Capitulo 4

814 90 7
                                    

Acordei no outro dia cansada junto com o galo da madrugada, abri a cortina na janela e avistei o dia amanhecendo, comecei a pensar como as coisas seriam para mim depois que a Felipa fosse apresentada a sociedade, viveria sozinha nesta enorme casa depois que papai morresse? Greg vai se ajeitar com o tempo, arranjar uma bela esposa, herdará o título de marquês de papai e viverá na capital, Felipa também, e eu aqui no campo?

Não sabia o que havia de errado comigo desde a morte de mamãe eu me retive, não me acho atrativa para os cavalheiros, nenhum com mesmo interesse de antes, sem ser pelo olho gordo em meu dote, acho que já se foi meu tempo para o romance. – me perdi em pensamentos.

De repente escuto um barulho muito alto e passos no andar de baixo.
Quem será? ai, meu Deus um ladrão! A essa hora os empregados não acordaram ainda... – eu pensei assustada.

Me virei para olhar Felipa e ela estava no 27º sono e não escutou nada, nem se quer se mexeu.

Eu peguei um vaso de porcelana da minha escrivaninha, tirei as flores, vesti o roupão por cima da camisola e saí do quarto em direção ao salão de visitas ouvindo vozes e risadas.

– Venha, vamos para o escritório, aqui tem tudo que precisamos! – o homem falou.

Depois ouvi passos de outro homem o seguindo, não conseguia ver os rostos porque ainda estava muito escuro dentro de casa e fui descendo de fininho, degrau, por degrau até chegar lá em baixo.

Até que o outro falou:
– Escuta...você não acha melhor a gente subir? – falou o homem alto, forte, de cabelos castanho claro, encostado em pé na entrada da porta do escritório.

O quê ? subir? O que eles queriam lá em cima?! abusar da gente? – eu pensei.. daí ouvi o outro dizer.

– Relaxa! não tem ninguém acordado a essa hora.. – disse a outra voz de dentro do escritório.

Eu fui chegando por trás bem devagar pronta pra dar o bote e respondi :
– Tem sim! eu aqui! – disse com firmeza quebrando o vaso de porcelana nas costas do homem que estava de pé ao lado da porta! Fazendo-o cair desacordado ao chão.

– Angelina! Calma, calma! sou eu, seu irmão Greg! Você enlouqueceu foi?  – disse Gregory assustado.

– Mas o quê... o quê.. – falei perdida olhando para ele.
– Olha só o que você fez com o Benjamin, Angelina! – gritou Greg.

– Ai meu Deus, ai meu Deus, ai meu Deus... o que eu fiz! – entrei em pânico andando em círculos no escritório com a minha mão tapando a boca, olhando assustada para o corpo daquele homem em que eu acabara de matar.

– Por acaso ficou louca? Papai não avisou que chegávamos esta semana? – indagou Greg levantando Benjamin e colocando ele inconsciente no sofá do escritório.

– Claro que não! Nos disse que seria em um mês! Não tão cedo.. – disse desesperada.

–Será que esta mal? – perguntei aflita.

– Eis a questão... Será que está vivo? – perguntou Greg sério comigo.

– Vou pegar uma bacia com agua e limpar, talvez possa ajudar – disse e saí em direção a cozinha.

Quando retornei Sr. Benjamin ainda não tinha acordado.
– Aproveitei e trouxe um pouco de álcool, quem sabe não acorda ao sentir o cheiro? – supus eu.
Gregory rodeava o escritório pra cima e para baixo sem saber o que fazer.

– Talvez a gente possa avisar a família dele e chamar um médico – disse Greg por fim.

– Não! Não faça isso! a família dele já esta em uns maus bocados por conta da saúde debilitada do pai, com ainda mais essa notícia seria algo desastroso! Por favor.. – Supliquei .

– É verdade.. – disse meu irmão

– Pronto já está limpo do sangue, agora vamos ver como reage ao odor do álcool – disse pegando o vidrinho e colocando perto de sua narina ( que por sinal combina bastante com o seu rosto) e ele começou a abrir os olhos gemendo de dor.

– Sr. Vila Nova? esta me ouvindo? Esta bem? Lembra-se de seu nome ? – perguntei em dúvida.

– Como não? se a senhorita acabou de falar.. – ele respondeu.

– Refiro- me a seu primeiro nome.. – repeti.

– Eu morri e estou no céu? Você é algum tipo de anjo? – ele disse.

Deveria estar alucinando pobre coitado, a pancada foi forte...– pensei.
– Ora vá deixe de gracinhas Sr. Vila Nova, lembra-se ou não? – perguntei novamente.

– É.. Benjamin ! Benjamin Queirós Vila Nova – repetiu.

– Ai, que bom ! pelo menos está consciente e não o matei. – soltei de alivio.

Ele fez uma cara de quem estava querendo saber o que tinha acontecido ali, e por que eu uma dama em trajes de dormir estava ao seu lado aquela hora.

– Ben, por favor perdoe minha irmã, a Angie achava que éramos ladrões por isso quebrou o vaso em suas costas.. – se desculpou Greg.

– Foi você quem fez isso? Está louca? – me perguntou Benjamin.

– Louca com certeza não, sou uma dama e estava sozinha em minha casa que por sinal achei que estava sendo invadida, ouvi barulho e vozes, desci as escadas e ouvi vocês falando que iriam roubar as coisas do escritório e depois subir e abusar da gente!!! – repliquei.

Ele fez uma cara de quem ainda tentava assimilar o que eu estava dizendo..

– Irmã você entendeu tudo errado, fomos para o escritório porque queríamos beber o licor que aqui estava, para nos aquecer, pois fazia frio e havíamos acabado de chegar. – falou Greg .

– E eu falei em subir, para descansarmos, pois, estamos exaustos da longa viagem. – disse Benjamin.

– Entende agora? – Greg perguntou.

– Sim compreendo, mas não tiro minha razão, foi em legítima defesa! – retorqui.

– E o que esperava acertando-me com o vaso? e como faria com o outro sujeito, por exemplo ?!  E ainda nesses trajes... – disse com um olhar repreendor.
– Vejo esse seu plano como falho, muito mal elaborado senhorita. – disse o Sr. Vila Nova em desgosto.

– Eu iria me virar... – disse em contra partida.

– Agora chega, por cristo! Estamos cansados, vamos todos nos retirar.. – disse Greg.

Eu estava quase saindo a porta quando ouvi..
– A propósito... bom dia senhorita Angelina. – disse Benjamin.

– Bom dia senhores. – disse e saí em direção de volta ao meu quarto.

Descobrindo o Amor - Livro 1 da série     #Apaixonadas em Vila RealOnde histórias criam vida. Descubra agora