|1| Primeiras Impressões

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Através das minhas pálpebras comecei a notar a claridade vinda do outro lado da janela, fazendo com que eu acordasse. Levei as minhas mãos à cara e assim abri lentamente os olhos. Por entre os espaços entre os meus dedos reparei que me tinha esquecido de descer a persiana e devido a isso o meu quarto estava repleto de luz. Era algo que não me agradava pois os meus olhos demoravam sempre algum tempo até se habituarem a toda aquela luminosidade.

Voltei a fechar os olhos e estendi os braços sobre o colchão dando um último suspiro antes de me levantar. Ninguém merece. Pensei. Estava a morrer de sono pois tinha passado a noite inteira no computador à procura de possíveis empregos, mas nada. Com a ajuda dos meus cotovelos e mãos sentei-me sobre a cama sendo atacada por um bocejo. Levei as mãos ao cabelo e coloquei o mesmo atrás das orelhas. Estava tão morta. Só me apetecia voltar a dormir.

Fiquei a olhar para o chão sem estar a pensar em algo, a minha mente estava em branco naquele momento. Fiz um esforço e levantei-me por completo da cama elevando os braços no ar para me espreguiçar, e de seguida fui à casa de banho.

Em frente do espelho existia uma rapariga de estrutura média, não era gorda nem muito magra, tinha a pele um pouco clara e cabelo castanho-claro, um pouco comprido. Entre o mesmo havia uma grande falta de cabelo originada pelo stresse de não arranjar emprego. Devido a isso, eu tenho de usar uma peruca até que o meu cabelo volte a nascer. É uma peruca curta, que me dá pelos ombros, e a sua tonalidade é diferente do meu verdadeiro cabelo, pois é bem mais escura, contendo também uma franja. Mas eu já estava habituada a usar aquilo, chegando mesmo a dormir com a mesma maior parte das vezes. Mas não é uma peruca qualquer pois é feita de cabelo verdadeiro, o que ajuda às pessoas a não perceberem de que não se trata do meu cabelo.

Para além desse meu problema, eu não conseguia mais viver perto da minha família. O meu suposto quarto tinha sido transformado num roupeiro para a minha irmã Min Ji que é um dois mais velha que eu, tendo então 22 anos. Os meus pais sempre lhe deram mais atenção pois ela era e é a filha perfeita, a que conseguiu arranjar um bom emprego. E diferente de mim, ela é bonita e todos gostam de estar perto dela, enquanto eu sou feia e tenho bochechas um pouco gordas. Ninguém gosta de mim também pela minha personalidade, às vezes falo alto, sou brusca com as pessoas e um pouco desastrada, mas o pior de tudo é que não consigo sequer ajudar os meus pais financeiramente porque não consigo manter um trabalho por muito tempo.

Por não suportar mais viver naquela casa eu mudei-me para uma cobertura existente no terraço do nosso prédio. A cobertura é constituída apenas pelo quarto em si e uma casa de banho, mas não preciso de mais, sempre que preciso de cozinhar algo desço as escadas e entro na casa dos meus pais.

Eu gosto da tranquilidade que tenho aqui em cima. E o terraço é todo ele vedado por um muro que me dá pelo abdómen. É bastante grande e com bastante espaço. Decorei-o a minha maneira, cheio de vasos com diversas plantas diferentes, uma pequena estufa, uma mesa de madeira retangular com algumas cadeiras, e um sofá de dois lugares castanho-escuro.

O melhor é que as escadas do prédio são do lado de fora, então faz com que pareça uma vivenda com três andares. No rés-do-chão existe uma grande loja de conveniência, e depois, se subirmos as primeiras escadas, darão até ao primeiro andar, onde vive a minha família, mas se subirmos um pouco mais encontramos a cobertura onde vivo.

Apanhei o cabelo num rabo-de-cavalo e pu-lo dentro de uma rede de cabelo própria para perucas, colocando seguidamente a peruca por cima da mesma, ajeitando-a para que não ficasse torta.

Deixo-me estar de pijama e saio da casa de banho reparando, agora que estava um pouco mais acordada, que tinha o quarto numa bagunça, era roupa espalhada por todo o lado. Tinha que fazer algo em relação aquilo, mas primeiro...

Inside Out » kthOnde histórias criam vida. Descubra agora