Capítulo I

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HALLEY- Não faça barulho! - Ahron sussurrou silenciando-me com um beijo

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HALLEY
- Não faça barulho! - Ahron sussurrou silenciando-me com um beijo.
Dei um sorriso bobo e o segui de mãos dadas pelo corredor de quartos da casa na qual me abriguei depois que voltei a Terra. Nada em longo prazo, porque se não tomássemos cuidado seriamos descobertos por Tereza.
- Mas como você chegou até aqui?- Indaguei curiosa, já que a última vez que nos vimos ele estava do lado de Tereza. E isso me fez lembrar tudo.
- Ahron... - Me calou com mais um beijo. O seu beijo era voraz e ao mesmo tempo terno, como se de alguma forma tentasse tirar-me um pedaço para guardar de lembrança.
- Muitas perguntas Hay. Não temos tempo para isso, seu sonho está acabando. - Me apertou mais forte contra o seu peito e isso me fez perder o ar.
Antes mesmo de tentar protestar novamente ele me agarrou para outro beijo, só que este com um gosto amargo de adeus.
- Eu... -Começou ele.
Acordei atordoada e com uma linha fina de suor na testa. O relógio marcava 03h27min da manhã e o calor dos lábios de Ahron estavam vivos nos meus como se tudo realmente fosse real.
Mas a realidade não é tão bondosa assim.
Depois que chegamos a Terra, a primeira coisa que fizemos foi procurar algum lugar no qual pudéssemos nos abrigar e traçar um plano. Felizmente encontramos uma casa antiga que estava à venda, mas um pouco abandonada. Essa era a minha primeira noite nela e já estava a ansiar pelos sacos de dormir do Mundo Das Três Luas. Tudo era mais atrativo naquele lugar até na sua época mais sombria.
Toquei a minha perna que ardia como fogo perto da panturrilha. Algo novo estava sendo feito. Uma nova tatuagem mostrava seus novos traços a passo que a dor cada vez aumentava.
Agarrei-me aos lençóis maltrapilhos da cama e tentei levantar. Com um pouco de esforço manquei ate a janela do quarto e abri a janela para que o vento frio da noite arejasse o lugar.
Mas entre o vento frio da rua, uma figura de aspecto mórbido observava de relance a casa. Os seus olhos eram vazios e ele claramente não era terreno.
Puxei as cortinas com força e sai do quarto fazendo barulho suficiente para que todos estivessem de pé protestando o barulho.
- Nosso tempo acabou galera!
Calcei as minhas botas recostadas na parede do, e arrumei o meu cabelo em um coque mal feito.
- Mas que merda é esta? - Gritou Morgana ao fundo do corredor.
O seu aspecto era de quem tinha acabado de brigar com lobos e o seu cabelo parecia mais bagunçado do que o normal.
Todos nós mudamos desde que saímos da Terra. Mas me recuso a acreditar que as mudanças foram ruins.
- São três da manhã Hay. Só vamos voltar para a cama, preciso pensar em um plano. - Logan esfregou as suas mãos na face de forma preocupada.
Arme descansou a sua cabeça no ombro dele. - Eu acho que sei qual é o seu plano... E ele não inclui dormir o resto da noite.
Oliver sorriu e recostou-se na porta do quarto de braços cruzados ao peito.
- Eles já nos encontraram. Será questão de tempo até que Tereza nos ataque. - Falei ríspida.
Um barulho de motos na rua se tornou alarmante. Em um impulso eu corri até o final do corredor a fim de chegar até a janela da sala. Mas uma explosão forte me fez parar.
Cacos de vidro das janelas e pedaços de madeira voaram em minha direção machucando-me. Um brilho forte de chamas inundou a minha vista e a fumaça me engoliu por completo.
Não consegui encontrar os outros em meio ao incêndio. Lutando para tentar respirar, me esgueirei pelo chão da casa esbarrando nos móveis quebrados. Algo que estava cravado na minha perna queimava. Toquei-o e o agarrei puxando-o com força ate que fosse retirado. Grunhi de dor, mas a única forma de sair bem seria encontrar a porta da cozinha. Tossi desesperadamente e quando comecei a perder as esperanças de sair viva, encontrei a réstia da luz do lado de fora e me esgueirei até ele. Com forças que por um milagre encontrei dentro de mim levantei e tentei correr. Porém rostos opacos e sem vida me observavam a frente com um ar triunfante.
- É o nosso dia de sorte! - Um deles falou mostrando os seus dentes pontudos e sujos que combinavam bem com a sua cara extremamente branca e com linhas fortes e bem marcadas das suas expressões.
Os dois me agarraram e me arrastaram até o resto do grupo, que os esperava na frente da casa.
As minhas botas faziam um som irritante no chão e isso foi à única coisa na qual eu me concentrei em ouvir para não desmaiar nos braços de seres com rostos tão desfigurados.

