Dear Insanity

Capítulo 1

Eu escrevendo estou história eu... Peraí, calma, respira e tenta de novo! Bem, essa é a minha primeira história, mas não é realmente uma história, tá mais para uma biografia, ou seja, a história da minha própria vida. Daí você me pergunta: por que diabos alguém iria querer saber da sua vida, querida? Bem, eu também não sei, meses atrás eu não tinha absolutamente nada para contar, mas agora... Bem, leiam e descubram o que quero dizer por vocês mesmos.

Capítulo 1

Estava caminhando dentro do mercado guiando um carrinho enquanto pegava meu estoque semanal de comida, minha melhor amiga estava na seção de seção de vegetais – eca! – enquanto aqui estou eu, tendo uma discussão mental entre levar a geleia de morango ou a de uva. Por via das dúvidas peguei as duas. Espero que sejam tão boas quanto as do acampamento...

Acampamento? Mas que acampamento? Oras, o acampamento onde eu passei os últimos três, quase quatro anos da minha vida. A principio fui para lá por causa do desaparecimento de meus pais – não quero falar sobre isso... –, mas poucas semanas depois percebi que aquilo não era nenhum castigo como eu pensava, mas na verdade um presente, e devo admitir, foram os melhores anos da minha vida. É claro que tiveram alguns lados ruins, como o fato de eu ter descoberto ainda ontem que Whitney Houston e Amy Whinehouse morreu, mas ainda assim foi tudo perfeito.

Lá não tínhamos nem televisão e nem internet, foi bastante difícil no começo, mas logo depois percebi que o mundo real é realmente melhor do que o virtual, que subir em uma árvore é melhor do que atualizar seu Orkut – que eu descobri que ninguém mais usa – e que uma musica tocada no violão ao redor de uma fogueira a noite é infinitamente melhor do que ouvir uma melodia pelo celular ou computador. Você deveria experimentar isso de vez em quando.

Mas ainda assim perdi muita coisa. Nada que uma conversa com minha irmã menor não possa resolver, ela é um pouco – um muito – fanática por quase todos os famosos possíveis, mas ainda assim consegue ser tão antissocial que até dói. Mas ainda assim é possível que se eu perguntar o CPF do pai da melhor amiga do primo do enteado de um dos caras na parede dela, pode ter certeza, ela vai saber.

Olhei para o carrinho à minha frente com seis potes de Nutella na mão, procurando um espaço para coloca-los quando a única vaca de que eu gosto chegou ao meu lado com uma pequena cesta repleta de legumes. Revirei os olhos.

- Quantas vezes vou precisar dizer que comprar coisas como aipo e tomilho é uma completa falta do que fazer? – perguntei, enquanto ela puxava meu carrinho até o caixa contra a minha vontade. Ela ainda não percebeu que ainda faltavam coisas a comprar? – Batatas? Para quê? Vai me deixar de castigo, me obrigando a comer sopa?

- Cala a boca Kat, olha só o tanto de coisa que você pegou, depois de três dias comendo isso você vai implorar pelas minhas sopas, sei disso – cruzei os braços e bufei, indo atrás dela. Era exatamente assim, mas entre ser a verdade e eu admitir, tem uma grande diferença.

- Podia pelo menos ter pegado um pouco de tempero, sabia que nenhuma delas tem gosto?

- Sabia que eu não tenho certeza se temos como pagar isso tudo? Não sei como você vai fazer para pagar isso tudo, eu trouxe cinquenta dólares para meus legumes e eu sei que você não trouxe nada, me diz, como vai pagar?

Abri a bolsa carteiro enorme coberta de desenhos animados que usava, tirando de um pequeno bolso um cartão dourado com o nome dela escrito. Sorri quando ela revirou os olhos.

- Seu cartão de créditos, lembra? – ela não respondeu, apenas colocando sua cesta na esteira e colocando as coisas ali.

Não demorou muito e ela as pagou. Logo chegou a minha vez, mas aí foi um pouco mais complicado... Levei uns dez minutos apenas colocando as coisas na esteira, e ainda assim tirei muitas das coisas. Dois garotos chegaram atrás de mim com um carrinho quase cheio como o meu, mas com pouco menos de comida, uma diferença quase imperceptível. Mas ainda assim menos.