- Você tem certeza de que está bem? Parece perturbada. – ela estava sorrindo. – Eu sei que não nos vemos há algum tempo, mas eu não estou tão diferente assim, estou?
- Idiota. – Carmen apertou a coxa de Marion com a mão direita, sem tirar os olhos do trânsito. – Eu só estou com dor de cabeça. – mentiu. – Queria voltar para casa.
- Nós podemos fazer isso. Posso dizer a Caleb que estou doente. Podemos ficar deitadas, assistindo alguma coisa.
- Marion, não...
- Ou só ficar deitadas, sem fazer nada. – ela continuou. – Não estou com tanta saudade dele assim. Posso esperar até amanhã.
- Não precisa. – outra mentira. Ela quase mordeu a língua. Tudo que queria era uma tarde agradável com sua namorada, por Deus, era pedir muito? – Caleb está planejando isso há semanas. Na verdade, ele deve sentir mais sua falta que eu. – ela deu de ombros. Arrependeu-se do que acabara de dizer alguns segundos depois. Às vezes, ela se esquecia do breve namoro entre Marion e Caleb. Quando foi que me apaixonei por essas garotas por quem o mundo todo parece ser apaixonado?
- Tudo bem então. – ela deu de ombros. – Você retocou o cabelo.
Ela passou a mão no cabelo, automaticamente. Há alguns minutos elas estavam envolvidas num abraço caloroso e beijos rápidos. Agora que estavam chegando ao churrasco, Carmen duvidava que demonstrações públicas de afeto seriam constantes. Em partes porque Marion não gostava muito de demonstrações publicas de afeto, em partes porque – e ela odiava pensar nessa possibilidade – Marion não queria mostrar que estava em um relacionamento a mulher que partira seu coração.
Ela sentiu a bile subindo à sua boca.
- Chegamos. – ela ergueu os ombros. Lembrou-se de parecer confiante. – Vamos?
- Deixe-me pegar o presente primeiro. – ela virou-se para o banco de trás, tentando alcançar um pacote. Carmen não desviou o olhar quando a blusa dela se ergueu, revelando boa parte de sua barriga. – Pronto. – Marion voltou-se para ela. – Como eu estou?
- Encantadora. Agora vamos.
(...)
- Eu não acredito que você convidou minha ex para um churrasco que você sabia que eu viria. – Marion sussurrou, sorrindo, enquanto abria mais uma latinha de suco.
- Eu não acredito que você comprou um presente duplo. – rebateu Caleb. – E além disso, ela logo vai embora. Sabe como é. – ele deu de ombros.
- Eu vou te matar.
- Você está ficando cada dia mais linda. – ele passou a mão pelos ombros dela.
- Por favor. – disse Carmen. – Finjam que eu não estou aqui.
Marion se livrou do abraço de Caleb e puxou-a para mais perto, plantando um beijo em suas bochechas. Seus lábios estavam gelados e meio melados. Carmen sentiu o rosto esquentar. Se não fosse a garota sentada há cinco cadeiras de onde ela estava, tudo parecia perfeitamente agradável e normal. Isso e o modo como sua namorada fingia ignorar a presença dela. Carmen não precisava olhar para ver que a personificação de seu inferno particular também fingia ignorar Marion. Na verdade, ela parecia estar em um mundo particular, o que era bastante intrigante. Parecia não estar confortável com tantas pessoas a seu redor, e Carmen se perguntou por que ela não ia simplesmente embora.
- E então, como está sendo a faculdade? – perguntou Natalie, se inclinando para a amiga. – Não me poupe dos detalhes, por favor. Tem pessoas bonitas por lá? Não, esquece, é óbvio que tem. Você já conheceu seus colegas mais a fundo?
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Carmen
RomanceMarion, a garota assustada, acorda em sua cama, a luz que emana da janela acaba de cegá-la por um breve momento. Olhando no relógio pode ver que ainda são seis da matina, e que mais um longo dia começara para ela. Levanta-se para ir ao banheiro, lig...