|4| Pela Lei ou Pelo Punho?

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JUNGKOOK (Mesmo dia, de noite)

Mais um copo vazio à espera de ser cheio sobre o balcão de um bar. Jungkook mantinha-se, já um pouco embriagado, debruçado sobre aquele balcão, perguntando-se a si próprio o porquê da sua avó, que na verdade ele sabia que não era a avó biológica dele mas que sempre a tratara como tal, o desprezava tanto. Sempre viveram sob o mesmo teto e ela nunca o valorizara, por mais favores ou demonstrações de afeto que havia feito. A única coisa que ele queria era o seu reconhecimento enquanto neto.

O barman voltara a encher o copo e Jungkook levou este até a boca, e com um único gole as lembranças do que acontecera mais cedo nesse dia voltaram a preencher os seus pensamentos.

Estavam os dois, ele e aquela senhora, sua suposta avó, no gabinete dela. Ela era a presidente de uma grande empresa chamada Star Group, a empresa de negócios mais famosa do país, e Jungkook, como filho do seu filho ilegítimo, era o herdeiro daquela empresa.

A presidente estava sentada num sofá do seu gabinete enquanto Jungkook ficava de pé. Enfrentando o olhar de desinteresse da mesma, Jungkook começou a falar.

"Eu investiguei sobre a ligação feita na noite passada." Isto fora o suficiente para despertar o seu interesse. "Foi feita em Manila, Filipinas, a partir de um telefone público."

"Filipinas?" Ela pergunta espantada.

"Sim, das Filipinas, parece que ultimamente existem grandes golpes por telefone, pessoas que fingem recolher dados sobre famílias com grande porte de dinheiro e pedem resgates ou ameaçam espalhar certas informações. Eu acho que era melhor ignorarmos o telefonema de ontem, vó."

"O quê? Ignorar? Se o Jung Soo estivesse aqui, achas que me ias chamar de avó?"

"O quê?" Questiona voltando a sentir-se mal por mais uma vez aquela pessoa não o reconhecer como um neto.

"Porque é que o meu filho e a minha nora morreram? Porque é que o meu único neto foi sequestrado? Foi tudo por causa da tua festa de anos! Como é que podes dizer para eu ignorar uma pista sobre o meu neto, quando sabes que foi tudo por causa da tua festa de aniversário?!"

Estas foram as últimas palavras que ficaram gravadas na sua memória. Ela culpava-o por tudo o que lhe tinha acontecido, por todas as pessoas que ela tinha perdido. Mas como podia a culpa ser dele? Ele tinha apenas dois anos quando tudo aconteceu. Um bebé não ia matar ou raptar ninguém. Por mais que Jungkook entendesse a dor que ela sentia ao perder três entes queridos, ele não entendia porque é que era a ele que ela culpava.

Levando uma vez mais o copo aos lábios, Jungkook bebeu o resto da bebida que se encontrava lá dentro, pousando de seguida o copo em cima do balcão. Levantou-se do seu lugar e com os sentidos que lhe restavam tentou manter-se de pé. Andou por entre mesas e cadeiras para tentar sair daquele estabelecimento mas sem se aperceber alguém atravessou-se-lhe no caminho e ele tombou para o lado, amparado por um pilar que se encontrava à sua direita.

"Mas o que é isto?!" O homem contra quem Jungkook embateu reclama.

Jungkook volta a equilibrar-se e pede desculpa continuando com o seu caminho, porém o homem tenta ir atrás dele, mas um outro homem, que estava com ele, impede-o, puxando-o para trás. "Hoje não é um bom dia, vamos apenas beber e ir embora." Ele profere fazendo com que o outro se sentasse.

Ao sair dali entrou num elevador que o levou até ao parque de estacionamento, mas ao saber que não estava em condições de conduzir, ligou para uma empresa de motoristas substitutos para que o viessem buscar.

Olhou para o relógio, os ponteiros deste marcavam 23:41. O motorista não devia demorar muito mais tempo. Com o casaco do smoking cinzento pendurado por uma das suas mãos, ele andou um pouco mais em direção ao seu carro. Os olhos pesavam-lhe devido à bebida, e algumas tonturas, causadas pela mesma, atacavam-no.

Inside Out » kthOnde histórias criam vida. Descubra agora