Capítulo número dois
Harry não conseguia dormir.
Como poderia?
Depois que Aaron se despediu dele à quatro horas atrás, quando ainda batiam as cinco horas da manhã, não perdeu tempo em deitar-se na cama que o chamava desde as duas da manhã. Embora o chamamento do sono não deixasse a sua cabeça, os seus olhos pareciam estar colados à testa, não permitindo que o mesmo adormecesse.
Harry não conseguia parar de pensar naquela corrida.
A velocidade com que aqueles carros iam era maior do que a velocidade que um prato fazia enquanto caia de uma mesa para o chão. A adrenalina que se possuía quando se dirigia um carro daqueles, era alta o suficiente para um agente da lei decidir prender qualquer indivíduo que a sentisse naquele momento. O poder supremo que se ganha em uma corrida daquelas é de tal maneira forte, que nem a maior droga do mundo a faz desaparecer.
Era tão alucinante, que Harry ainda conseguia sentir os dedos formigarem nas suas mãos.
Era completamente um mundo diferente, excitante e sem dúvida alguma, viciante. Ele queria correr outra vez. Ele realmente queria. Mas quando perguntara a Liam, o rapaz que conhecera naquela noite, quando seria a próxima racha, o mesmo apenas sorriu e afirmou divertido que aquelas rachas não tinham datas marcadas, elas apenas aconteciam. E isso deixou tudo ainda mais marcante.
Já batiam as nove horas no relógio sobre a sua mesa de cabeceira, e Harry já havia tentado de tudo para dormir. Mas quando o seu telemóvel tocou o som que o mesmo colocara para saber quem o ligava, ele soube que já não valeria a pena tentar mais; mesmo que o seu cérebro proclamasse por misericórdia.
- Crystal. - A sua voz saiu grave e falha, como se de facto ele tivesse mesmo acabado de acordar.
- Harry. - Crystal falou animada. - Estás na cidade, certo?
- Não. - Levou a sua mão livre ao rosto, coçando distraidamente o seu olho direito e acabando por deixar a sua mão lá quando acabou.
Crystal do outro lado suspirou alto, não deixando de estar animada.
- Ainda bem que estás na cidade, - continuou, fazendo Harry sorrir de ladinho mesmo que ela não conseguisse ver. - Porque eu preciso de ti!
Ele não queria, não queria mesmo; mas o seu coração falhou um batimento. Ele não fazia de propósito, aquilo apenas acontecia. Era realmente irritante e frustrante. Infelizmente, era algo que não conseguia controlar desde os seus dezassete anos de idade, pelo menos não em relação a Crystal.
Ainda com a mão colada ao seu rosto, Harry exigiu a si mesmo que se acalmasse.
- Frase realmente ambígua. - respirou novamente, desta vez mais alto e soando ligeiramente cansado.
- Então, eu estava a pensar se podias vir ter comigo. - Pareceu ignorar, pareceu não, totalmente ignorou o que o moreno havia dito; ou talvez nem sequer tivesse reparado que o mesmo se pronunciou e a mente de Harry estivesse apenas a criar labirintos desnecessários.
- E isso seria onde?
- No hipódromo.
- E isso fica?
- Em Queens, - a morena disse-o tão animada que por momentos não parecia ser longe o suficiente para Harry não querer ir.
- Oh, fantástico. É só uma hora de viagem mesmo. - Riu-se sarcástico.
- Primeiramente não sejas sarcástico, não sejas rude e não me faças desejar socar as tuas bo-
- Ok! - Harry ficou em alerta pois a voz de Crystal ainda era alegre, o que levava o medo a um nível superior. - Oh, esplêndido, é apenas uma hora de viagem. - A sua voz estava fina, falsamente alegre e estritamente não máscula enquanto repetia a sua fala anterior. Ele realmente esforçou-se desta vez pois sabia que Crystal era bem capaz de fazer o que ameaçava fazer. Aprendeu por experiência própria, e da pior forma.
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Chemicals | H.S |
FanfictionMarcas de um passado obrigam-no a ser torturado e consumido pela crença de que está para lá de qualquer salvação. Talvez seja por isso que durante a noite dedica-se a uma vida de prazer sem limites, não hesitando em usar a sua ambição para alcançar...