ESTRANHO ADEUS

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O rugido dos gigantes caminhões Transpaire o despertou. – Transpaires, também chamados de besouros de aço, são veículos de três andares, formados por rodas iguais aos antigos tanques de guerra e blindagem reforçada, com capacidade de até duzentas pessoas. Os transpaires, além de serem criados para qualquer tipo de solo, podem voar a curta distância.

Athos demorou um tempo para reconhecer que aquele não era seu dormitório. Levantou-se sonolento ao lembrar-se de Emma, e perceber que ela não estava mais ali. Ele seguiu até a janela vendo que quatro caminhões partiam, e dando uma olhada no acampamento dos arqueiros, notou que estava deserto.

Todos eles haviam partido.

– Emma? – Balbuciou ele olhando o último caminhão que passava pelos portões. – Emma! – Disse mais alto pegando suas roupas e as vestindo, não achara sua camisa.

Athos colocou suas roupas às pressas, foi quando viu que sua mão estava suja de sangue. Ele deu uma olhada em seu corpo com o susto de estar ferido, havia mais um pouco do líquido vermelho em sua cintura, mesmo não existindo corte.

Ele fitou a cama, percebendo que também estava manchada.

Foi quando entendeu que aquele sangue não pertencia a ele, e sim, a Emma.

Athos entendia que ela nunca havia estado com um homem.

Sorriu com a idéia.

Limpou-se com o lençol antes de correr para seu dormitório, o cuidado de não ser visto o cercou.

Entrando como um raio no quarto sessenta, viu Carlos terminando de fazer as malas.

– Athos! Onde estava?! – Exclamou surpreso e aliviado. – Já estava indo avisar ao Sr. Pietrônio sobre seu desaparecimento. Sabe que horas são?

– Eu dormir muito... – Disse ele seguindo para o banheiro, mesmo com a tentativa de se limpar com o lençol, a mancha em sua pele era visível.

– O que aconteceu? Está ferido? – Interrogou Carlos ao amigo.

– Não. – Garantiu fechando a porta e ligando o chuveiro. – O sangue não é meu.

Carlos fez uma pausa.

– Quem você matou? – Questionou com frieza e espanto entrando no banheiro.

– Não matei ninguém.

– Então o que foi?

Athos encarou Carlos pensando se deveria contar.

Decidiu que sim, pois não existiam segredos entre os dois, mesmo que a notícia fosse um choque para Carlos.

– Emma – murmurou ele lavando o rosto.

Carlos precisou de um minuto.

– Deus! – Exclamou perplexo – você matou Emma?!

Athos o fuzilou, mas não o condenou pela burrice. Ele sabia que o amigo não era a pessoa mais inteligente do mundo.

– Não, sua besta quadrada. – Disse esperando que Carlos entendesse.

Carlos não entendeu.

– Ela se machucou? – Perguntou com leve preocupação – bem, ela não me parecia ferida quando veio aqui se despedir...

– Ela veio aqui?

Carlos assentiu.

– Sim, e deixou uma coisa para você, mas não perguntou onde você estava. Bom, eu não saberia dizer também... – Acabara de cair à ficha de Carlos. – Aaah... Vocês estavam juntos? – Os olhos de Carlos brilharam.

O Clã dos ImortaisOnde histórias criam vida. Descubra agora