EMBOSCADA

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Carlos pensava em como num curto tempo de sua vida toda ela havia sido modificada, não era algo que o jovem rapaz havia ambicionado em sua história, era muito melhor

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Carlos pensava em como num curto tempo de sua vida toda ela havia sido modificada, não era algo que o jovem rapaz havia ambicionado em sua história, era muito melhor. Seu destino? A Guarda Real. Seu desejo? No futuro, ser um dos generais, um dos maiores. Talvez até ser comparado a Vincent. Mas seu presente não era algo que necessitava de tanta atenção como o seu melhor amigo no momento. Carlos pensava em como nunca havia tido tempo para pensar tanto como ali dentro daquele transporte de aço. Convenhamos, pensar não era seu passatempo preferido. Estava exausto e queria realmente um banho quente bem longo. Procurava ocupar seu tempo com as tarefas que Damian lhe passava, buscava não pensar em como a vida de Athos girava como uma arma brincando de roleta russa aguardando apenas o disparo. O problema era onde o tiro teria seu desfecho.

O jovem rapaz estava reabastecendo a água no bebedouro quando seu corpo foi lançado para cima, um impacto forte e em seguida tudo a sua volta subia e descia, girando, girando, girando... seu corpo era golpeado por todos os objetos, todos os homens a sua volta passavam pelo seu mesmo desespero. Carlos buscava se proteger ou até mesmo se agarrar a algo, porém seu corpo apenas absorvia o impacto que o transpaire lhe causava. Seus olhos abriram depois de alguns instantes, minutos talvez? Não pareciam ter sido horas? Poderiam?

Carlos viu o caos de corpos e objetos que se misturavam com a fumaça e as luzes fluorescentes piscando desordenadamente. Todo seu corpo doía, mas para sua sorte nada parecia quebrado.

- Estão todos bem?! – o Berro de Vincent chegou aos seus ouvidos, mas sua boa apenas proferiu um resmungo que foi aceitado pelo general. Carlos se levantou, enquanto todos tentavam fazer o mesmo.

- Athos? – Chamou olhando em volta. – Athos? – O que havia acontecido? Havia acontecido um acidente, mas o quê? Desceram ladeira abaixo algum barranco?

- Aí minha perna! – gritou Jeremiah, o careca tatuado próximo. – Merda! Acho que quebrei minha perna! Infernos!

- Athos! – Carlos gritou novamente indo ajudar Jeremiah, enquanto Mustafá fazia o mesmo.

- Carlos! – ouviu seu nome. Mas era em outro lugar. Andar superior. – Carlos, vocês está bem? – a voz era longe, mas sem sombra de duvidas era de Athos.

- Sim, e você? – gritou de volta enquanto retirava os objetos que haviam se tornado obstáculos. – Estou indo!

- Estou bem. Mas estou preso! – explicou.

- Estou indo! – Disse pulando nas redes e subindo para o primeiro andar, que agora estava sobre sua cabeça. O transpaire estava de cabeça para baixo?

Seus olhos buscaram até encontrar Athos preso sob algumas caixas com armamento. Ouvia-se a voz de todos, principalmente a do general enquanto Athos tentava empurrar os grandes caixotes.

- Me ajude!

- Espere – disse se aproximando e empurrando a caixa, mas era pesada.

- Minha perna está presa. – explicou Athos empurrando sem sucesso.

Carlos observou pegando uma barra de ferro.

- Espere, vou fazer uma alavanca. – mostrou encaixando a barra de ferro num canto da caixa. – Quando eu disser três, você puxa a perna.

- Está bem.

- Um, dois... três! – Carlos empurrou com toda a força, quando viu o corpo de Athos ser arrastado pelo general.

- Está bem garoto? – perguntou o general parecendo realmente preocupado.

- Acho que sim. – respondeu Athos mexendo a perna.

- Que bom. – Disse o general enquanto os jovens garotos o olhavam. O general se recompôs. – Não quero ter que explicar ao conselheiro porque o filho dele não chegou inteiro. – ambos assentiram. – Agora vamos sair, acho que o chão cedeu com o peso...

