Blur

1.6K 72 44
                                    

Meu nome é Josh Dun, eu tenho 20 anos, sou de uma pequena cidade chamada Slowtown, no interior de Ohio e eu estou sozinho.
Bem, não completamente sozinho... Não era assim a um ano atrás. Quando eu era criança eu tinha um melhor amigo, o nome dele era Tyler Joseph. Nós nos conhecemos aos 7 anos, quando eu estava brincando de astronauta na rua e a família de Tyler estava descarregando o caminhão de mudanças na casa em frente a minha. Ele tinha acabado de chegar ao bairro e até então eu não tinha amigos, era a ocasião perfeita. Alguns anos de amizade depois, aos 19 anos Tyler morreu quando a casinha da árvore que havíamos construído juntos pegara fogo. A história toda sempre foi um mistério, mas como as autoridades não acharam o corpo e também não descobriram nada em sua investigação, a morte de Tyler foi registrada como suicídio e o caso foi arquivado. Cá entre nós, Tyler era conhecido por ter uma "mente doente", mas ele dividia certas coisas comigo e outras ele cuspia em forma de música, mas dois meses antes da tragédia, já fazia um tempo que ele andava infurnado no quarto mexendo na Deep Web. Ele estava obsecado com uma história que ele havia lido em um fórum. Entretanto, desde a "fogueira" (era como nossos vizinhos fofoqueiros e que não suportavam nós dois pois nos achavam muito esquisitos, chamaram a catástrofe que levou Tyler), eu segui vivendo minha vida, lamentando por minha perda até hoje, afinal, nós tínhamos uma banda que estava começando a dar certo, era meu plano A e era com a melhor pessoa que eu podia querer ao meu lado para realiza-lo, meu melhor amigo. Infelizmente tive que desistir de meu plano e meu plano A acabou apenas como meu passatempo quando tenho pausa da faculdade de psicologia.
No entanto, as coisas não ficariam assim por muito tempo e tudo isso mudou quando a mãe de Tyler, a sra. Kelly Joseph, bateu em minha porta, trazendo para mim uma caixa enorme de papelão dizendo que estavam se desfazendo das coisas de Tyler e que precisava de um lugar para coloca-las por um tempo, e se eu quisesse ficar pra mim eu podia. Eu agradeci a cordialidade e a consideração e trouxe a caixa comigo para o meu quarto.
Eu ainda vivia na casa de minha mãe, era apenas eu e ela já que meu pai havia morrido em um acidente de carro junto com minha irmã mais nova, Ashley. Minha faculdade era a algumas poucas milhas dai então eu ainda tinha o privilégio de morar com minha mãe.
Era uma tarde nublada, tempo úmido e frio. Eu descidi então ver o que tinha naquela caixa.
Eu comecei a tirar coisa por coisa da caixa, primeiro uma luva de baseball, então um cubo mágico, um microfone e um pequeno piano que ele tocava quando mais novo.
Eu me lembrei de quando nós tivemos nossa primeira conversa. Eu estava dentro da minha super Interprise, minha nave espacial (que não passava de uma caixa de papelão bem grande), eu era o capitão Dun, comandante interino já que nosso último capitão havia sido sugado por um buraco negro. Eu estava fugindo desse buraco negro quando esse menino magricela de meias vermelhas aparecendo e touca de mesma cor quase cobrindo os olhos veio carregando esse pianinho e me disse o primeiro "oi".
Eram bons tempos que jamais voltariam. Eu sacudi minha cabeça dispersando os pensamentos nostálgicos e continuei a tirar coisas da caixa. O notebook de Tyler, bandeirinhas dos times de basquete que ele já havia participado, e então um caderno com capa de couro que se amarrava também com uma tira de couro. Que bizarro. Pensei comigo mesmo, então penas presumi que era onde Tyler escrevia as letras das canções e tudo mais que encontrei na caixa foram algumas mudas de roupa, sua touca vermelha reserva e uma caixinha embrulhada pra presente.
Eu peguei a caixinha comprida embrulhada num papel com pequenas "Doras aventureiras" por todo o lado e em uma etiqueta estava escrito: "Para meu Fren, que me traz calma assim como essa linda cor alucinante e psicodélica que comprei de uma loja brasileira na internet! PS: português é realmente uma língua bem diferente do espanhol!"
