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POV Ana

Acompanho o Coimbra e corro atrás da Jessie.
Não sei o que acabou de acontecer lá dentro, mas que foi algo de muito mau, foi.
Será possível que o meu irmão tenha posto a pata na possa, outra vez?

Assim que a Jessie entra no carro, deixamos de correr, é inútil tentar ser mais rápido que uma máquina destas...
Olho para o Coimbra e só agora me apercebo, ele está num pranto. Caiem-lhe milhares de lágrimas pelo rosto e grandes soluços são libertados pela sua boca.
O seu corpo cai na relva, ele leva os joelhos ao peito e abraça as pernas.

Coimbra- Eu estraguei tudo, Ana! Eu acabei de fazer a pior coisa que se pode fazer a alguém que amas!

Ele chora cada vez mais e fico sem saber o que fazer, a verdade é que não sei quem precisa mais de mim. Será que devo correr atrás da Jéssica ou ficar aqui, abraçar o meu irmão e dizer-lhe que tudo vai ficar bem?

O Cris e o Kasha chegam antes que possa decidir.
Eles ficam tão perplexos quanto eu fiquei quando vi o Coimbra assim, aproximam-se do corpo choroso que se encontra na relva e olham para mim à espera de uma resposta.
Sacudo os ombros em sinal de "sei tanto quanto vocês" e decido que o melhor é ser a primeira a falar.

A###- Coimbra, eu não sei o que se passa, é verdade, mas posso dar-te um conselho?
Coimbra- Não há nada que me possas dizer que vá apagar aquilo que fiz
A###- Então talvez seja melhor dizeres o que aconteceu...

Uma rapariga sai da casa do Cris meio desorientada, passa por nós e, antes de chegar ao carro, lança um olhar arrependido ao Coimbra. Ele não pode ter feito aquilo em que estou a pensar, pode?

Depois de tudo o que aconteceu, depois de todas as lágrimas já derramadas e depois de tantas discussões, será que o meu irmão pensou que precisavamos de mais um problema?
Eu achava que ele já tinha percebido naquilo em que se foi meter, quando ele e a Jéssica não tomaram as devidas precauções. Eu achava que ele já tinha entidido, que agora, devia estar lá para a Jéssica sempre que ela precissase...

O Cris parece perceber a situação e o Kasha também, olho para os dois e aceno firmemente com a cabeça.
O Coimbra faz finalmente contacto connosco e susurra um "desculpem".

Não consigo aguentar, pego nas chaves que o meu namorado tem nas mãos e parto no carro dele à procura da Jéssica.

POV Cristo

Merda! Que grande merda!
Como é que isto foi acontecer, melhor, como é que isto pode acontecer?!

Kasha- Agora é que foi, meu...

Eu sei que tanto eu como o Kasha queremos gritar com o Coimbra, gritar-lhe porque raio é que ele fez esta merda. Mas não é a melhor altura, ele está de rastos e tenho a certeza que já percebeu que o que ele fez não se faz a ninguém...

O meu telemóvel começa a vibrar e logo a seguir a música dá início, é a Ana.

C###- , Ana?
Ana- Mi-Miguel...

Consigo perceber que está a chorar, um choro demasiado baixo...isso é mau...

C###- O que se passa meu amor?
Ana- A Jéssica...ela...
C###- O que é que aconteceu princesa?

Do outro lado da linha ouço apenas o ruído do seu choro.
Não sei porquê sinto uma grande necessidade de a abraçar, de estar a seu lado, ela não está bem e eu não estou por perto. A única coisa que posso fazer é falar com ela com calma, cuidado e com todo o meu carinho...

Ana- Eu estava à procura dela, de repente, cheguei a um cruzamento e vi...vi o que não queria ter visto

Sinto o rosto molhado, lágrimas. Não as consigo evitar.

Kasha- Não...

O Kasha está colado a mim, não me tinha apercebido da sua presença. Tem os olhos postos no Coimbra que, ao contrário dele, continua sentado à espera que digamos qualquer coisa.

Antes de me concentrar novamente na Ana faço sinal ao Kasha, o melhor é levar o Coimbra para dentro e não lhe dizer nada, pelo menos por agora...

C###- A Jéssica está bem?
Ana- Ela acabou de ser levada para o hospital. Como não sou da família não me dizem grande coisa, apenas que foi um...grande embate... Miguel o carro está praticamente desfeito...
C###- Vai ficar tudo bem...

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