A Bruxa

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O sol brilhava forte e quase me cegava quando abri os olhos na manhã seguinte.
Ela soprou uma bola de chiclete. Empurrou a àrvore com a ponta dos pés fazendo com que encostasse a cabeça na parede.
- Você sabia que não tem wifi aqui?
- Quem é você? - eu perguntei com uma voz sonolenta.
- Sou sua colega de quarto.
- Ah. Entendi. - levantei lentamente e coloquei meus óculos. Ela usava óculos escuros e salto alto, não sabia se ela tinha entendido que estavamos no meio de uma floresta.
- O sol está forta lá fora mas, ei, podemos fechar as janelas.
- Janelas? Eu nem mesmo tinha percebido que esse lugar tinha janelas.
- Você está muito pálida. Tem certeza de que está bem?
- Você com certeza nunca me viu mal.
- Bran, não é? Eu mexi nas suas coisas e você tem muitas tralhas aqui dentro.
- É. Esse é o meu nome.
- Eu li os seus documentos. Espero que não se encomode.
- Qual o seu nome?
- Felícia. Não que fosse minha primeira opção de nome se eu pudesse escolher. Você sabia que Bran é um nome masculino? Irônico porque seus pais sempre quiseram uma filha menina.
- Como você poderia possivelmente saber disso?
- Eu li a carta que eles deixaram para você. Tem que parar de levar essas coisa para todos os cantos ou vai acabar perdendo. - ela me devolveu a carta - A propósito, é uma pena que...
- Eu sei. Já ouvi isso muitas vezes.
- Ei, você quer tomar café da manhã? O café começa às nove. São nove horas, dois minutos e cinquenta e dois segundos, exatamente.
- Bem, então acho que deveríamos ir.
- Ótimo. - ela segurou minha mão e me judou a me levantar - Você quer um chiclete?
- Não, obrigada. - eu disse enquanto afastava os cabelos para trás das orelhas.
Ao invés de descer as escadas, comk qualquer pessoa faria, Felicia simplesmente pulou e aterrizou perfeitamente de pé.
O solado de suas botas fez um buraco no chão deixando a marca de onde ela caira. Então olhou para cima e perguntou:
- Você precisa de ajuda, Bran?
- Não. - eu disse tentando descer as escadas - Eu estou bem.
- Vamos! Se demorarmos muito só vão nos sobrar os pães mofados.
- Aposto que não serviriam pães mofados.
- Eu não sei. Minha irmã disse que faziam isso. Eu não duvido.
Me calei por alguns segundos antes de perguntar:
- Qual o nome daquela senhora? A que nos recebeu?
- Aquela é Marta. Minha irmã disse que ela é legal. Que ela não fica pegando no nosso pé.
Seguimos até a casa onde, supostamente estavam os outros. Isso deu tempo para que Felícia formulasse a pergunta:
- Por que a casa da árvore? Como você encontrou esse lugar, afinal?
- Não sei. As paredes pareciam sussurrar e tudo dentro da casa era meio assutador, então encontrei o único lugar que não parecia ser. E você?
- Minha irmã disse que a casa é assustadora e que, contanto que eu não passasse muito tempo dentro dela, eu ficaria bem.
- A sua irmã vinha passar as férias aqui?
- Ela veio umas duas vezes. Ela não gostava muito.

A Oitava FilhaOnde histórias criam vida. Descubra agora