Eu automaticamente já sabia o que era. O dia da fogueira foi no dia anterior ao meu aniversário, sem contar o "Fren", então era meio que óbvio que era meu presente. Eu peguei a caixinha e fui direto pro meu banheiro. Eu rasguei a embalagem e o que vi não foi anada mais nada menos do que uma tinta azul para cabelo. Tyler realmente sabia como agradar um amigo. Pensar em tudo isso me fez chorar um pouco, não vou mentir, ele fazia muita falta. Então em homenagem a ele eu descolori o rosa pink que estava usando no meu moicano e passei esse tom de azul realmente psicodélico. Depois de toda a transformação, já era noite e eu decidi dar uma olhada no computador de Joseph.
Quando as investigações estavam em andamento o computador dele foi revistado, fizeram buscas com hackers e tudo mais, porém, nada foi encontrado então o computador foi devolvido a familia do Ty. Mas agora ele estava ali comigo e eu mesmo queria saber o que ele tanto fazia, se eram composições ou algo do tipo.
Eu liguei o computador e ele pediu uma senha que obviamente era: passwørd.
Logo de primeira eu consegui acesso a área de trabalho que tem uma foto de nós dois na primeira vez que lotamos um pequeno pub. O desktop estava bem vazio, apenas uma pastas escrito "músicas", outra escrito "TØP" (abreviação do nome de nossa pequena banda: Twenty Øne Piløts), e uma última escrito "poesias", além disso apenas um pacote Office e um pacote Adobe.
Não havia nada para olhar ali, então eu simplesmente resolvi abrir a pasta "TØP" e olhar nosso conteúdo. Haviam pequenas pastas bem organizadas por assuntos e dentro desses assuntos por datas. Nossa, esse computador está muito organizado! Ao menos o computador Tyles conseguia deixar ok! Pensei enquanto abria a pasta escrita "músicas não registradas". Ali estavam todas as musicas que ainda não haviam sido registradas até então, porém estavam todas fora de ordem, finalmente parecia mais com Tyler. Foi ai que eu tive a brilhante ideia de abrir o bloco de notas para organizar as músicas por datas. A noite já havia caido e a única luz que brilhava provinha do pequeno computador que tinha uma maçã mordida como logo. Foi ai, a primeira vez que eu via essa palavra. Ela estava escrita em letras maiúsculas no bloco de notas, apenas aquela palavra e mais nada. Eu estranhei e apenas repeti em voz alta:

- BLURRYFACE??

~~~ ~~

O que significa essa palavra? Eu não conseguia parar de me perguntar. Já haviam se passado 2 dias desde que a sra. Joseph me dera as coisas de Tyler e eu continuava com aquela palavra na cabeça. O que é tudo isso? Eu estava sendo um idiota. Senti um forte e instantâneo ímpeto de pesquisar, o que eu iria perder? Eu estava de férias de inverno mesmo, 1 mês pra me dedicar a tais pesquisas.
Logo, eu, que estava na cozinha comendo uma tigela de cereal, me levantei e fui correndo para meu quarto indo buscar o laptop do Ty. Eu desci as escadas e voltei para a cozinha. Eu liguei o computador, coloquei na bancada enquanto terminava de comer meu cereal. Entrei então no Safari e fui perguntar direto ao "titio" Google. Eu coloquei na barra de pesquisa: Blurry Face.
Aparecia qualquer coisa sobre clinicas de oftalmologia, clínicas de cirurgia plástica e etc, fui até a página 23 do Google, porém, nada além disso.
*0 resultados*
Eu levantei e levei minha tigela vazia até a pia. Eu a lavei e fiquei olhando a água descer pelo ralo por alguns momentos. Já faziam 2 horas que eu estava pesquisando, fiz um café, peguei o computador e levei comigo para o quarto novamente. Eu fechei a porta atrás de mim e me joguei no pequeno sofá que ficava junto a janela. A vista estava muito bonita com o dia cinzento e as gotas de chuva escorrendo pelo vidro da janela. Então voltei as minhas pesquisas passei um tempo ainda tentando encontrar algo dali. Então resolvi procurar diferente, exatamente como no bloco de notas.
