A areia da praia grudava insistente nos meus pés brancos e peludos de hobbit, soltei minha leitura de lado (Vozes de Tchernóbil de Svetlana Aleksiévitch) e tomei mais um gole do refrigerante.
Meu WhatssApp tocava regularmente com mensagens de Rita, a maioria eu ignorei sem me importar muito.
Não podia perder meu feriado nas apaixonantes praias de Florianópolis por conta de coisas que não me incomodavam mais do que cascas de pipocas entre os dentes e a gengiva após ir ao cinema. Na maior parte do tempo acredito estar levando a vida de uma maneira blasé demais, no restante percebo que estou apenas fazendo o que todos deveriam fazer, mas não tem muita disposição. Ah, vida... deveria ser mais prática.
Carreguei minhas coisas para o resort e aproveitei para tomar um banho demorado que só acabou quando tive certeza que nenhum poro sequer ainda mantinha resquícios de filtro solar. Desci para o restaurante almoçar, meu corpo doía pelo esforço de ficar no mar durante parte da manhã. Os olhos estavam um pouco pesados, um cochilo talvez fosse uma boa ideia como sobremesa.
Despertei dos meus pensamentos quando o garçom parou ao meu lado, seus olhos verdes de gato me encaravam exigindo o pedido para ser enviado ao chef na cozinha. Pedi a especialidade do dia por motivos de: não conseguia tirar os olhos dos múscculos por baixo do uniforme, ele pedia por ser tocado.
- Só isso?, ele havia percebido que eu queria mais do que almoçar.
- Apenas, obrigado. - Agradeci sem jeito, um sorriso amarelo morreu entre meus lábios.
- Que pena. - Disse sorrindo de maneira sexy que eu não conseguiria fazer nem em cem anos de tentativa.
Uma breve ereção surgiu enquanto eu tentava desviar o pensamento daquele uniforme preto. Prestei atenção em cada detalhe dos desenhos da toalha da mesa na esperança de sufocar o tesão, mas a fita da memória voltava ao ponto em que acreditei ter sido paquerado por um garçom bonito demais para ser verdade e provavelmente não muito mais velho que eu.
Ele retornou com meu almoço e se prontificou a me atender se eu precisasse. A fome já tinha se transformado em desejo de experimentar aqueles lábios grossos que escondiam um sorriso lindo, mas me controlei até que o prato estivesse devidamente limpo.
No caixa percebi que a comando do restaurante trazia uma informação a mais, o nome Diego e um número de telefone anotado em letra um tanto quanto infantil. Abri a câmera e fotografei aqueles preciosos dados antes de pagar a conta.
Subi para o quarto cantarolando.
Diego, era o nome dele.
O nome dos pais dos meus filhos.
P. S: Gays costumam ser inférteis, mas a gente sempre tenta se reproduzir pela diversão mesmo.
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Galera, peço desculpa pela ausência de postagem dos textos, tanta coisa mudou aqui do lado de fora da tela, mas continuem acompanhando essa história. Votem, divulguem e comentem. Xoxo.
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Os pichadores
Teen FictionPilar é uma excelente aluna, mas os rabiscos gravados nas portas do banheiro feminino vão despertar o seu pior. Samuel é gay e todo mundo sabe, graças às pichações que aparecem toda manhã nos muros da escola. Spray, fofoca e maldade são os protag...