Marion estava dormindo.
Carmen passava a mão pelo cabelo dela, suavemente, sentindo seu peito subir e descer em sua barriga. Os braços da namorada estavam atirados em volta dela e Carmen não quis removê-los.
Ela se lembrava da primeira vez que Marion visitara sua casa.
Tinha passado algumas semanas conhecendo Marion. A vira com Natalie no McDonalds uma vez, de longe, e quis conhecê-la. Esperava Nat falar dela durante as conversas, só para poder perguntar, casualmente, qual era a dela.
- Ela é a melhor pessoa do mundo. Sério. – dissera Nat. – Mas não sei se é uma boa ideia.
- Do que você está falando? – Carmen riu, como se seus planos não tivessem sido descobertos.
- Você está a fim dela. – ela não riu. – Não tente negar. Eu entendo. – ela bebeu o resto da cerveja. – Já estive no seu lugar. Mas é complicado. Marion é...
- Tem outra pessoa, não é? – Carmen esperou que sua voz não saísse trêmula. Tudo bem, ela era só uma garota bonita que Carmen nem teve o prazer de conhecer, não ia deixar isso significar muita coisa.
- Já teve. – Nat arrotou. Carmen revirou os olhos pra ela. – Mas foi intenso. E devastador. Me pergunto como as coisas estão agora. Ela demonstra estar ótima, mas... sabe como é, é difícil lidar com essas coisas. – ela deu de ombros.
Carmen não sabia. Nunca teve nada sério ou nada que a deixasse devastada. Algumas paixões do colégio, mas nada tão duradouro.
- Certo. – Carmen bebericou sua cerveja. De repente, não estava mais com sede.
Então Natalie contou a Carmen sobre como Marion conheceu Pearl. Como foi o primeiro encontro, e como ela foi contra a família para viver o relacionamento. Como as duas começaram a brigar com o tempo que passaram afastadas por causa dos estudos. E como Marion foi ficando cada vez mais insegura, mais irritada, e como tudo acabou no dia dos namorados. Como Marion passou meses sem querer fazer mais nada, como passou a sair com pessoas estranhas, fumar, beber, até que um dia apareceu na casa deles e pediu para ficar por ali.
- Só por um tempo. – ela dissera. – Eu não tenho para onde ir.
Marion chorara nos braços de Natalie naquela noite. Depois que parou de soluçar, Natalie teve coragem de beijá-la. Eram amigas por tanto tempo e Natalie desejava aquilo desde antes de Marion namorar Caleb. As duas estavam se despindo mais rápido do que ela imaginara. Parecia que finalmente estava realizando seus desejos mais secretos.
Mas quando amanheceu Natalie percebeu que elas eram amigas demais para embarcar em um relacionamento. Algumas vezes, elas bebiam e acabavam se beijando, depois acabaram na cama, mas nenhuma das duas queria falar sobre isso depois.
Marion dormira com Caleb semanas mais tarde. Mas Tudo acabou quando Caleb disse que ainda tinha sentimentos por ela. Então Marion se afastou. E Caleb conheceu Jenny. E os dois namoraram por um tempo. Até Jenny ter ciúmes de Marion.
- Ela não é um problema para você. – ele dissera. – Ela é como Natalie.
- O que quer dizer? – Jenny estava irritada. Ela roia unhas com frequência quando estava irritada.
- Lésbica.
Isso pareceu acalmá-la por uns tempos, e então elas se tornaram amigas. Caleb ficou feliz de ver que as duas se davam bem. Parte de sua mente imaginava até onde elas poderiam se dar bem, por exemplo, no quarto, com ele.
Até que Jenny quis terminar. Ela dizia estar passando por problemas demais e não queria envolver Caleb agora. Ele ficou magoado, em partes por não ser ele quem terminou tudo, e chamou Nat e Marion para uma bebedeira. E apesar de todas as frases de incentivo, Marion quis ficar em casa sozinha. Se Caleb tivesse perguntado, saberia que era o aniversário do término. Mas ele estava ansioso demais para beber então não questionou muito.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Carmen
RomanceMarion, a garota assustada, acorda em sua cama, a luz que emana da janela acaba de cegá-la por um breve momento. Olhando no relógio pode ver que ainda são seis da matina, e que mais um longo dia começara para ela. Levanta-se para ir ao banheiro, lig...