Blurryface
Passei pelo mesmo processo até chegar a página 42 onde encontrei um link que levava até um fórum um tanto quanto estranho. A página tinha um fundo bordô com preto e algumas imagens um tanto quanto perturbadoras, até me lembrava aquela antiga lenda do YouTube, o usuário 666, era o mesmo tipo de arte psicodélica e de terror psicológico. O tópico do fórum era: Quem é Blurryface e por que ele me quer morto?
*1 resultado*
Nesse fórum muitas pessoas discutiam a existência dessa persona que eles intitulavam de Blurryface. Haviam muitos nomes de usuário mas um em especial me chamou atenção: MutantKidø. Era o mesmo 'ø' que Ty gostava de usar, além de 'Mutant Kid' ser um referência, uma citação a uma música que estavamos trabalhando quando tudo aconteceu...
Logo comecei a procurar entender tudo. Comecei a ler as conversas e me interar do assunto mas o problema era que mesmo tendo algumas conversas, tudo era muito superficial. Eles falavam sobre teorias muito diluídas que acabava não me ajudando então eu descobri o que eu deveria fazer. Assim como Tyler eu devia me aventurar na Deep Web. Eu iria atrás do que aquilo significava, eu precisava descobrir, eu sabia que todas as respostas estariam ali.
Minhas noções de programação e sistemas de computação não são das melhores então fiz minhas pesquisas. Transferi cópias de todos os arquivos para o meu notebook e resolvi continuar usando o computador de Tyler. Fiz todos os passos para continuar na pista desse tal Blurryface. Mas conforme pesquisei que todos os recursos necessários pra tanto já estavam habilitados no laptop. No fim só foi necessário procurar o navegador na home. O próximo passo seria descobrir as URLs e acessos. Eu voltei ao fórum 42 e achei 2 URLs que levavam a diferentes lugares. Descidi procurar pelas pastas de Tyler. Havia uma pasta dentro da pasta 'tøp' intitulada 'ideias', eu cliquei nela e dentro tinha uma pasta chamada projetos futuros, então cliquei nela e de cara encontrei uma pasta zipada e protegida por senha com nome 'BF'. BF? 'BlurryFace'?! Eu precisava acessar essa pasta, mas como faria? Eu tentei usar a senha do laptop, datas de nascimento, nome dos pais dele, o nome da nossa banda e até o meu nome e nada! Um beco sem saida. Não conseguiria nada daquela pasta por enquanto, logo, fui a pesquisar essas duas URLs.
A primeira me levou a um site completamente preto e vermelho, e lá estava escrito: 'Nova Creepypasta finalmente REAL?'. Havia apenas um grande e denso texto escrito em letras vermelhas, que se eu quisesse saber o que significava eu teria que ler.
Dando um gole no café comecei minha leitura. Rapidamente o texto começou a se tornar interessante e revelar algumas informações que para minha tristeza não eram comprovadas. Algo sobre 'um cara que representa todas as coisas que um indivíduo teme, e suas inseguranças', algo sobre 'sugar quem você é'. Era muita informação em muito pouco tempo. Quando olhei pela janela o sol já havia se posto e já era noite. Vou precisar de mais café. Eu fiz mais café e voltei para meu quarto. Aquilo era exaustivo, eu passei o dia inteiro dando uma de Sherlock apenas por causa de uma palavra, mas não parei para pensar que talvez faltasse algo.
Tyler tem letras compostas, e ele geralmente grava essas letras para saber como ela soa, logo, essas músicas devem estar gravadas em algum lugar e já que não está no computador a única alternativa é que esteja em seu iPod. Meu raciocínio se direcionou as músicas porém alguma peça ainda faltava.
Foi nesse momento que eu percebi: eu estou envolvido em um Puzzle que vai me dizer o que realmente aconteceu com Tyler, e se essa resposta existe esse puzzle era o caminho.

###

-... . --. .. -. -. .. -. --.

Implicit Demand For ProofOnde histórias criam vida. Descubra agora