- Mas general... – interrompeu Carlos - nós não estávamos caindo, estávamos subindo. – balbuciou Carlos meio tonto tentando ser racional.

- Não diga asneiras, agora vamos abrir aquela porta e ver exatamente onde caímos. – ordenou o general seguindo até a porta principal, os outros soldados se aproximavam dela também a forçando para abrir.

- Está emperrada! - constatou Damian enquanto Mustafá chutava com tanta força que a porta cedeu. – Obrigado.

- Não a de que. – disse sendo o primeiro a sair. Todos o seguiram até que Carlos e Athos desciam ouvindo Jeremiah resmungar incrédulo.

- Mas o que diabos é isso?!

- Como isso é possível. – Carlos apertou o passo para ver o que eles se referiam, quando seus olhos não acreditaram no que via. Quando o transpaire pegou a trilha das montanhas não sabia que devido à chuva o terreno poderia ceder, mas Carlos estava certo. O chão não havia cedido, eles haviam sido arrastados para cima, o transpaire rolou violentamente por sobre a encosta... subindo a montanha, indo contra a gravidade e toda a lógica. Agora uma pergunta:

- Como isso aconteceu?! – Perguntou Allin, o velho analisou a trilha destruída.

- Não como. O quê? – Disse Damian olhando para o outro lado. Quando todos viraram notaram que além deles havia algo mais naquela floresta com eles, algo escuro e pelo respirar pesado, imenso. Carlos sentiu seu coração falhar ao constatar que aquilo devia ter no mínimo cinco metros de altura. A pele lembrava uma couraça de crocodilo, mas nem de longe aquilo era tal espécie. Sua boca era imensa com presas do tamanho de braços humanos. Da posição em que estavam, nem Carlos nem Athos podiam analisar com precisam tal criatura, mas sabia que não tinham como fugir, apenas um veículo danificado os separavam da morte certa.

- Ninguém se mexe. – sussurrou o general sacando sua arma que estava presa a perna. Mustafá já se encontrava com suas facas nas mãos. – Não vamos consegui correr, bem de vagar... – estranhamente a criatura parecia ouvir atentamente as ordens do general. – tentem voltar pro transpaire para pegar as armas... – Carlos podia ouvir os gravetos sob seus pés. - Sem fazer ruído docinho.

- Tem gravetos sob os pés de todos, general. – advertiu Damian olhando em volta.

- Então se preparem para correr como nunca. Damian, o lança-granadas estava naquela caixa onde estava Athos.

- Sim Senhor. – murmurou Damian.

- um... dois... três! – Os homens correram em disparada, mas assim que eles entraram no veículo, a criatura ao invés de avançar, recuou em direção as gigantes árvores da floresta. Antes que pudessem se perguntar o que havia afugentado tal monstro um zunido que vinha do céu se aproximou velozmente. Em instantes cabos de aço eram lançados da aeronave por entre as arvores até tocarem o chão. E na mesma velocidade homens despencaram por ela altamente armados.

- Emboscada! - Lokan, o piloto do transpaire alarmou o pequeno regimento.

- Frantetianos! – berrou Vincent assim que reconheceu o emblema dos soldados. – Armem-se! – Um tumulto explodiu dentro veículo que não foi possível parar o ataque.

– Como eles entraram em nosso território? – Questionou Damian, no instante seguinte sua mão foi de encontro ao seu pescoço o fazendo cair imediatamente.

- Damian!

- Merda! Atirem! – ordenou Vincent.

Carlos mirou em seu alvo o acertando bem no meio da testa, porém o outro soldado o acertou na coxa. Ele colocou a mão e puxou o pequeno objeto. Não era uma bala, era como se fosse um dardo. Analisou quando sua visão ficou turva se escurecendo em instantes. Ele conseguiu ver Athos ser atingido também, caindo a alguns metros ao seu lado enquanto outro homem gritava.

- Cuidado para não matarem o filho do conselheiro! – foi o que achou que ouviu antes de perder os sentidos.

O Clã dos ImortaisOnde histórias criam vida. Descubra agora