- Cadê os outros? - me tocou com seu longo dedo indicador, fazendo com que todo o meu corpo arrepiasse com a quão fria era.

- Não encontramos mais ninguém senhor. - Um de seus lacaios respondeu de forma respeitosa.

Agradeci mentalmente por eles estarem a salvo.

- Isso não importa, eu os encontrarei de qualquer forma. - sorriu presunçoso. - Agora levem-na para o meu escritório, tenho muito trabalho pela frente. Precisamos abrir outro portal e isso não será nada fácil.

O líder dos idiotas que me mantinham presa se afastou e eles o acataram, empurraram-me em direção a um carro branco e elegante que estava estacionado a alguns metros.

- Merda. - sussurrei. Eu estava em apuros e não tinha nem esperança de fugir destes dois homens enormes e asquerosos.

Quando eles me empurraram para dentro do SUV, posicionei o meu pé na parte inferior da porta e impedi que fosse jogada dentro.

- Nem morta! Vocês irão precisar de bem mais para me levar daqui. - rugi irritada e tentei debater-me.

Eles eram fortes. Muito fortes na verdade, pois isso não deu muito certo e eu acabei de cara no banco.

Eles deram uma risada vitoriosa, mas que logo se silenciou com um baque forte da cabeça de um deles na porta do carro.

- Idiota! - Oliver surgiu por trás do cara que caiu no chão.

- Graças às deusas! - sussurrei deixando minha cabeça cair no banco do carro e a cobri com o braço, aliviada.

Arme e Logan deram um jeito nos outros monstros que se aproximaram. Ao perceber a chegada deles uma luta corpo a corpo começou. Eles eram harmônicos e os seus passos pareciam planejados com total destreza. Tornava-se uma obra de arte a união deles até durante a luta.

Morgana era ágil e os seus socos eram certeiros. Raramente ela errava. Era a nossa melhor atiradora, além de uma das melhores em luta. Julgo que seja por seu tutor ter sido um cara duro com ela a sua vida inteira e isso era o reflexo de treino.

Enquanto estávamos hospedados no submundo das Três Luas, resolvemos falar um pouco da nossa infância na Terra. Morgana nos contou o "quão doloroso e revelador" foi o seu amadurecimento ao lado de um tutor apelidado por ela como Capitão.

"Ele era grosso e rude. Algumas vezes eu não suportava o treinamento e ele me trancava no porão da nossa casa, deixando-me sem comida pelo resto do dia. - Sua voz falhou ao falar. - Desisti da escola aos dez anos, pois não aguentava ir á escola e nunca acompanhar o desempenho dos outros alunos. Eu era considerada uma idiota por todos e isso foi à gota d'água. Nunca tive amigos ou conhecidos, pois ele considerava os relacionamentos como um ponto fraco do ser humano. Em contrapartida, aprendi a caçar, matar, lutar, imobilizar, ocultar e a vencer qualquer coisa que passar pelo meu caminho. Até hoje não me perdoo por ter morrido - mesmo que por um curto espaço de tempo- naquele ataque. - sorriu colocando o seu cabelo nervosamente atrás da orelha."
- Acho melhor levantar, precisamos de toda a ajuda necessária, mais deles estão se aproximando.
Sai do banco rapidamente.
-

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Olá galera, espero que gostem. Isso é só o começo do livro e preciso ser sincera, eu não postarei com uma frequência regular. Estou estudando os três turnos do dia então só escrevo quando realmente posso. Perdoe-me por demorar tanto a postar. Agradeço imensamente o carinho e acolhimento dos meus leitores.
Um grande abraço
-GR

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