1. The day when we meet.

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Eu estava me sentindo mal.

Talvez fosse por causa dos remédios que era obrigado à tomar, ou os pensamentos que traziam à tona tudo o que havia acontecido.

Talvez fosse a solidão que essa casa enorme me trazia, mas eu não tinha como fugir. Tudo ainda era novo.

Tomei meu banho e depois vesti uma roupa. Tomei meus remédios e me joguei no sofá, assistindo ao meu seriado favorito na Fox, que antes me fazia rir, hoje não me tirava risada alguma. Eu continuava inexpressivo.

Vocês, curiosos, devem estar se perguntando o que eu, um cara de vinte e dois anos faz da vida. O que respondo à vocês é tão simples que uma criança de quatro anos pode entender: Nada.

Me formei faz um tempo em jornalismo, mas não trabalho em um jornal ou algo assim. Minha ideia era ser fotógrafo, mas ninguém se importa com fotografia, era o que todos me diziam, e no meio de uma crise, não sei o que diabos fazer. E se já era difícil antes da minha família sofrer um acidente, imagine depois.

Quer dizer, eles nem estão mais aqui, então o que fazer? O que me resta é afundar em total desespero e viver sozinho nessa casa. Cheia de memórias dolorosas que eu sei que não vão voltar.

Então Harry, como que você tem dinheiro?, vocês me perguntam.

Minha família deixou uma herança pra mim, e o cara que os matou no acidente (eu digo isso, mas não é fácil, tenho um ódio preso aqui dentro) paga um dinheiro todo mês na quantia de cinquenta mil libras. Quase como se fosse uma pensão, mas meu advogado me diz que é um dinheiro pra reparar os entes queridos das vítimas. O que eu acho ridículo.

A campainha tocou,e deveria ser alguém querendo que eu fosse sair ou algo assim. Perdeu a viagem.

Me arrastei até a porta e me dei de cara com um Niall sorridente.

- Hey Hazza. - disse ele sorrindo.

- Oi. - forcei um sorriso.

- Olha, você não pode ficar trancado aqui o dia todo.

- Posso,sabe que eu posso e se não fosse por você, nem teria me levantado daquele sofá. - disse, apontando para o lugar em que mais queria ficar.

- Vamos, vai trocar de roupa. Vou te esperar aqui, vamos sair pra beber. - disse ele.

- Você sabe que eu não posso beber, porra. Eu tomo remédios fortes e se misturar com a bebida eu posso ter um treco. - falei.

- Não importa, vamos sair pra beber ou não. - ele me empurrou para as escadas e eu suspirei.

Choraminguei:

- Não quero ir, Niall.

- Vamos, vai ser legal. Vou te apresentar uma pessoa muito especial. - disse ele.

- Quem? Uma garota? Você sabe que não tenho interesse nenhum em ninguém. - disse.

- Claro, orgulho hetero. - disse Niall, todo engraçadinho.

Fingi uma risada e disse:

- Muito engraçado, você realmente é um piadista.

Niall acha que sou gay, mas não sou. Namorei várias garotas, por mais desastrosos que tenham sido meus relacionamentos, eu sei que sou hetero.

- Você sabe que estou certo.

- Niall, cala a porra da boca.

Sentia como se fosse a segunda vez que tinha dito isso, mas não era. Na primeira vez eu já estava cansado, imagine durante a noite toda.

- Você vai. - disse ele. - Nem que eu te jogue de baixo do chuveiro, ou sei lá. Talvez eu tenha que te vestir.

- EW! CLARO QUE NÃO! - disse, fazendo careta.

Niall riu e disse:

- Eu sei que você quer esse corpinho.

- Niall, se eu gostasse de homem, pode acreditar que seria o último que eu pegaria. - disse rindo e ele fingiu estar magoado.

Quando voltei à me sentar no sofá, Niall voltou à insistir e eu tentei me desligar do mundo, uma coisa que eu fazia com bastante frequência, mas Niall estava mesmo querendo me fazer sair de casa.

- Tá, Niall. Você conseguiu.

Ele quase não acreditou que eu tinha aceitado:

- Você vai?

Eu o olhei sério e ele deu um sorrisinho:

- Tudo bem! Eu já entendi que isso é um sim, agora pode ir se trocar?

- Nunca senti tanta preguiça na vida. - disse e andei até meu quarto.

(...)

Niall e eu estávamos no carro e eu procurava uma música que preste, mas ele insistia em ouvir o locução de um jogo de futebol.

Ele parou na casa da namorada e eu saquei que aquela era a minha deixa pra mudar de estação. Dei um sorrisinho travesso e me estiquei do banco de trás até a rádio.

Então, achei uma estação de rádio perfeita,estava tocando uma música dos Rolling Stones. Sorri e me encostei no banco.

Niall voltou com Celine.

- Porra, Harry! Não acredito que tirou?

- O quê? Você me fez sair de casa pra não deixar eu ouvir a música que eu quiser? - fiz drama. - À propósito, olá Celine. Você está muito adorável essa noite, adorei seu cabelo.

Ela deu um sorriso amigável e disse:

- Valeu, Harry. Gostei da sua jaqueta.

Minha jaqueta tinha umas estampas muito loucas que Niall odiou, mas eu não vim à Terra para agradar ninguém.

- Valeu, tá vendo Niall? Ela gostou! - disse.

Niall fez careta e dirigiu até um bar, onde eu fiquei pensando em mil maneiras de sair às escondidas. Pensei bem. Eu acho que ia pedir ajuda ao Liam.

Guardei o celular no bolso da calça e descemos do carro. Celine e Niall de mãos dadas e eu com a maior cara de tédio possível, não queria estar aqui. Eu tinha tomado remédios e não posso ao menos dar um gole em um copo de cerveja sem pensar que vou morrer.

Inventei uma desculpa de que ia ao banheiro e lá fiquei por dez ou quinze minutos, apenas me encarando no espelho e jogando água no rosto. Sentia falta do meu cabelo grande, mas eu o cortei assim que tive a oportunidade. Doei à uma instituição, para ajudar crianças com câncer e isso me fez bem. Até certo tempo.

- Tudo bem. - eu suspirei. - Hora de socializar.

Saí do banheiro e andei até a mesa onde Niall e os meninas estavam. Tinha um cara novo por lá que nunca tinha visto na vida.

Era mais baixo que eu, tinha olhos azuis, dava pra vê-los de longe e tinha um sorriso muito bonito. Fazia todos rirem, e tinha uma boa energia, dava pra perceber pela sua risada.

- Harry, até que enfim você saiu do banheiro. - disse Niall, sorrindo.

Dei de ombros e forcei um sorriso amigo.

- À propósito, esse é Louis Tomlinson. Tommo, esse é Harry Styles. - disse Liam.

Louis me olhou e sorriu:

- Prazer em conhecê-lo.

- Igualmente. - fui educado e apertei sua mão.

- Por que sinto que vamos ser bons amigos? - ele sorriu.

Dei uma risada e disse:

- Não sei, podemos descobrir isso.

Perhaps.|| l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora