agora