Capitulo 18

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O caminho parecia mais longo que o habitual, realmente eu não estava prestando muita atenção; cheguei. Pedi para o cocheiro esperar.

Subi correndo as escadas em direção ao meu quarto fechei todos os malões, guardei o restante das roupas em outros, peguei meu chapéu e desci, da entrada pedi que me auxiliasse com as malas e sem entender o seu Pascoal apenas acatou minhas ordens.

– Me leve de volta para Vila Real. – falei sem pestanejar com os olhos inchados e mareados de lágrimas, entrando em seguida no veículo.

Como já era tarde da noite deveria chegar na Fazenda ao amanhecer. E entre um buraco e outro da estrada, minha lembrança era submetida a cena horrenda daquele beijo inescrupuloso, daquela desavergonhada e do descarado do Conde Vila Nova.

Como pude ser tão tola, e achar que alguém como ele poderia ao menos se interessar pela minha pessoa. Me dava raiva só de pensar o quanto fui tonta! Aarggg! Poderia ter tido pelo menos a decência de ter-lhe dado uma bofetada no meio das fuças, isso sim ele merecia.. – pensei em ódio. 

Pedi para seu Pascoal que não fizesse paradas, queria chegar logo, me afastar um pouco daquele mundo tão "supérfluo" , quando finalmente consegui pegar no sono.

                              
                                *********

Benjamin ainda estava sem conseguir acreditar em como aquela menina o havia atraído até a lateral externa do pátio, e em como toda aquela situação terminara em um beijo surpreendido por Lady Angelina.

Por sorte, pensou no momento, que ela foi a única que viu tal cena, e portanto, a reputação de Lady Georgina não estaria manchada.
Ao seguir os passos de Lady Angelina logo após ser pego beijando a tal garota, Ben a viu tomar uma carruagem as pressas, saiu e foi falar com seu irmão Greg no salão.

– Acabo de ver a sua irmã sair da festa. – chegou anunciando o fato.

– Ah, sim claro disse que estava exausta e queria retirar-se... à propósito perguntaste por ti. – falou em total falta de atenção dirigindo o copo para outro gole de whisky, visando as raparigas no salão.

— Senhorita Felipa.. Por acaso viu minha irmã? – perguntou-a.

— Claro, por favor queira me acompanhar.– disse apontando a direção.

— Depois da senhorita. – disse seguindo-a ao jardim.

— Laura! precisamos ir embora.– disse sem mais delongas retirando a irmã do grupo de amigas em que conversava.

— Mas já?! – retrucou Laura ao lado de Lipa.
— Tenho que acordar cedo e negócios a resolver antes de voltarmos.– se explicou.

— Esta bem! vamos... já estava ficando aborrecida. – disse tomando o braço do irmão saindo também na companhia de Lady Felipa.

— Vou atras do Gregory não quero mais demorar, minha irmã já esta em casa.– disse deixando Laura surpresa com a notícia.

— Mas como é possível que ja tenha ido embora? – perguntou para Lipa incrédula.

— Disse que não se sentia bem e Gregory chamou o cocheiro para levá-la.– confirmou.

— Me desculpem , mas realmente preciso achar meu irmão para irmos embora, boa noite Laura, Conde.– e se afastou.

Do lado de fora, aguardando sua carruagem; Laura não conseguia entender porque sua amiga Angel foi embora tão cedo, se estava tão animada quando chegou.

— Alguma coisa aconteceu... – acabou falando em voz alta, chamando a atenção de Benjamin, que permanecera calado, porém inquieto, olhando para esquina em busca de algum sinal do veículo.

— Você não a viu?! – indagou para ele Laura, pegando-o de surpresa.

— Claro que a vi Laura! Que pergunta mais tola, você também a viu, alias todos na festa.– disse ríspido.

— Benjamin Queirós Vila Nova! O que foi que o você fez com a minha amiga? – disse Laura em um tom acusador que somente sendo mesmo irmã para reconhecer que o irmão havia feito algo de errado.

— Hora Laura, nada! E eu lá tenho culpa que Lady Angelina não gosta desse tipo de evento.

— Eu vi vocês dois dançando, pensa que não percebi, não sou mais uma criança Ben, pelo amor de Deus... O que fez para ela? – perguntou novamente em suplica.

E antes que pudesse dizer tudo que havia acontecido, fora salvo pela chegada da carruagem.


****************

Dona Rosa estava passando o café, quando percebeu a chegada do coche, sendo surpreendida pela saída de Lady Angelina e dois malotes pesados.

— Mas o que fazes aqui senhorita? Pensei que só voltariam na outra semana. – falou.

— Ah, dona Rosa a senhora me conhece, sabe que não me dou muito bem nesses bailes... Estou muito cansada, gostaria de subir para meus aposentos... – disse se retirando.

— Outra coisa peça para enviarem uma carta a capital avisando a minha chegada na fazenda pelo mesmo cocheiro. Grata. – e continuou subindo as escadas.

*********************

Ao entrar dentro de casa já subindo os degraus
para seu quarto virou-se para Benjamin e falou:
— Amanhã cedo irei visitar Angelina, e você vem comigo! – sem esperar pela resposta do irmão, fechou a porta logo em seguida.

O que iria fazer... mais cedo ou mais tarde teria de enfrentar cara a cara Lady Angelina, e tudo o que ele poderia pensar agora era de como ela poderia estar decepcionada com ele.
Mas porque merda aquela menina tinha que segui-lo e beija-lo, era homem, não saberia ao certo, mas já havia bebido uma quantas tantas doses de whisky naquela noite.. Mais uma agora não iria fazer diferença já que tudo esta arruinado.

A dança com Lady Angelina foi fantástica, nunca poderia imaginar que a jovem pudesse ser conduzida tão levemente em uma valsa, e suas curvas que se encaixavam perfeitamente em suas mãos... Não! Esta moça ainda iria deixa-lo louco , sedento de vontade de tê-la, mas não poderia, como poderia? – pensou.

Imerso em um turbilhão de pensamentos Benjamin não conseguiu dormir, passou a noite inteira tendo pesadelos.

No dia seguinte já estava de pé a espera da irmã para ir a casa dos Ávilla de Bragança, estava decidido a ter uma conversa franca com Lady Angelina sobre o ocorrido.

— Nossa, vejo que acordou junto com o galo da madrugada! – disse Laura rindo sentando-se a mesa para o café.

— Bom dia para você também Laura. – respondeu serio lendo o jornal.

— Creio que já esta pronta para a visita aos A. De Bragança? – disse olhando-a.

— Sim, podemos? – confirmou Laura, levantando-se da mesa, dando um último gole em seu leite quente.

Descobrindo o Amor - Livro 1 da série     #Apaixonadas em Vila RealOnde histórias criam vida. Descubra agora