- Beth Benjamin vai me levar para o cinema hoje à noite. – Parei na subida da escada. – Beth? – Gritei.
- Aqui estou! – Respondeu entrecortada. Um estranho alivio percorreu meu corpo.
- Vou para ao cinema hoje à noite com Benjamin. – Atordoada apareceu por trás do balcão. Seu cabelo estava estranhamente desembaraçado.
- Benjamin? – Assenti estreitando meu olhar para ela.
- Er... é uma história longa. Ele não morreu. – Sua face relaxou e sorriu. – Bom... – Tentei começar a explicar.
- Não! – Falou me interrompendo. – Melhor deixar esse assunto quieto querida. – Dei de ombros e subi as escadas.
Acho que eu já sabia o porquê daquele desmaio de Beth. Ela não era tão velha, mas acredito eu que ela não podia ficar trepando daquela forma atrás de um balcão de cozinha.
Já era bem tarde, quase de noite, mas antes que o céu escurecesse resolvi dá uma passadinha no hospital, para ver como Cameron estava, alias a sessão que Benjamin tinha os ingressos era das 20:45.
Estacionei o carro em uma das vagas mais próximas a entrada do hospital, mais um tempo de chuva se formava no céu. Não passei pela recepção, fui direto para o quarto dela. Não havia ninguém estava tudo quieto, com exceção dos bipes dos aparelhos que a mantinham "viva", se é que podíamos chamar aquilo de vida.
Me aproximei e plantei um beijo em sua testa fria. A pele dela estava tão ressecada. Seus lábios eram apenas duas faixas roxeadas em seu lindo rosto ainda bem traçado.
Não falei nada, só quis ficar lá ao lado dela. Ela estava tão vulnerável a qualquer coisa ali, daquela forma. Tão inofensiva.
Porque minha mente tinha aquela visão sobre ela?
Balancei a cabeça antes de entrar em pensamentos que acabariam me deixando maluca.
Passei mais alguns minutos com ela, numa busca incansável de sinais de vida. Para mim ela havia se mexido várias vezes, mas a verdade é que ela não havia feito nada. Olhei para o relógio de parede do quarto hospitalar. 18:50. Eu tinha que voltar para casa, para me arrumar para mais um encontro com Benjamin. Por fim dei um outro beijo desta vez em sua bochecha e me retirei logo em seguida.
Beth desta vez estava esparramada no sofá com uma cara de gente morta.
- Então... – Me aproximei de Beth. – O que você estava fazendo ali atrás, a... er... algumas horas? – Ela se virou apressadamente para mim.
- Ah! Estava organizando os pratos, talheres, essas coisas... – Errado. No balcão não havia lugar para pôr esse tipo de coisa, as únicas coisas ali eram coisas de limpeza. Saí me prendendo para não rir.
Quando estava na metade dos degraus, chamei a atenção de Beth.
- Ei. No balcão não tem pratos e talheres. – Dei uma piscadinha com meu olho direito. Ela riu preocupada.
No meu quarto liguei o chuveiro e deixei a agua fria escorrer. Retirei minha roupa e pus um pé embaixo da água que descia do chuveiro. Fria. Constatei. Que droga. E quando ia saindo de meu quarto tudo ficou escuro.
Merda.
- Beth! – Gritei. Fui devagarinho por meio de toda aquela escuridão atrás de Beth. Desci as escadas cuidadosamente. – Beth?
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Garota de Fogo
RomanceAlguns anos após o terrível acidente na clínica psiquiatra, Alice reconstrói sua vida longe de tudo e de todos que a fizesse relembrar aquele dia, apesar de sua mente ainda ser assombrada por esse passado de consequências incorrigíveis. Quando tudo...