| z e r o |

99 13 2
                                    

Ele era mais baixo que o resto dos rapazes. Mais baixo, mas menos desinteressante. A sua voz era fina, mas o seu timbre de voz suavizava de tal maneira que conseguia deixar arrepios ao corpo de quem o escutasse com atenção. Era engraçada a ironia de Kaitlyn apenas reparar nele, e somente nele. Mesmo que o corredor estivesse cheio, apenas a sua gargalhada seria ouvida por ela. 

Kaitlyn era nova e com espírito jovem. E como qualquer rapariga da sua idade, pelo menos naquele tempo, escrevia um diário secreto. Mas o seu não era um diário, era apenas um simples caderno de capa verde. Verde - assim, como os olhos do rapaz que preenchia a sua mente. Mas não um verde choque como aquele que forrava o caderno, mas um verde mais suave. Mais natural e mais incrível. Pelo menos era isso que uma Kaitlyn mais nova escrevia no seu caderno especial de forro verde choque. E era exatamente isso que ela fazia naquele preciso momento. 

O momento em que o interfone soou pela a sua casa. 

Frustrada e com um suspiro sôfrego, levantou-se impaciente e deixando o caderno verde de lado sobre o sofá bege onde antes se encontrava sentada. E então, quando o seu corpo se encontrava suficientemente perto para carregar no botão que permitiria a comunicação, Kaitlyn fê-lo:

- Downey. - A pequena respondeu, chamando pelo porteiro que impedia qualquer pessoa de entrar no prédio. 

- Pequena Kate, - Tyler Downey era a única pessoa que poderia chamar Kaitlyn de pequena Kate pelo simples facto de Kaitlyn confiar o suficiente nele. Downey sempre esteve com ela quando a mesma desabafava sobre a sua vida amorosa, principalmente quando a mesma se encontrava sozinha em casa quando voltava da escola. O seu irmão não era uma opção fiável para algo tão importante como uma conversa. Não entre humanos pelo menos. - Encontra-se presente um rapaz que acredita conhecê-la. 

- Ele referiu o seu nome? - Franziu a testa sem entender. Um rapaz? O único rapaz que a mesma conhecia era o seu irmão. Isso não faria sentido nenhum.

- Acredito chamar-se Harry. - E aquilo acabou com o batimento cardíaco do pequeno coração de Kaitlyn. Harry? O que faz Harry aqui? Como sabe ele que eu moro aqui? Porque não consigo dizer nada? Diz-lhe Kaitlyn. Diz que estás ocupada. Faz-te de difícil, assim como Nevaeh sempre disse para fazer. Sê difícil e diz que estás ocupada. E ah, respira. - Menina Kate? Ainda se encontra bem?

- Eu apenas tenho treze anos Downey, não coloques pressão em mim! - De todas as coisas com sentido que poderia dizer, aquilo foi provavelmente o que menos sentido fez. Kaitlyn podia imaginar a cara de surpresa que o porteiro deveria de estar a fazer.

- Entendo. - Assim,, dito e feito. Downey não precisou de muito tempo para perceber o que realmente se passava ali. Afinal, uma criança de treze anos não é tão complicada como aparenta ser. - Quer que o convide a entrar?

Kaitlyn tinha apenas treze anos sim, mas o seu coração revirava-se tanto no seu peito, que ela conseguia sentir-se com setenta anos e a ter um ataque cardíaco grave. Engoliu em seco sentindo os seus olhos marejarem de nervosismo e sem saber o que fazer. Ela não transpirava, ou balbuciava quando estava nervosa; ela chorava.

- O que faço? - A sua voz saiu por um fio, tão quebrado e assustado como ela poderia estar a sentir-se, enquanto se encostava lentamente à parede.

Nunca esteve perto dele por muito tempo. E sempre que estava, a sua mente parecia perder o controlo dos seus nervos. Era algo tão complicado de se sentir, que Kaitlyn gostava de poder jogar a sua consciência fora. 

- Aceite, - Downey sorria. Kaitlyn sabia que sim. - Não se esforce tanto porque Harry parece estar muito descontraído.

Ele sempre está. Ele sempre estava.

- Ele pergunta se a menina gostaria de descer e trazer o seu skate.

Kaitlyn enrugou a testa em questão.

- Skate?

- Acredito não saber responder a isso. 

O seu irmão tinha um skate, e Kaitlyn gostava de andar nele de vez em quando. Mas nunca pensou que isso chegasse aos ouvidos dele. Logo, dele

- Ok. - Despachou-se em dizer. - Diz-lhe que eu vou descer agora.

Kaitlyn desceu. Depois de pegar o skate no quarto do seu irmão, Kaitlyn foi para a sua primeira saída. Com ele.

Mas logo Harry foi-se embora cedo. E aquela foi a penúltima vez que a pequena loira o viu, pois Harry foi obrigado a viajar para longe. Kaitlyn não sabia o quão longe isso era, mas sabia que não o veria nunca mais.

Até o presente, onde já se passaram quatro anos. Quatro anos que mudaram muitas coisas, incluindo a personalidade adorável e envergonhada da pequena. Mas nem dez anos apagar-iam aquilo que Kaitlyn sentiu por Harry, muito menos quatro. Ela poderia ter apenas treze anos na altura e a sua mente não ser esperta o suficiente para saber o que realmente sentia. Mas o seu coração nunca esqueceu aqueles olhos translúcido e invejáveis. Ela não poderia.

Ele foi-se embora sim, e agora ele estava de volta.

Quando ela o viu pela primeira vez em quatro anos, ela soube, bem no fundo, que ele era problema.

Mas não pôde evitá-lo. Ele fazia-a sentir-se viva. Permita-se dizer, feliz? Pelo menos durante algum tempo ele o fez. A questão foi o que veio a seguir. Ele fê-la sentir-se sortuda, ela esforçou-se para ser boa o suficiente para ele.

E de todos os seus erros, o pior foi deixar ele misturar-se na sua vida - assim. Como um maldito produto químico.

Mas eu iria ser boa o suficiente para ele, como sempre fui para todo o resto. Ele não poderia ser a minha única falha. Eu faria de tudo para tê-lo na palma da minha mão, porque - ninguém supera Kaitlyn Aspyn Kate, Nem sequer um Harry Styles.

O meu caderno de forro verde permaneceu em branco desde aquele dia... Esta é a história que eu não escrevi.

 -

E aqui está uma bela introdução da história Chemicals, eu espero que gostem !

Chemicals | H.S |Onde histórias criam vida. Descubra agora