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-Não a posso deixar sozinha. - tento convencer o Kasha a ficar com o Coimbra enquanto eu vou ao hospital -Tu tens que ficar com ele, não o podemos deixar aqui sem ninguém ...

-Ele vai acabar por ir para lá, assim que souber onde foste o Coimbra vai atrás de ti -ele mantém um olhar firme e sério. Talvez ele tenha razão, mas mesmo assim não abandono a ideia de que se ele quisesse mesmo ir para o hospital, já teria ido

- Pois então que venha - junto as sobrancelhas e sem mais uma palavra saio de casa

...

Chego ao hospital e dirijo-me à receção. A mulher que se encontra do outro lado do balcão parece concentrada nuns papéis não dando pela minha presença.

-Bom dia - os seus enormes olhos rolam na minha direção -Eu queria saber onde posso encont

-Miguel! - a sua voz impede-me de continuar a minha simpática conversa com a recepcionista e em poucos segundos tenho a minha princesa abraçada ao meu pescoço

-Desculpa, não consegui ficar nem mais um segundo dentro daquela casa. Precisava de vir ter contigo - dou-lhe um pequeno beijo e só depois reparo que o sorriso antes formado nos seus lábios tinha desaparecido - O que é que o médico te disse?

-Meu querido ainda bem que aqui estás - a mãe da Ana surge detrás de mim. Consigo perceber pelos seus olhos que esteve a chorar -Por favor nunca deixes que aconteça nada à minha menina, eu não quero que ela passe pelo mesmo que a Jéssica. Pobre rapariga - o seu marido abraça-a e leva-a para longe, de modo a deixar-nos sozinhos

Não sei se quero ouvir aquilo que ela tem para me contar, por isso, deixo o silêncio prolongar-se durante algum tempo. Passo os meus dedos pelo seu cabelo e sussurro-lhe baixinho algo para a acalmar.

O seu corpo fica tenso de repente, afasto-a um pouco e vejo que ficou pálida.

-O que é que se passa, parece que viste um fantasma... - olho na direção das suas pequenas esmeraldas, o Coimbra

-Porque é que estás aqui? Não achas que já fizeste o suficiente por hoje? - ao contrário daquilo que esperava, não há sinal de que ela vá derramar uma única lágrima. Em vez disso, mantém um olhar frio e uma postura rígida

-Sim acho, mas eu preciso de saber aquilo que lhe fiz - o Miguel parece assustado e frágil, como se lhe fossem arrancar o coração a qualquer momento. Tem o rosto molhado das lágrimas e os olhos vermelhos

-Queres mesmo saber? - ele acena e ela senta-se numa cadeira. Sei que lhe vai ser difícil ter que lhe dar satisfações, mas ele merece ao menos saber -Eu vou-te dizer exatamente o que o médico me disse - dá um longo suspiro antes de começar e agarra na minha mão -A Jéssica desmaiou logo após o embate e ainda não acordou, mas mesmo assim, os médicos já lhe fizeram todos os exames necessários e já sabem os diagnósticos. Agora, queres saber primeiro as boas ou as más notícias - ela faz aspas na parte das "boas" e espera que ele lhe responda, coisa que ele não faz deixando-a um pouco irritada

-As boas, Ana - tento desviar as atenções do Coimbra para mim e ela parece acalmar um pouco

- Eu não sei o que vai acontecer quando a Jéssica acordar, Coimbra. Provavelmente tu vais ser a primeira pessoa em quem ela vai pensar depois de perceber que aqui está por causa do acidente. Tu sabes que isso será suficiente para a deitar abaixo, mas quando ela souber da má notícia vai ficar ainda pior - a minha preocupação aumenta quando também a Ana acaba por descambar. Ela e o Miguel não conseguem mais reter o que os faz torvar a visão e eu também não o consigo evitar - Não acho que saber que não tem quaisquer ferimentos vá compensar o enorme buraco que ela vai sentir no lugar do seu coração...

-Qual é a má notícia, Ana? Sê direta, por favor!

POV Ana

Começo a sentir a minha cabeça andar à roda, a água que escorre pela minha face parece arder de uma forma corrusiva. Não consigo voltar a repetir estas palavras, não dá!
Aperto ainda mais a mão do Cris e peço-lhe ajuda com o olhar.

Neste momento, tanto me apetece abraçar o meu irmão e juntar a minha dor com a dele, como nunca mais olhar para a sua cara.

Isto poderá ser tão difícil para ele como para mim?

-Ana? - o meu namorado olha para mim preocupado -Estás bem?

-Não, não estou... - viro-me para o meu irmão, chegou a hora -Parece que conseguiste aquilo que querias...já não vais ser pai, Miguel

-NÃO! NÃO PODE SER!

Levanto-me sem olhar para ele e corro em direção às grandes portas do hospital, preciso de ar, preciso de esquecer que aquele rapaz é meu irmão...

POV Cristo

A Jéssica não pode estar a passar por isto! Como é que alguém nos seus 19 anos de idade aguenta isto?
Ela nem idade tinha para ser mãe, quanto mais para perder um filho?

Olho para o corpo contorcido na cadeira à minha frente e para a pequena rapariga do outro lado da porta... Ninguém merecia nada disto, ninguém porra!

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Meninas não me matem, por favor! Eu não me perdoou por ter escrito isto!
Desculpem ter trazido a fic para um lado tão forte como este mas ela estava a precisar...
Em breve vou dedicar a minha atenção num lado mais romântico entre a Ana e o Cristo, mas por agora, preocupem-se com a Jessie e esperem por uma grande surpresa...

Deixem-se as vossas opiniões e os vossos votos.
Big kiss

Desajeitada in love


Amor InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora